Não Consigo Criar o Hábito de Estudar! E Agora?

Tudo conspira para que deixemos os estudos para depois. Saiba como criar o hábito de estudar e como abandonar as atividades prejudiciais.

Escuto todos os dias pessoas que têm dificuldades de se manterem motivadas a estudar. As queixas são sempre parecidas: sem tempo para estudar por conta da rotina pesada, cansaço, falta de atenção, desmotivação, hábitos ruins que dificultam…

Isso soa familiar a você, concurseiro? Tenho certeza de que sim. Todos temos que manter nossas vidas e nem sempre temos aquela injeção de ânimo para nos mantermos bem na preparação para os concursos.

Parece sempre que a rotina nos empurra para o marasmo, para a comodidade… É muito mais gostoso ficar um final de semana inteiro assistindo a Netflix do que sentado com a cara nos livros, não é mesmo? Tem momentos em que é extremamente difícil até levantar da cama, só queremos nosso cobertor…

Todos nós já ficamos assim algumas vezes na vida, não é verdade?

Esse tipo de coisa nos aflige, nos faz procrastinar os estudos – ou qualquer atividade – e, quando nos damos conta, perdemos um tempão e acumulamos uma pá de coisas para estudarmos… Isso quando já não passou a prova e sequer conseguimos nos preparar.

Mas não se preocupe, isso é totalmente normal. Todas as pessoas, não só as que estudam, passam por esses momentos, em que a vida parece nos puxar para a preguiça e o comodismo. Nosso cérebro funciona dessa maneira, sabotando-nos sempre que tentamos abandonar ou criar hábitos. Portanto, sabemos que pode ser complicado obter o hábito de estudar. Inserir os estudos diários na nossa rotina parece uma tarefa impossível, sempre há alguma outra coisa que impede sua execução.

Por isso, mostraremos a você porque isso acontece conosco e como se livrar dos maus hábitos para obter o de estudar diariamente. Simbora!

COMO NOSSO CÉREBRO FUNCIONA?

Entender o funcionamento do cérebro é primordial para compreender os hábitos.

O cérebro humano possui células que provocam os impulsos nervosos, gerando estímulos ao organismo, os chamados neurônios. Cada cérebro possui, em média, 100 bilhões de neurônios, o que transmite a complexidade do órgão.

Imagine, portanto, a quantidade de energia necessária para alimentar todos esses 100 bilhões de células… O corpo humano possui uma tendência natural à inércia, ou seja, quanto menos energia gasta, melhor para sua sobrevivência.

Isso se reflete na criação ou abandono de hábitos, pois, segundo o psicólogo e professor da PUC-SP, Antonio Carlos Amador Pereira, os hábitos consistem em “comportamentos há bastante tempo instalados e que são repetidos sistematicamente, até sem pensar”.

Nesse sentido, o hábito tem a ver com o menor gasto de energia possível. O indivíduo está tão acostumado a realizar determinada tarefa que ela se torna natural, automática. Pense no que você faz quando chega à sua casa no fim do dia: tira os sapatos, toma um banho, se joga no sofá… Tudo isso no piloto automático, sem pensar ou sentir!

Pense no seu despertar: você acorda, coloca seus chinelos, levanta da cama, escova os dentes, toma banho, veste sua roupa e toma seu café da manhã. Para nada disso você precisou de planejamento ou algo parecido, pois é um hábito.

Logo, mudar ou criar um hábito pode ser muito difícil, uma vez que demanda um maior gasto de energia. Por isso que seu cérebro te sabota, e por essa razão que parece que teremos que mover montanhas para integrar aquela atividade no nosso dia-a-dia. Afinal, essa é uma ferramenta de estabilização cerebral.

Mudar significa tirar equilíbrio do cérebro. Por isso é tão estressante quando algo sai da nossa rotina ou quando precisamos mudá-la. Nosso cérebro produz medo, angústia, ansiedade, estresse. Tudo isso são formas de nos manter inertes às alterações em nossas vidas.

Quem nunca decidiu iniciar uma dieta e, logo na primeira semana, achou que iria enlouquecer? E você que sempre diz que irá se matricular na academia, mas nunca realmente vai, pois sempre bate aquela preguiça… Tudo isso é o seu cérebro sabotando seus planos de mudança!

Mas não se engane: é difícil mudar ou criar um hábito, mas não é nada impossível. Agora, mostraremos como você pode fazer isso.

COMO ABANDONAR UM HÁBITO QUE PREJUDICA MEUS ESTUDOS?

Boneco de brinquedo imitando um faxineiro.

Ok, já entendemos como funciona nosso cérebro com relação aos hábitos: menor gasto de energia representa uma melhor forma de sobrevivência. Porém, como podemos burlar essa mecânica?

O Doutor em Psicologia Médica pelo Laboratório de Neurociência das UNIFESP, Pedro Calabrez, nos explica que o hábito possui três dimensões: (i) uma relativa ao gatilho que aciona essa conduta, (ii) uma segunda que representa o comportamento, a rotina propriamente dita e, por último, (iii) a recompensa obtida através esse comportamento.

