Questão 20 da prova azul do primeiro dia do Enem 2024

Sempre passo nervoso quando leio minha crônica neste jornal e percebo que escapuliu a palavra “coisa” em alguma frase. Acontece que “coisa” está entre as coisas mais deliciosas do mundo.

O primeiro banho da minha filha foi embalado pela minha voz dizendo, ao fundo, “cuidado, ela ainda é uma
coisinha tão pequena”. “Viu só que amor? Nunca vi coisa assim”. O amor que não dá conta de explicação é “a coisa” em seu esplendor e excelência. “Alguma coisa acontece no meu coração” é a frase mais bonita que alguém já disse sobre São Paulo. E quando Caetano, citado aqui pela terceira vez pra defender a dimensão poética da coisa, diz “coisa linda”, nós sabemos que nenhuma palavra definiria de forma mais profunda e literária o quão bela e amada uma coisa pode ser.

“Coisar” é verbo de quem está com pressa ou tem lapsos de memória. É pra quando “mexe qualquer coisa dentro doida”. E que coisa magnífica poder se expressar  tal qual Caetano Veloso. Agora chega, porque “esse papo já tá qualquer coisa” e eu já tô “pra lá de Marrakech”.

TATI BERNARDI. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

O recurso utilizado na progressão textual para garantir a unidade temática dessa crônica é a

  1. intertextualidade, marcada pela citação de versos de letras de canções.
  2. metalinguagem, marcada pela referência à escrita de crônicas pela autora.
  3. reiteração, marcada pela repetição de uma determinada palavra e de seus cognatos.
  4. conexão, marcada pela presença dos conectores lógicos “quando” e “porque” entre orações.
  5. pronominalização, marcada pela retomada de “minha filha” e “um namorado ruim” pelos pronomes “ela” e “lo”.

Gabarito da questão

Opção A

Questões correspondentes

45 08 33

Comentário da questão

No texto, Tati Bernardi faz referências diretas a letras de músicas famosas, o que caracteriza a intertextualidade — um recurso em que o autor insere citações, referências ou alusões a outras obras dentro de seu próprio texto. Neste caso, a crônica menciona frases como “Alguma coisa acontece no meu coração” (da música “Sampa”, de Caetano Veloso) e “pra lá de Marrakesh” (também uma referência a Caetano Veloso), além de “coisa linda” e “mexe qualquer coisa aí dentro doida”, que também remetem a versos e expressões da obra de Caetano.

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