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Antecedentes da Segunda Revolução Industrial

Neste vídeo falamos sobre os antecedentes da Segunda Revolução Industrial, como o panorama à época influenciou esse fenômeno e os países que participaram disso.

Tipos de Industrialização

Capitalismo Financeiro

Capitalismo Monopolista

Protecionismo Alfandegário

A expansão da Revolução Industrial

A revolução industrial não se disseminou pelo ocidente ao mesmo tempo, pois, em alguns países como a Alemanha, Itália e Rússia as máquinas chegaram depois da metade do século XIX. Esse “atraso” na circulação das novidades e ideias da revolução em muitos países pode ser compreendido principalmente por questões políticas, visto que Alemanha e Itália, por exemplo, estavam divididas em pequenos principados e somente com a  unificação que os projetos de modernização econômica que já estavam em vigor se consolidaram.


No caso do Brasil, um surto industrial ocorreu no país ainda no século XIX, por incentivo de D. Pedro II e do Barão de Mauá, porém as indústrias cresceram e se estabilizaram definitivamente apenas no século XX, principalmente nos períodos das grandes guerras, para substituir a falta de produtos vindos da Europa. O movimento operário se solidificou mais no século XX, quando os imigrantes trouxeram as ideias comunistas, socialistas e anarquistas. Esse movimento operário organizou a Greve Geral de 1917, após a morte de um sapateiro espanhol. A greve foi tão violenta que os bairros do Brás e Mooca (tradicionalmente operários) ficaram sob o controle dos grevistas e o governo do estado se mudou provisoriamente para São José dos Campos.


A 2º fase da Revolução industrial (1850-1945)

Assim, tendo em vista essa diferença temporal na expansão da revolução pelo mundo, podemos caracterizar como uma primeira fase da revolução industrial o período que começa no final do século XVIII e concentra na Inglaterra (penetrando também na França em seguida) o desenvolvimento, a invenção da máquina a vapor (que trouxe o trem e o navio com motores a vapor para suprir as necessidades logísticas), o uso do carvão mineral e vegetal como forma de combustível para as caldeiras e o minério de ferro como matéria prima. 

A segunda fase, portanto, aconteceu em meados do século XIX, com a invenção dos motores a combustão, e terminou por volta da 2ª Guerra Mundial. Essa fase, diferente da primeira, teve uma expansão muito maior pelo mundo, alcançando não só a Europa, com a Itália, Alemanha, Bélgica e Rússia, mas também o Japão, após a Revolução Meiji e os Estados Unidos, que já no fim do XIX consolidava sua indústria.

Quanto a matriz energética utilizada, apesar da importância da descoberta do petróleo, possibilitando uma intensidade muito maior que o carvão nas operações industriais, outras matrizes foram essenciais para desencadear a revolução e para as mudanças culturais e sociais ao redor do mundo, sendo elas, o uso da eletricidade a de maior destaque. A eletricidade contribuiu, sobretudo, para um desenvolvimento dos meios de comunicações, com a invenção do rádio, do telégrafo e do cinema e impactou na oferta de entretenimento para as pessoas. 

Quanto aos materiais utilizados para fabricação de produtos, se a primeira fase utilizou muito o ferro, agora, o processo Bressemer permitia de forma barata a transformação do ferro em aço. O aço, assim, foi um componente fundamental nessa fase, pois contribuiu para o avanço dos transportes, principalmente com a construção de navios e trens maiores e pontes e ferrovias mais resistentes. Esse processo, inclusive, demonstra o desenvolvimento de outro setor importantíssimo para a 2ª fase, que é a indústria química, muito presente na produção de drogas, armas e componentes utilizados industrialmente.

