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O período pré-socrático ou cosmológico

Apresentação do pensamento dos primeiros filósofos da história, os pré-socráticos. As explicações mostram o porquê de eles serem conhecidos como filósofos da natureza e indicam suas buscas por um elemento primordial.

O período socrático ou antropológico

Os sofistas

Períodos da filosofia e os sofistas: revisão

Pré-socráticos: Os primeiros filósofos

Os filósofos pré-socráticos são os primeiros filósofos da história, tendo vivido entre os séculos VII e VI a.C., e contribuído decisivamente para a ruptura entre o pensamento mítico e o pensamento racional. Eles são chamados de pré-socráticos por terem precedido o filósofo Sócrates, cuja importância é tão grande que dividiu a história da filosofia entre os pensadores que lhe precederam e os que lhe sucederam, como Platão e Aristóteles. A maior parte da obra desses primeiros filósofos foi perdida, restando-nos fragmentos  e comentários feitos por filósofos posteriores, o que chamamos de doxografia. A grande genialidade desses pioneiros foi ter, ao menos em parte, abandonado as explicações mitológicas sobre o mundo, para buscar uma explicação mais lógica, mais racional, sem a presença de seres sobrenaturais.

Assim, os pré-socráticos irão buscar uma explicação do mundo a partir de um encadeamento lógico-racional (logos) e não mais através dos mitos. Dentre os filósofos pré-socráticos podemos destacar Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eleia, Demócrito de Abdera, Tales de Mileto, Empédocles de Agrigento, entre outros. Uma das questões centrais do pensamento pré-socrático era: qual é o fundamento ou a origem (arché) de todas as coisas que existem? Ou seja, qual é o princípio que governa a existência de todas as coisas? Segundo Heráclito, o princípio de tudo é o fogo; para Tales é a água; para Empédocles são os quatro elementos: fogo, água, terra e ar; para Demócrito é o átomo.

Sócrates

Sócrates (c. 470-399 a.C) foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga e é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental. Curiosamente, ele está entre os poucos pensadores da humanidade que não registraram as suas ideias por escrito. Por isso, tudo o que sabemos sobre o seu pensamento e a sua biografia vem dos relatos produzidos pelos seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte. A presença de Sócrates como personagem principal dos diálogos platônicos, bem como a escassez de registros históricos fez com que, durante séculos, a sua real existência fosse amplamente questionada. Somente no século XIX, com o avanço das pesquisas, houve a possibilidade de comprovação da existência de Sócrates que, dentre outras coisas, teria participado da Guerra do Peloponeso.

O pensamento socrático é considerado um marco para a filosofia, na medida em que inaugura um período que ficou conhecido como antropológico. Partindo da máxima: Conhece-te a ti mesmo, inscrita na entrada do Oráculo de Delfos, Sócrates deslocou o foco da investigação filosófica das questões cosmológicas (acerca da origem e da composição do universo), para as questões antropológicas, isto é, questões relativas ao próprio homem, tais como:  “O que é a coragem?”, “O que é a virtude?”, “O que é a justiça?” etc. O modo de vida socrático era baseado na dialética. Ou seja, Sócrates buscava, por meio do diálogo, produzir uma transformação nos seus interlocurtores.

 

Sofistas: os mestres da retórica

No período clássico (séc. V e IV a.C), o centro cultural deslocou-se das colônias gregas para a cidade de Atenas. Nesse período, Atenas vivia uma intensa produção artística, filosófica, literária, além do desenvolvimento da política. Nesse contexto, surgem os sofistas, pensadores que ficaram conhecidos como os mestres da retórica. Ironicamente, tudo aquilo que sabemos sobre eles procede das obras dos seus adversários (os filósofos). Por isso, eles passaram para a história como impostores, demagogos e enganadores. Na verdade, os sofistas eram professores itinerantes que cobravam por seus ensinamentos.

Mas o que ensinavam os sofistas? A retórica, isto é, a atacar e defender o mesmo assunto com argumentos igualmente fortes , técnicas de memorização, para que o orador fosse capaz de proferir longos discursos sem recorrer ao auxílio da leitura e técnicas de dicção, para que o orador fosse capaz de pronunciar as palavras clara e corretamente, de modo a ser entendido por todos que o escutassem durante a assembleia. Seus alunos aprendiam, sobretudo, a dominar a arte da palavra, ou seja, a falar com ritmo, graça e elegância. Tais habilidades eram fundamentais na democracia ateniense, em que os cidadãos participavam ativamente dos debates públicos.

Entretanto, a argumentação retórica não pretendia alcançar a verdade, mas sim a persuasão. Em outras palavras, seu objetivo era convencer os interlocutores. Para os sofistas, a verdade é relativa (o que vale para um determinado lugar, não vale para outro), portanto o que importa é dispor de argumentos capazes de, em qualquer circunstância, vencer o debate. Essa postura lhes rendeu a fama de relativistas. Dentre os sofistas de maior relevância estão Protágoras e Górgias, ambos presentes nos diálogos de Platão.

Durante séculos perdurou uma visão pejorativa dos sofistas, mas a partir do século XIX uma nova historiografia surgiu realçando as suas principais contribuições.  Dentre elas, a contribuição para a sistematização do ensino, elaborada a partir de um currículo de estudos dividido entre gramática (da qual são os iniciadores), retórica e dialética. Além disso, eles contribuíram decisivamente para o estabelecimento do sistema político democrático na Grécia.