Questão 84 da prova azul do primeiro dia do Enem 2024
TEXTO I
O bufarinheiro, conhecido nas cidades por teque-teque, chama-se, nos recônditos da Amazônia, “regatão”. Em lugar de transportar nas costas o mundo de miudezas, transporta-o no bojo de uma gaiola que desloca duas, três, quatro toneladas, divididas em seções de secos e molhados e é movido por remo
de faia. Cortando comunidades e matas da Amazônia por rios, dentro dessas gaiolas, riscadas de prateleiras, encontram-se os artigos mais díspares, que vão da agulha à espingarda, do lenço ao cobertor, da chita à escova de dentes.
MORAES, R. Na Planície Amazônica. São Paulo:Editora Nacional, 1936 (adaptado).
TEXTO II
No século XIX, o comércio dos regatões era feito, então, com base em relações tecidas com quilombolas, pequenos produtores, comerciantes locais e indígenas, constituindo relação comercial alternativa ao abastecimento da população.
HENRIQUE, M. C.; MORAIS, L. T. Estradas líquidas, comércio sólido: índios e regatões na Amazônia (século XIX). Rev. Hist., n. 171, jul.-dez. 2014 (adaptado).
Como parte do patrimônio cultural da Amazônia, o regatão foi fundamental, no século XIX, para a
- organização de rotas de fuga na floresta tropical.
- criação de postos de trabalho nos seringais nortistas.
- divulgação de receitas de fármacos nas zonas ribeirinhas.
- construção de redes de sociabilidade no interior brasileiro.
- ampliação de ambientes de lazer nos territórios autóctones.
Gabarito da questão
Opção D
Os textos explicam o papel do “regatão” no século XIX, que atuava como comerciante itinerante, transportando produtos e facilitando o intercâmbio entre comunidades isoladas na Amazônia, incluindo indígenas e quilombolas. Esse comércio itinerante possibilitava não apenas o abastecimento de produtos, mas também a construção de laços sociais e comerciais, criando uma rede de sociabilidade essencial para a vida no interior da região.