Naturalmente, todo esse processo de modificação da vida urbana e dos centros europeus afetou também o campo. A modernização das técnicas agrícolas e a aplicação de novas ferramentas e tecnologias na agricultura tiveram como consequência um ciclo de êxodo rural. Com a falta de trabalho nos campos e o crescimento das indústrias, houve um deslocamento da população camponesa, que passou a compor as massas operárias nos centros industrializados. Sem que a burguesia industrial e o Estado pudessem dar conta desses novos inchaços urbanos, o crescimento de uma população pobre e marginalizada também acabou se tornando uma consequência desse processo. 

 

As novas formas de produção e as relações sociais.

 

Com o crescimento da malha industrial de muitos países, com a potencialização da produção, conquistada pelo motor à combustão, e pelo impacto das novas matrizes energéticas e das novas tecnologias no dia a dia, naturalmente, as relações sociais e de produção também se modificaram.

Primeiro, para ampliar os lucros e abastecer um mercado consumidor que crescia anualmente, era necessário que novas formas de produção fossem aplicadas nas fábricas, assim, o empresário Frederick Winslow Taylor se tornou precursor na racionalização do trabalho industrial. Nesse método, conhecido como taylorismo, havia um trabalho muito mais voltado para intensificar o ritmo da produção e controlar a quantidade e a qualidade dos produtos através do controle total das atividades da máquina e do operário.

Ainda nessa ideia da racionalização, Henry Ford adaptou o taylorismo para uma mecânica nova, conhecida como o fordismo, que imperou nas fábricas do século XX. No fordismo, uma linha de montagem é formada por operários, cada pessoa executa uma operação na criação de um produto que circula pela esteira, até a obtenção do trabalho final.

Desta forma, o taylorismo e o fordismo permitiram um crescimento tão grande da produção industrial que possibilitou muitas empresas a criarem conglomerados, a se expandirem para outros continentes e a dominarem seus mercados. Esse crescimento, enfim, possibilitou inclusive o desenvolvimento do chamado capitalismo monopolista, marcado pelas disputas empresariais e pelas relações predatórias entre países e indústrias.

Nesse modelo capitalista, o capital, muitas vezes, concentrava-se em práticas de formação de monopólios e oligopólios, como as holdings, grandes empresas financeiras que controlam as ações majoritárias de empresas de diferentes setores, ou também os cartéis, que são as associações de empresas diferentes, mas do mesmo ramo, para controlar o mercado e atacar concorrentes e, enfim, os trustes, que é a prática de aliança entre companhias para absorver concorrentes e monopolizar um determinado setor. Evidentemente, essa concentração do capital em grandes complexos industriais e na mão de poucos empresários gerou impactos profundos no mundo do trabalho e nas relações sociais. Com o crescimento da burguesia, consequentemente, a classe operária também se ampliava, mas também se estruturava. 

A luta de casses, ao final do século XIX, entre o proletariado e a burguesia passou a se intensificar cada vez mais, visto que as novas formas de trabalho aprofundavam a exploração do trabalhador nas fábricas. Com técnicas como o fordismo e o taylorismo, o trabalhador convivia com uma especialização do trabalho que o encerrava na mesma função por horas e horas durante a semana, proporcionando, inclusive, a alienação desse funcionário, que não aprendia coisas novas e nem teria tempo para procurar outros trabalhos, estudar ou conviver com outras pessoas.

Esse impacto da nova fase da revolução industrial, no mundo do trabalho, foi fundamental, assim, para o crescimento de novas ideologias que se construíram no século XIX com a classe trabalhadora, como o socialismo e o anarquismo, muito movidos pela formação de sindicatos operários e pela criação de partidos trabalhadores. 

Enfim, vale destacar que, apesar da 2º fase da revolução industrial representar um processo de crescimento da burguesia e do pensamento liberal na Europa, essa fase dependeu muito mais que a primeira da exploração de outros povos para garantir a produção e o consumo. Assim, aliada ao imperialismo, a segunda fase da revolução industrial encontrou sobretudo nas novas colônias europeias na África e na Ásia as matérias primas abundantes, a mão de obra barata e o mercado consumidor extenso necessários para a expansão das indústrias e a criação de grandes monopólios e oligopólios.