Concurseiro ou Empreendedor? Abrace o fracasso!

É de Reid Hoffman uma frase muita citada no mundo do empreendedorismo: “se você não está constrangido com a primeira versão de seu produto, é porque demorou muito a lançá-lo”.

A mensagem por trás disso é muito clara: por melhor que seja, um produto que está presente apenas na mente do seu criador não é nada. Planos, todo mundo tem. Ideias vêm e vão: o que vale é a execução.

De fato, a concepção mais difundida no mundo dos negócios e das chamadas startups é a de que para vingar, uma ideia tem de ser executada rapidamente, ainda que sob a forma de um protótipo, ou de um chamado “produto viável mínimo” (MVP, do original Minimum Viable Product, concebido por Eric Ries no livro campeão de vendas The Lean Startup ou A Startup Enxuta).

Nenhum teste de validação de um produto estará finalizado sem que o público para o qual foi concebido seja chamado a se manifestar e opinar. Lançando um produto com as mínimas características necessárias a despertar o interesse inicial do consumidor, o empreendedor poderá encontrar a resposta necessária para saber em que deverá aperfeiçoá-lo, evitando perder tempo e dinheiro com funcionalidades que ninguém quer ou precisa.

Quando lançou o Dropbox, Drew Houston sequer tinha um produto. Apenas criou um website e nele publicou um vídeo simulando as funcionalidades que tinha em mente para uma nuvem de armazenamento de arquivos virtuais. A partir daí começou a armazenar emails de interessados em uma lista de espera e em pouco tempo chegou à incrível marca de 75 mil emails capturados: ficou óbvio que valia a pena investir na construção do produto.

Sou concurseiro, não empreendedor!

Ok, já imagino. Você chegou até aqui e está se perguntando: mas que diabos isso tem a ver com o estudo para concurso público?

Deixe eu te dizer uma coisa: TEM TUDO A VER!

Você está dirigindo tempo, esforço e dinheiro à consecução do seu objetivo, certo? Pois saiba que VOCÊ É UM EMPREENDEDOR.

Muda aqui, muda ali, o processo é sempre o mesmo: derrota atrás de derrota, anos de esforço, perseverança, resiliência e superação, até que o resultado positivo seja finalmente alcançado.

Convencido? Ótimo. Agora eu posso te mostrar como aplicar as teses de Reid Hoffman e de Eric Ries ao nosso universo de preparação para concursos.

O "MVP" do concurseiro

O lançamento de um produto mínimo viável corresponde, nessa dinâmica, à situação em que o candidato se inscreve em um concurso público mesmo com pouco tempo de preparo. Do mesmo modo que um empresário não pode esperar que seu produto recém criado caia imediatamente no gosto das massas, o estudante não pode almejar aprovação nas primeiras provas que faz.

Ainda assim, há muito o que aprender com as reprovações iniciais:

  • como é o estilo de prova
  • quais os pontos mais cobrados
  • qual o esquema de estudo adequado à carreira buscada
  • letra de lei? foco em doutrina? jurisprudência?
  • em qual matéria estou mais fraco
  • etc

Mas não é tudo. Quanto mais provas fizer, mais “curtido” você ficará em outros quesitos fundamentais como controle mental e administração de tempo.

Essa quilometragem irá te ajudar a burilar o estudo e a montar um sistema de preparação inteligente, com ganho de eficiência.

Assim como um empreendedor não deve perder tempo desenvolvendo funcionalidades que o consumidor não espera de um produto, você também não irá descer a fundo no estudo de temas que são pouco exigidos no tipo de prova que está fazendo.

Por outro lado, aquilo que desperta mais fortemente o interesse do examinador será exatamente o principal alvo de sua preparação, do mesmo modo que o empreendedor terá de montar o seu produto do jeito que o público consumidor deseja.

As reprovações como parte necessária da caminhada

Dadá Maravilha dizia: "não existe gol feio; feio é não fazer gol...". Nenhuma derrota em concurso, nenhum resultado constrangedor, nenhuma nota baixa serão tão nocivos à sua preparação quanto deixar de fazer a prova por se sentir despreparado.

Se uma criança for impedida de dar os primeiros passos por conta do risco de se machucar na queda, nunca aprenderá a andar. Abrace o fracasso, como uma etapa necessária do percurso. Aprenda com ele e nunca se deixe abalar.

A preparação para concurso se faz de maneira intensa e focada, mas com ajustes, adaptações e correções de rumo que só cessam com a aprovação. Até lá, o caminho deve ser trilhado com paciência e perseverança, mas, acima de tudo, submetendo o estudo ao teste implacável do concurso público.

E se você se constrangeu com os seus resultados iniciais, sinta-se consolado com o fato de estar na trilha certa. Pior seria se não estivesse ganhando essa experiência e promovendo os devidos ajustes no seu método.

Em suma, não tema o fracasso. Tema estar, em um ano, no mesmo estágio de preparação em que está agora.

Pronto?

Então...ponha o seu estudo à prova! Depois, me conte como foi.

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