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Questão 01 - Dúvida

Acompanhe a resolução da questão sobre dúvida.

Questão 02 - Conhecimento cartesiano

Questão 03 - Cogito cartesiano

Questão 04 - Juízo

Questão 05 - Pensamento cartesiano

Questão 06 - Conhecimento sensitivo

René Descartes é um pensador de um período considerado transitório. Suas ideias ajudaram a formular a Revolução Científica que se estende da Renascença ao Iluminismo. Além dos métodos propostos pelo pensador, uma grande contribuição é a matematização da filosofia. Descartes defendia que todo o pensamento deveria seguir a lógica matemática. Não que pensasse o mundo através dos números, mas que o funcionamento do pensamento matemático deveria ser admitido pela filosofia por completo, onde uma verdade levasse consequentemente à outra pela lógica dedutiva.


Dúvida metódica

Apesar de criticar o ceticismo, Descartes reconhece a importância da dúvida na produção do conhecimento filosófico. Afinal, conhecimento sem reflexão é opinião, não há o que justifique esse conhecimento como verdadeiro. Por isso, Descartes faz uso da dúvida como instrumento, transformando a proposta do ceticismo numa etapa na construção do conhecimento e não na conclusão final sobre ele.

A dúvida de Descartes pode ser chamada de metódica porque é ordenada, lógica, tem um desenvolvimento controlado com um determinado fim. E é radical porque atinge todo o conhecimento que temos. Por isso, a dúvida também pode ser chamada de hiperbólica (exagerada). Para não deixar nada de fora, Descartes duvidou da própria existência. Vamos então as etapas dessa dúvida metódica.


1ª dúvida (argumento dos sentidos): Já fui mais de uma vez enganado por minha sensibilidade. Ora, se os sentidos já me enganaram uma vez, que garantia tenho eu de que não me enganarão novamente?

O que sobrevive: as impressões sensíveis mais fortes (de minha própria existência, por exemplo) 

2ª dúvida (argumento do sonho): Já tive a experiência, inúmeras vezes, de sonhos intensos, que me pareciam profundamente reais. Ora, se já estive dormindo e cria estar dormindo, o que me garante que não estou dormindo agora?

O que resiste: os elementos básicos da percepção sensível (cor, tamanho, textura, tempo, etc.) e as verdades matemáticas

3ª dúvida (argumento do gênio maligno): Ora, e se houver uma ser todo-poderoso que me engana a cada vez em que eu julgo possuir um conhecimento verdadeiro? É possível concebê-lo, portanto é razoável duvidar.

O que resta: aparentemente nada 


Conclusões a partir da dúvida – Cogito ergo sum

Mas, pensando bem, encontramos uma certeza em meio a tanta dúvida. Se estou duvidando, estou pensando. Ora, se para duvidar é preciso pensar e só posso pensar se existir, duvidar da minha existência confirma exatamente o contrário, eu existo! (argumento do “cogito” -> “Penso, logo existo = “Cogito, ergo sum”). Há agora um ponto fixo indubitável. Com base na certeza da sua existência, Descartes passa a deduzir uma série de outras certezas (matematização). As mais importantes verdades que Descartes acreditou provar a partir daí foram: 

 - Se é através da minha capacidade de pensar que posso garantir a minha própria existência,, é esta capacidade de me pensar que define: minha essência é a racionalidade, é a capacidade de pensar. 

 - Dentre todas as ideias que possuo, ainda sem saber se existe algo além de mim, há uma ideia diferente de todas as outras: é a ideia de Deus. Esta ideia se diferencia por não dizer respeito a um ser finito, como as outras, mas sim a um ser infinito. Ora, de onde pode me ter vindo esta ideia? Ela não pode ter vindo de mim, pois eu sou um ser finito, enquanto esta ideia é infinita. Como o menor não pode dar origem ao maior, então o finito não pode gerar o infinito. Assim, essa ideia não pode ter sido gerada por mim. Há, portanto, um Ser infinito que pôs esta ideia em mim. A este ser chama-se Deus. Sendo infinito, Deus possui necessariamente todas as perfeições, tanto de poder, quanto morais. 

  - Prosseguindo, se há um Deus perfeitamente poderoso e bom, então o mundo à nossa volta também existe de fato, pois um Deus assim não permitiria que eu me enganasse tão radicalmente a respeito da realidade. É compatível com a bondade infinita de um ser todo-poderoso permitir que eu me engane às vezes, mas não que eu me engane sempre. Graças a Deus, portanto, pode-se dizer com certeza que o mundo exterior à minha mente é real.

 - Por fim, se foi a descoberta do cogito, isto é, se foi a descoberta de minha capacidade racional que legitimou todo o meu saber obtido de modo seguro, e, ao contrário, tudo o que eu percebia pelos sentidos era desconfiável, então não há dúvida de que a razão é o fundamento último do conhecimento humano e que só ela nos dá segurança na busca da verdade. Os sentidos, ao contrário, só têm valor sob o comando da razão. Dessas conclusões Descartes estabelece então que:


• No mundo há apenas duas substâncias, res cogitans e res extensa.

• A res cogitans é a esfera da consciência, da razão e da ideia.

• A res extensa é o mundo material, conhecível, mas não confiável.

• O ser humano é composto pelas duas, sendo sua parte essencial a res cogitans

• Deus é uma substância especial, ou separada da existência mundana. Descartes a chama de res infinita, definida pelas características que já foram apresentadas.


Racionalismo cartesiano

O racionalismo é uma corrente filosófica da Teoria do Conhecimento, área da Filosofia que de dedica a discutir as origens e possibilidades do conhecimento. Nessa corrente a origem do conhecimento está na razão. Os sentidos não são confiáveis para produzir um conhecimento verdadeiro. O que embasaria, no final das contas, a verdade seria o processo lógico da mente. Essa percepção de Descartes o leva a crer que há ideias inatas perfeitamente racionais, isentas da influência das percepções sensoriais, tais quais as ideias matemáticas e noções categóricas como movimento e extensão. Esse processo lógico também tinha um método, conhecido por nós como método cartesiano. Nele há quatro regras básicas que levariam até a verdade, são elas:


Regra da evidência: Só pode receber o valor de verdade aquilo que seja evidente. Aqui evidente não é o que é óbvio ou o que está exposto à nós pelos sentidos, já que estes não são confiáveis. Evidente é aquilo que é claro e distinto.

Regra da análise: A compreensão deve ser metodologicamente facilitada. Analisar algo em toda a sua complexidade pode impedir ou atrapalhar a resolução de um problema. Por isso, Descartes defende dividir as dificuldades em partes menores para ajudar na solução.

Regra da síntese: Depois de dividir, reordenar o raciocínio para a solução, do mais simples para o mais complexo.

Regra da enumeração: Verificar o que se está abordando e as conclusões obtidas para que nada fique de fora.