Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

Centro-Oeste: apresentação e introdução

Professor Ricardo Marcílio Monteiro descomplica Região Centro-Oeste, confira!

Aspectos Naturais do Centro-Oeste

Agricultura no Centro-Oeste

Indústria no Centro-Oeste

Construção de Brasília: capital nacional

A região do Centro Oeste inclui os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Para retomarmos sua formação socioespacial, é importante relembrar que foi uma ocupação tardia em termos de desenvolvimento urbano ou planejamento estatal. Sua população total é de 15,8 milhões de pessoas. Como a ocupação do Brasil se iniciou pelo litoral, houveram desafios de ocupação no interior.

Clima e biomas


As áreas de chapada e o clima de Goiás é considerado semiárido, por ter um período de seca bem grande, mas possuir chuva e umidade, também advindo da Amazônia. O Bioma predominante é do Cerrado. No Mato Grosso, é preciso destacar o bioma do Pantanal, planície sedimentar altamente alagável. Essa diferença geomorfológica e climática resulta em paisagens bastante diferentes na mesma região.

Ocupação e Ciclos Econômicos
Antes de Brasília e do ideal urbano-industrial que se instaurou no Brasil com a política de JK, que incluía os ideais desenvolvimentistas e de integração nacional, a região Centro-Oeste era tido como um vazio demográfico por causa da baixa densidade. Dentre as atividades existentes, devemos ressaltar a exploração mineral por suas áreas ricas em quartzo e outros minérios como o ouro.

Durante a 1ª e 2ª Guerra Mundial houveram muitas exportações desses recursos, que eram difíceis de serem achados. Pra isso, a população local escavava o solo, na incerteza de encontrar esses minerais que abasteceriam a indústria bélica. Até hoje existem testemunhos desse processo de mineração, o qual pode-se dizer que não foi rentável, uma vez que demandava muito trabalho e exploração do solo sem a certeza de ser compensado. Fato é que atraiu uma população apostando nessa economia. Essa atividade era associada ao extrativismo de madeira e cultivo de gado. Não é possível porém afirmar que a região estava bem ocupada a nível econômico, sobretudo pela dificuldade de infraestrutura de transporte e falta de um planejamento integrado e produtivo para a região. Essa estrutura predominava no que chamávamos de “arquipélagos econômicos”, ou seja, cada região do Brasil tinha uma produção relativamente independente, não contando com projetos integrados de planejamento econômico.

A partir de JK com o rodoviarismo, esse cenário começa a se alterar. Seu propósito era integrar as regiões do Brasil, o que mudou a dinâmica do Centro Oeste, uma vez que as estradas se constituem enquanto eixos de desenvolvimento, adensando cidades no seu entorno. Outro ponto importante desse período foi a construção de Brasília. Apesar de ter sido planejada, é preciso entender que existem problemas como a segregação sócio espacial, uma vez que a área que equivale ao plano piloto fica mais valorizada, pelo acesso a serviços. Com isso, as periferias se incham de trabalhadores da metrópole que não conseguem acessar o preço dos imóveis na área central. Além disso, a partir de JK e com continuidade na ditadura, houveram PNDs, Planos Nacionais de Desenvolvimento, o que levou a fronteira agrária para a região. Com a tecnologia no campo, alterou-se a genética de sementes como a soja, possibilitando a introdução de monoculturas na região. Essa lógica se associa a agroindústria de exportação. Para exportar, vende-se muito, por isso monoculturas. Se são monoculturas, subentende-se também maior concentração fundiária, contando com uma agricultura mecanizada que garanta o abastecimento externo para o comércio internacional.

O complexo do Centro Sul e a Fronteira Agrícola


O Centro-Oeste está inserido na divisão regional chamada Centro-Sul. O termo está relacionado a uma divisão regional baseada no critério socioeconômico, conhecida como core área. Essa divisão não respeita as fronteiras originalmente marcadas no mapa, incluindo as áreas mais desenvolvidas economicamente do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para remontar a formação socioespacial do Centro-Sul, é preciso lembrar a influência sulista nessa região para expansão da fronteira agrícola na região.

O Sul do Brasil foi amplamente ocupado por migrantes europeus que viram no litoral sul do Brasil uma oportunidade, a partir da distribuição de terras feitas pela coroa portuguesa. O Sul tem a menor extensão territorial do Brasil, o que limitava o desenvolvimento agrícola. Podemos comparar o tamanho inteiro do sul do Brasil com o tamanho de Minas Gerais. Além disso, o clima frio era propício para o cultivo de soja. Possuindo um clima subtropical, teve tipos agrícolas típicos de cereais como soja, trigo e cevada. Com a Revolução Verde e a modernização do campo, não estávamos mais restritos as condições climáticas para plantio, podendo expandir a fronteira produtiva. A modificação genética da semente da soja permitiu a expansão da fronteira da soja para o Mato Grosso do Sul. Isso fez com que muitos Gaúchos comprassem grandes latifúndios nesse estado, além de receberem a missão de colonizar terras do Mato Grosso.

Além da expansão do domínio da soja, a política de JK e a construção de Brasília também estimularam o crescimento do Centro-Sul. O estimulo a ocupação dessa região, em direção ao Norte, possibilitou a venda de terras e o aprofundamento do dinamismo econômico na região. Outro impacto do processo de modernização do campo foi a crise na agricultura, que aumentou a concentração fundiária e o desemprego rural.

Houve então um fluxo migratório também dos pequenos agricultores e da mão de obra excedente do campo sobretudo para Mato Grosso do Sul e Goiás. O programa de desenvolvimento da Amazônia fazia parte desse projeto estimulando a migração e a ocupação da região Centro-Oeste, acompanhando o avanço da soja para o Norte.

Muitos nordestinos migravam a pé para a região fugindo da seca e da miséria, vendo uma oportunidade de emprego na construção de Brasília. Ao mesmo tempo, nesse período, grandes construtoras e empresas do setor imobiliário sulistas, como a Colonizadora Sinop S.A , ganharam a missão de colonizar enormes Glebas de Terra no Mato Grosso, construindo cidades como a Sinop, Vera, Santa Carmem e Cláudia, a fim de receber essa mão de obra migrante. Essas cidades são muito voltadas para o agronegócio, possuindo comercio de tratores, faculdades de agronomia.

Pode-se compreender que o Centro-Oeste é a segunda região mais urbanizada do Brasil por causa da mecanização na produção da soja e da construção dessas cidades a partir da iniciativa privada estimulada pelo estado, direcionando a produção da mão de obra para o novo projeto de organização territorial brasileira. O desmatamento do cerrado também foi uma consequência desse período de modo que o Centro-Oeste começa então a ser associado ao setor agropastoril. A expansão da soja vai principalmente para a direção Norte depois de dominar o Centro-Oeste, sendo o Mato Grosso considerado o coração do agronegócio no Brasil. O Pantanal passa a sofrer com o impacto do gado, que não é muito típico da região por suas características físicas e geográficas. Existiram leis que tentaram controlar a chegada da soja na Amazônia porque apesar de ser lucrativa tem muitas perdas ambientais. Com o cerrado já muito desmatado, foi proibido desmatar áreas de floresta para plantar soja. Assim, a pecuária vem estrategicamente abrindo área para posteriormente se introduzir a soja, trigo, milho e outros commodities. A agroindústria é muito forte no noroeste do Paraná e no Centro-Oeste brasileiro apesar da cidade considerada capital da agroindústria do Brasil ser Ribeirão Preto no interior de São Paulo.