Nesse sentido, o primeiro passo para aniquilar o hábito ruim é identificar o gatilho, ou seja, aquilo que desencadeia o comportamento. Após, verificar qual a recompensa obtida por meio deste comportamento, para só então trabalhar em cima da mudança. Vejamos um exemplo:

Imaginemos que você resolveu dedicar suas noites, assim que chega do trabalho, para estudar. Só que você chega exaurido, cansado e a primeira coisa que faz é deitar na sua cama, pegar seu celular e começar a ver uma centena de vídeos engraçados no YouTube. Quando se dá conta, já passa de 00h e você precisa dormir. Tudo isso reiteradamente por meses.

Então, qual é o gatilho? Neste caso, é o ato de se deitar na cama tão logo chega à casa, uma vez que isso desencadeia o ato de puxar o celular para iniciar o hábito prejudicial.

Adiante: qual seria a recompensa? O entretenimento, a sensação de prazer que os vídeos te trazem, que fazem com que sequer tenha noção do tempo.

Dessa forma, podemos iniciar o processo de “cura” desse mau hábito. Primeiro, evitar o gatilho, que é deitar-se na cama logo de cara. Nesse caso, seria interessante tomar um banho, sentar-se à mesa e pegar outra coisa que não seja o celular, talvez um livro, ou ouvir uma música. Inibindo o gatilho, não teremos o comportamento, nem a recompensa.

Então, podemos tentar estudar. Seu cérebro irá desejar deitar na cama, mas você lutará contra isso, porque percebeu os prejuízos. Provavelmente se sentirá desgastado, estressado devido ao maior gasto de energia, mas é preciso continuar repetindo esse procedimento diariamente.

A fim de se manter empenhado nessa tarefa, preservar sempre esses mesmos passos pode tornar tudo monótono, portanto, mesclar outras alternativas é algo atrativo. Em vez de pegar um livro, comece a escrever. No lugar de se sentar à mesa, sente-se na varanda ou algo semelhante.

Com o passar dos dias seu cérebro irá se acostumar e o hábito ruim será desligado do seu organismo.

COMO ESTUDAR PODE VIRAR UM HÁBITO?

Pontos de interrogação luminosos.

O mecanismo para abandonar hábitos é parecido com o de criar novos. Geralmente, um vem acompanhado do outro. Lembra o esquema de gatilho, comportamento e recompensa? Quando desejamos abandonar um hábito, tentamos inibir tudo isso. Mas já que desejamos criar, iremos estimulá-los.

Primeiramente, qual comportamento queremos que vire hábito? Estudar. Sendo assim, precisamos de um gatilho que envie ao cérebro a informação de que a partir dali é o momento dos estudos. Comece revendo todas as suas atividades diárias. Dessa maneira você identificará os horários disponíveis para estudar. Planeje e organize sua rotina e seus estudos!

A partir disso, obtenha um gatilho: pode ser o café da manhã, o banho, enfim, algo que você sempre fará antes de iniciar os estudos. A prática reiterada disso fará com que seu cérebro perceba que, após aquele momento, é hora de estudar.

Então, escolha um ambiente e um horário para desempenhar suas atividades. Suponhamos que seja na mesa da sala, a partir das 8h da manhã. Quando acordar, tomar banho ou tomar café (dependendo do gatilho escolhido), e der 8h, pronto, comece a estudar. Estabeleça um cronograma regular de estudos!

Agora, qual será a recompensa? Primeiramente, a sensação de dever cumprido, de satisfação. No entanto, você pode estabelecer alguma outra forma de recompensar a si mesmo, como ouvir músicas que gosta, comer uma comida de sua preferência, etc.

Certamente, você perceberá que com o passar dos dias seu corpo irá cobrar o momento de estudos. O importante é manter essa prática diariamente para incorporar à sua rotina. Seja persistente!

DICAS EXTRAS

Homem-palito com uma lâmpada brilhante sobre a cabeça representando alguém que teve uma ideia.

É extremamente importante se manter focado em afastar os maus hábitos para conseguir focar nos estudos. Para isso, te daremos algumas dicas preciosas. Saiba que o início será complicado, pois seu cérebro fará de tudo para sabotá-lo. Você se sentirá cansado, desmotivado, estressado e desejará abandonar, ainda que só um pouquinho, o seu projeto de mudança.

Para isso, faça pequenas alterações nas medidas que decidiu tomar para inibir os comportamentos ruins: se planejou ir pela rua da direita todos os dias, vá por outra rua que dê no mesmo lugar. Isso oxigenará seu cérebro e tirará a monotonia!

Você pode, também, transformar tudo à sua volta em aliados: o celularo tablet, o computador, sua família, um mural no seu quarto, enfim, qualquer coisa que possa te ajudar a vencer esse desafio. Aqui no MJ, nós temos vários posts com dicas preciosas para você.

Além disso, tenha paciência e saiba que nada será rápido. Um passo de cada vez: força de vontade será primordial para abandonar hábitos ruins. Seja persistente: em média, as ações levam 66 dias para se tornarem hábitos. Quando menos esperar, estará estudando da mesma forma como escova os dentes pela manhã!

😉

O importante é dar o primeiro passo para então manter o foco. Faça mesmo que não esteja com vontade, nade contra a maré e mande um recado para seu cérebro: sou eu quem manda aqui! Tenho certeza de que irá conseguir! 

Mãos à obra e bons estudos!

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