Questão 24 da prova azul do primeiro dia do Enem 2024

— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!

Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.

— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê?

Azevedo Gondim respondeu que não pode porque
não pode.

— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009.

Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena um debate acerca da escrita que

  1. diferencia a produção artística do registro padrão da língua.
  2. aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco prestígio.
  3. defende a relação entre a fala e o estilo literário de um autor.
  4. contrapõe o preciosismo linguístico a situações de coloquialidade.
  5. associa o uso da norma culta à ocorrência de desentendimentos pessoais.

Gabarito da questão

Opção D

Questões correspondentes

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Comentário da questão

O fragmento contrapõe a ideia de um preciosismo literário defendido por Azevedo Gondim à linguagem coloquial, evidenciando a tensão entre a escrita formal e a linguagem cotidiana.

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