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Antecedentes de 1820

Neste vídeo o professor William Gabriel fala sobre os antecedentes dos movimentos revolucionários de 1820.

Revolução do Porto - Portugal

Revolução de Cádis - Espanha

Sociedade dos Carbonários - Nápoles (Itália)

Independência Grega

Questões 1 e 2

A Europa no século XIX

No início do século XX as Guerras Napoleônicas estremeceram a Europa, não só abalando fronteiras e a geografia do continente, como também difundindo o pensamento iluminista burguês e o Código Napoleônico.

O bloqueio continental e as investidas das tropas de Napoleão causaram mudanças até mesmo em tradicionais tronos europeus, como, por exemplo, a transferência da família real portuguesa para a colônia em 1808 e a imposição de José Bonaparte como rei da Espanha entre 1808 e 1813.

No entanto, com o enfraquecimento das tropas napoleônicas dois movimentos se construíram, primeiro, com a tentativa de retorno das forças conservadoras e monárquicas, marcada pelo Congresso de Viena, que defendia a restauração dos antigos reis legítimos e a reorganização geográfica da Europa (mantendo, por exemplo, diversas zonas de domínio e territórios fragmentados, como na Itália e na Alemanha) e, paralelamente, a força crescente do pensamento liberal e nacionalista, formando um movimento de libertação de diversos países e revoluções burguesas ao longo do século XIX.

Assim, o contexto europeu durante o século XIX marca uma constante luta entre essa burguesia ilustrada, procurando seu espaço e buscando maior participação política contra uma nobreza desgastada, que tentava manter seus privilégios e poderes tanto na Europa quanto nas colônias.

A revolução Liberal do Porto

Em 1808, com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, Portugal se torna uma zona de proteção inglesa, com intervenção direta da Inglaterra na política, na administração e no exército português. Com a distância do rei e a dependência portuguesa à Inglaterra, a burguesia portuguesa se tornava cada vez mais presa aos interesses da burguesia inglesa, dificultando assim os comércios e a manutenção dos negócios.

Grande exemplo dessa barreira imposta à burguesia pela relação entre os dois países é a própria abertura dos portos brasileiros às nações amigas, em 1808, que afeta diretamente os negócios portugueses na América, desvalorizando seus produtos. No entanto, se não bastasse o enfraquecimento dessa burguesia europeia com as novas medidas que favoreciam a Inglaterra, os cofres públicos também viram um aumento das dívidas e, consequentemente, da própria crise econômica, que afetava principalmente a metrópole.

Assim, insatisfeitos com a falta de autonomia e com as interferências inglesas, a burguesia metropolitana em conjunto com nobres e militares realizaram em 24 de agosto de 1820 o levante do Porto que, em 28 de setembro, recebeu apoio da cidade de Lisboa e criou uma junta provisória, governando Portugal na ausência do rei e organizando uma constituinte liberal. É necessário destacar que este movimento não foi uma revolta antimonárquica, mas sim antiabsolutista, pois exigiu o retorno do rei à metrópole, sua submissão à Constituição liberal e ao poder legislativo e por fim, o restabelecimento do Pacto Colonial.

Este processo revolucionário conquistou suas reivindicações internas, com a volta de D. João VI ao país, no entanto, desencadeou um processo de independência no Brasil que já era desejado por muitos na própria colônia.

A revolução de Cádiz

Após a Guerra Peninsular (1807-1914), que libertou a Espanha do domínio francês, com ajuda da Inglaterra e de Portugal, enfraquecendo Napoleão, o rei Fernando VII foi reposto no trono espanhol pelo Tratado de Valença (1814). No entanto, durante os conflitos, uma série de juntas provinciais surgiram na Espanha, disputando a hegemonia do governo espanhol, dentre elas, a junta formada pelas Cortes de Cádis que, em 1812, promulgaram a Constituição da Monarquia Espanhola, conhecida como “La Pepa”.

Antes de reassumir o trono, Fernando VII havia jurado obedecer a nova Constituição liberal, mas, em 1814 contraria os acordos abolindo a Constituição e iniciando um governo marcado pelo autoritarismo e pela perseguição aos liberais. Assim, Fernando VII restaura os privilégios do clero e da nobreza, reinstala o tribunal da Santa Inquisição na Espanha e envia tropas para combater os processos de independência na América.

A postura de Fernando VII, contrariando os acordos com os liberais gerou a chamada Revolução de Cádiz, em 1920, liderada por Rafael Riego, que garantiu o retorno provisório da Constituição, o afastamento de Fernando VII e uma breve vitória dos revoltosos de Cádiz. No entanto, em 1823, a revolta foi superada com a invasão francesa e a ajuda da Santa Aliança, que recolocou Fernando VII no trono, resgatando o absolutismo.

A independência da Grécia

Ainda neste contexto de crescimento do pensamento liberal e nacionalista, outro evento que marcou a década de 1820 foi a independência grega do Império Otomano, também conhecida como a Revolução grega. Neste contexto, o próprio Império Otomano já passava por uma série de conflitos internos e desgaste com outras revoltas, como a realizada pelos sérvios em 1804 e outras com apoio do próprio Império Russo, eterno rival.

Assim, na questão grega, a falta de uma unidade étnica e religiosa também dificultava a identificação dos povos da região com os dominadores, visto que os gregos eram católicos ortodoxos e os otomanos seguiam o islamismo. Assim, influenciados pelo pensamento liberal e pelas revoltas que já aconteciam na Europa e nas Américas, a população grega inicia um processo de independência apoiado pela Inglaterra, pela França e pela própria Russa, que desejavam impedir o expansionismo turco-otomano e do próprio islamismo. 

Após uma série de conflitos entre grupos liberais da Grécia e o Império Otomano, que também lutava na região pérsia, a Grécia declara sua independência em 1822, mas só em 1829, com a assinatura do Tratado de Adrianópolis que a guerra termina e, em 1832, com o Tratado de Constantinopla, a Grécia conquista definitivamente sua independência.