Contexto geral
Parnasianismo
Principais autores
Simbolismo
Cruz e Sousa
Outras características e Alphonsus Guimaraens
O parnasianismo
Visando combater a expansão da idealização amorosa provocada pelo Romantismo e resgatando elementos da cultura neoclássica, o movimento Parnasiano do século XIX valorizava a arte clássica e a harmonização de ideias na poesia.
Contexto histórico
O contexto histórico do parnasianismo se situa ao final do século XIX, com isso, esse período já adianta uma transição de pensamentos e ideais para o século XX. Entre os principais acontecimentos, no Brasil, há a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). No cenário europeu, há a influência dos anseios da 1º Guerra Mundial. No entanto, ainda que esse momento marcasse uma intensa movimentação político-ideológica, o poeta parnasiano não se posiciona, omitindo o contexto histórico em sua poesia.
Características do parnasianismo
Em relação aos movimentos do século XIX, iremos perceber que sua propagação temática, em geral, sempre visa combater algum aspecto de uma corrente anterior, como é o caso do Parnasianismo, que tenta romper com a idealização amorosa do Romantismo.
Além disso, os parnasos acreditavam que a verdadeira produção artística era aquela que valorizasse elementos da cultura clássica, por isso, a retomada da influência da mitologia greco-latina e o alto rigor formal, justamente, para reafirmar a sua visão sobre o “fazer artístico”. Veja, abaixo, as principais características do Parnasianismo:
- Objetivismo;
- Racionalismo;
- Caráter descritivo;
- “Arte pela arte” (poesia voltada para si mesma);
- Universalismo;
- Imparcialidade;
- Isolamento do poeta (concentração);
- Contenção de sentimentos;
- Retomada de elementos da cultura greco-latina.
Ainda sobre o Parnasianismo, os aspectos mais marcantes de sua forma estrutural são:
- Obsessão pelo alto rigor formal;
- Valorização do soneto;
- Uso versos decassílabos e alexandrinos;
- Linguagem culta e rebuscada;
- Uso de rimas ricas e preciosas;
- Estrofes regulares.
No Brasil, os autores de maior popularidade parnasiana são Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Francisca Júlia e Teófilo Dias. É importante ressaltar que embora os textos parnasianos, de forma geral, combatessem a subjetividade, isso não significa que os autores não aprofundavam sua expressividade emocional, produzindo alguns poemas, inclusive, com ares românticos.
Além disso, vale lembrar que há poucas diferenças entre o Parnasianismo Europeu e o Parnasianismo Brasileiro. Inclusiva, na terra tupiniquim esse movimento adquiriu uma grande popularidade, uma adesão maior do que no continente europeu. Entre os autores brasileiros, podemos destacar: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Francisca Júlia e Teófilo Dias.
O autor Olavo Bilac é um dos principais autores desse momento literário, no entanto, devemos nos atentarmos à sua obra, pois a mesma apresenta alguns traços de patriotismo, subjetividade e de sentimentalismo amoroso, afastando-se da contenção amorosa. Observe o trecho do poema “Tercetos” e veja como o eu lírico se assemelha a um romântico:
Tercetos
“Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora.
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Espera ao menos o desponde da aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!”
Simbolismo
O movimento simbolista surge ao final do século XIX, trazendo em sua poesia uma nova visão sobre o mundo. O simbolismo retoma aspectos do Romantismo, como o uso da subjetividade, por exemplo, e o aprofundamento das emoções. Além disso, com o intuito de desvincular-se de questões materiais, a poesia simbolista aprecia o plano transcendental, ou seja, o plano espiritual torna-se muito mais valorizado do que o plano concreto, o da matéria.
Contexto histórico
Esse período é marcado por muitas movimentações sociais e econômicas em contexto mundial. Entre elas, podemos citar: os reflexos econômicos e o progresso comercial da Revolução Industrial; as aspirações democráticas da Revolução Francesa, a ascensão da burguesia, a exclusão das camadas mais baixas em relação ao seu desenvolvimento igualitário e distribuição de renda e, também, a obtenção de lucros do Imperialismo são fatores que fizeram com que o homem daquele momento se sentisse frustrado com as promessas de igualdade e oportunidade para todos.
Neste sentido, iremos perceber que o homem tenta fugir dessa realidade e passa por uma crise existencial, aprofundando seus sentimentos e retomando a traços pessimistas, principalmente a características da 2ª Geração Romântica. Ademais, a temática simbolista reage ao esquema materialista do século XIX, como também a objetividade propagada pelas correntes cientificistas.
Na França, vivia-se o momento da chamada “Belle Époque”, momento em que houve uma explosão de mudanças culturais , tecnológicas, literárias, artísticas e de pensamento. Sobre as influências literárias, não podemos deixar de citar Charles Baudelaire (o famoso autor de a obra “As flores do mal”), Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.
Características do simbolismo
Veja, abaixo, os principais aspectos do movimento Simbolista:
- Valorização do plano metafísico;
- Misticismo;
- Pessimismo;
- Subjetividade
- Caráter sugestivo;
- Aproximação ao elemento noturno;
- Referências ao plano religioso;
- Culto ao sonho;
- Aproximação com o campo inconsciente do indivíduo.
Em relação aos aspectos mais marcantes da forma, há a valorização da linguagem culta, o uso de sonetos, a musicalidade, o uso de figuras de linguagem (como metáforas, sinestesias, assonâncias e aliterações) e o predomínio de rimas.
É importante dizer ainda que, no Brasil, os principais autores foram Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Souza. O primeiro buscou dedicar suas temáticas artísticas para o amor, morte e religiosidade, focadas em uma intrínseca relação de solidão e isolamento. Já o último também se destaca por ser um grande nome desse movimento por apresentar em sua poesia uma abordagem sobre a condição humana, a valorização da melancolia e a espiritualidade, com certa obsessividade pela cor branca em seus poemas.