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Questão 76
Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada pela aparente ausência de propósitos, é a verdadeira cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo todas as formas de campos de concentração. Vistos de fora, os campos e o que neles acontece só podem ser descritos com imagens extraterrenas, como se a vida fosse neles separada das finalidades deste mundo. Mais que o arame farpado, é a irrealidade dos detentos que ele confina que provoca uma crueldade tão incrível que termina levando à aceitação do extermínio como solução perfeitamente normal.
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (adaptado).
A partir da análise da autora, no encontro das temporalidades históricas, evidencia-se uma crítica à naturalização do(a):
- ideário nacional, que legitima as desigualdades sociais.
- alienação ideológica, que justifica as ações individuais.
- cosmologia religiosa, que sustenta as tradições hierárquicas.
- segregação humana, que fundamenta os projetos biopolíticos.
- enquadramento cultural, que favorece os comportamentos punitivos.
Comentário da questão
Em sua obra “A origem do totalitarismo” Hannah Arendt vai criticar a banalização do mal a partir da segregação humana. Essa segregação é alimentada pela biopolítica – políticas de adestramento da vida humana.