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Contexto de época

Confira a aula sobre Simbolismo.

Características estilísticas

Impacto na sociedade

Cruz e Sousa

Alphonsus de Guimaraens

Simbolismo

O movimento simbolista surge ao final do século XIX, trazendo em sua poesia uma nova visão sobre o mundo. O simbolismo retoma aspectos do Romantismo, como o uso da subjetividade, por exemplo, e o aprofundamento das emoções. Além disso, com o intuito de desvincular-se de questões materiais, a poesia simbolista aprecia o plano transcendental, ou seja, o plano espiritual torna-se muito mais valorizado do que o plano concreto, o da matéria. 

Gustave Moreau – Pietà (1854)

Contexto histórico

Esse período é marcado por muitas movimentações sociais e econômicas em contexto mundial. Entre elas, podemos citar: os reflexos econômicos e o progresso comercial da Revolução Industrial; as aspirações democráticas da Revolução Francesa, a ascensão da burguesia, a exclusão das camadas mais baixas em relação ao seu desenvolvimento igualitário e distribuição de renda e, também, a obtenção de lucros do Imperialismo são fatores que fizeram com que o homem daquele momento se sentisse frustrado com as promessas de igualdade e oportunidade para todos.  

Neste sentido, iremos perceber que o homem tenta fugir dessa realidade e passa por uma crise existencial, aprofundando seus sentimentos e retomando a traços pessimistas, principalmente a características da 2ª Geração Romântica. Ademais, a temática simbolista reage ao esquema materialista do século XIX, como também a objetividade propagada pelas correntes cientificistas.

Na França, vivia-se o momento da chamada “Belle Époque”, momento em que houve uma explosão de mudanças culturais , tecnológicas, literárias, artísticas e de pensamento. Sobre as influências literárias, não podemos deixar de citar Charles Baudelaire (o famoso autor de a obra “As flores do mal”), Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.

 


Características do simbolismo

Veja, abaixo, os principais aspectos do movimento Simbolista:

  • Valorização do plano metafísico;
  • Misticismo;
  • Pessimismo;
  • Subjetividade
  • Caráter sugestivo;
  • Aproximação ao elemento noturno;
  • Referências ao plano religioso;
  • Culto ao sonho;
  • Aproximação com o campo inconsciente do indivíduo.

Em relação aos aspectos mais marcantes da forma, há a valorização da linguagem culta, o uso de sonetos, a musicalidade, o uso de figuras de linguagem (como metáforas, sinestesias, assonâncias e aliterações) e o predomínio de rimas.

É importante dizer ainda que, no Brasil, os principais autores foram Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Souza. O primeiro buscou dedicar suas temáticas artísticas para o amor, morte e religiosidade, focadas em uma intrínseca relação de solidão e isolamento. Já o último também se destaca por ser um grande nome desse movimento por apresentar em sua poesia uma abordagem sobre a condição humana, a valorização da melancolia e a espiritualidade, com certa obsessividade pela cor branca em seus poemas.  

 

Textos de apoio

Texto I

Cavador do Infinito

Com a lâmpada do Sonho desce aflito

E sobe aos mundos mais imponderáveis,

Vai abafando as queixas implacáveis,

Da alma o profundo e soluçado grito.

 

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito

Sente, em redor, nos astros inefáveis.

Cava nas fundas eras insondáveis

O cavador do trágico Infinito.

 

E quanto mais pelo Infinito cava

mais o Infinito se transforma em lava

E o cavador se perde nas distâncias...

 

Alto levanta a lâmpada do Sonho.

E como seu vulto pálido e tristonho

Cava os abismos das eternas ânsias!

 Cruz e Souza

 

 

Texto II

Longe de Tudo

É livre, livre desta vã matéria,

Longe, nos claros astros peregrinos

Que haveremos de encontrar os dons divinos

E a grande paz, a grande paz sidérea.

 

Cá nesta humana e trágica miséria,

Nestes surdos abismos assassinos

Temos de colher de atros destinos

A flor apodrecida e deletéria.

 

O baixo mundo que troveja e brama

Só nos mostra a caveira e só a lama,

Ah! só a lama e movimentos lassos...

 

Mas as almas irmãs, almas perfeitas,

Hão de trocar, nas Regiões eleitas,

Largos, profundos, imortais abraços!

 Cruz e Souza

 

Texto III


Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

 

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

 

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

 

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

 

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens