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Introdução à teoria do conflito

Módulo sobre introdução à teoria do conflito.

O conflito para Marx

O conflito para Weber

Teorias do consenso

A abordagem a partir do conflito é tradicional na Sociologia. Várias teorias se propuseram a observar a sociedade a partir do conflito. Marxismo, feminismo,diversas perspectivas weberianas e muitas outras – todas essas vertentes trazem em algum nível uma teoria do conflito. As teorias do conflito tratam das estruturas sociais e suas interações, tensões e rivalidades crônicas que eventualmente eclodem em violência. Muitas essas teorias, como por exemplo o marxismo, condicionam a mudança social ao conflito. Vejamos o conflito nos dois clássicos da Sociologia que adotam essa perspectiva.

Marx

O conflito, para Marx, mesmo antes da tomada de consciência por parte do proletariado, expressa a luta de classes. Utilizando o conceito de classe social, Marx aponta para a estratificação social altamente desigual produzida pelo modo de produção capitalista, onde a realidade material contraria os ideias de igualdade política e jurídica do liberalismo, principal corrente filosófica em que se baseia o capitalismo. O filósofo afirma que esses conceitos, no interior do liberalismo, estão submetidos aos interesses da elite. Ou seja, a economia de livre-mercado e o sistema político mais difundido na modernidade, a democracia representativa, estão comprometidos desde seu surgimento. A posição que o indivíduo ocupa nas relações de produção é que definirão se esse indivíduo terá acesso à liberdade e justiça. O problema é que, no liberalismo, esses direitos são inalienáveis. Isso gera uma contradição de partida, na medida em que a expressão material (capitalismo) da ideia (liberalismo) produz o efeito contrário da intenção inicial.  

As relações de produção capitalistas produzem duas classes sociais distintas, os detentores dos meios de produção protegida legalmente pela ideia de propriedade privada, a burguesia, e aqueles que nada possuem além de sua capacidade de produzir riqueza, o proletariado.  Essas classes estão em constante conflito porque os burgueses visam sempre maximizar o lucro (o acúmulo é o fim do capitalismo) enquanto o proletariado luta por condições minimamente dignas de existência.

Apesar de assumir a existência de outras classes sociais, como pequenos produtores rurais e comerciários, Marx centra sua análise na burguesia e no proletariado por entender que a principal tensão (que pode produzir uma transformação social) ocorre entre as duas.

Weber

A definição de poder que encontramos no pensamento de Weber não é original, mas a forma como ele articula o poder à organização da sociedade, ao Estado e à modernidade é, e muito. Weber segue a noção realista de que o poder é a capacidade de impor sua vontade a outra pessoa, fazendo com que ela se comporte tal qual seu desejo. Essa definição não restringe que tipo de poder (e força) será usada, nem exige que haja obediência. A política se constituí então como a luta pela participação no poder ou por influência sobre sua repartição. Mas é claro que o poder repressivo e impositivo tem pouca chance de se manter por longos períodos e é aí que a questão da obediência entra. Weber afirma que há tipos de exercício do poder legítimas e ilegítimas. O poder é legítimo quando é exercido com a aceitação daqueles submetidos a ele. Weber chama esse fenômeno de dominação. A dominação é então um poder que encontra obediência do dominado, pelo reconhecimento da autoridade do dominante, o que confere legitimidade à relação. Mas esse processo de convencimento que leva a obediência não é tão simples, ele deve ser trabalho constantemente para garantir o exercício do poder e pode se manifestar de formas diferentes. Weber elenca três:


Dominação Tradicional – Baseada no costume, quando obedecer se consolidou como um hábito e não é mais questionado. Na dominação tradicional parece estranho deixar de obedecer, a crença gira em torno de instituições passadas de geração em geração. A legitimidade é conferida por dogmas ou padrões de comportamento arraigados socialmente e inquestionados, como os das relações sociais feudais ou de fenômenos como o patriarcalismo ou coronelismo.


Dominação Carismática – Está fundamentada na crença de que o líder que exerce o poder é dotado de qualidades extraordinárias. O líder é tão “fora da curva” que simplesmente não faz sentido deixar de o obedecer. Seja lá qual for o problema a ser enfrentado pelo grupo, o líder providenciará a melhor solução pelas suas capacidades incomparáveis. Repare que se trata de uma crença. Nesse tipo de dominação o que é necessário é que o líder convença seus liderados de suas habilidades e não que as demonstre constantemente. Pode ser que, por coincidência, em algum momento o líder faça tal demonstração, o que não significa que ele realmente é portador de tais dotes.


Dominação racional-legal – Aqui temos uma dominação baseada num processo racional que produz um conjunto de leis que regerá o exercício do poder. Mais uma vez, essa dominação se baseia numa crença, mas em um tipo de crença diferente. Compreendida como fruto da racionalidade da sociedade moderna, a lei se torna por excelência a norma que controlará a ação dos indivíduos. Somos convencidos que seguir a lei é necessário para manter o tecido social e que a transgredir tem consequências negativas até para nós. Assim, mesmo que contra nossos interesses ou vontades, nos submetemos a dominação da lei, não porque essa é uma inspiração divina ou apresenta dotes sobrenaturais, mas porque é, supostamente, racional. 

Weber afirma que a dominação racional-legal é típica das sociedades modernas e que é base da formação do Estado moderno. Weber também apresenta uma conceituação para o que acredita ser o Estado moderno, conceituação já clássica da Ciência Política e muito utilizada até hoje. Para Weber, um Estado constitui uma relação de dominação entre homens, ou seja, relações sociais decorrem em seu interior, relações essas que são regidas por violência legítima monopolizada por esse Estado dentro daquilo que declara ser seu território. Além disso, o Estado funciona como uma empresa, ou seja, é dotado da racionalidade típica da organização de um empreendimento capitalista, uma organizaç