Objeto de estudo
Essência do utilitarismo
Influência de Stuart Mill
Moral x Moralidade
Justiça social
O utilitarismo de Jeremy Bentham
O filósofo, jurista e um dos últimos dos pensadores iluministas, Jeremy Bentham (1748 -1832) foi, juntamente com Stuart Mill e James Mill, um importante representante da corrente ética contemporânea conhecida como utilitarismo. De acordo com o utilitarismo as consequências das ações morais devem ser compreendidas como essenciais na tomada de decisão de como o indivíduo deve agir. Inspirado nas éticas hedonistas (que associam a moral ao prazer), o utilitarismo defende que o agir ético deve visar garantir a felicidade do maior número de pessoas possíveis (princípio de utilidade), mesmo que para isso tenha que sacrificar a minoria. Desta forma, outras correntes éticas contemporâneas, como o comunitarismo e o liberalismo igualitário de John Rawls, criticaram fortemente a visão utilitária acerca dos conceitos de bem e de justiça. Afinal, buscando escolher a ação que leva o maior número de pessoas felizes, eu estou difundindo um princípio igualitário de justiça? E a noção de bem, é igual para todos? Os oponentes do utilitarismo responderam de forma negativa as duas perguntas. De grande impacto do pensamento econômico, o utilitarismo também alcança a política, sendo caracterizada como uma corrente ética profundamente pragmática.
Segundo o utilitarismo, devemos fazer um procedimento chamado cálculo utilitário: o agente moral deve sempre realizar um cálculo buscando prever as consequências de suas atitudes. O resultado deve expor algumas possibilidades e, dentre elas, o agente deve escolher a que venha a proporcionar a maior quantidade de prazer para o maior número de pessoas possível pela maior quantidade de tempo. Esse cálculo também leva em conta o sofrimento dos envolvidos, caso haja uma opção em que nenhum sofrimento seja causado essa opção é prioritária. Essa proposta quantitativa é característica de Bentham e seu utilitarismo quantitativo.
Já Mill acrescenta camadas ao utilitarismo proposto um aspecto qualitativo. Assim essa corrente ética passou a ser vista como mais equilibrada já que oferecia mais recursos para análise das situações e ações. Além de visar o benefício do maior número de pessoas, o utilitarismo passa a se adaptar a noções de tipos de qualidade do prazer e, principalmente, da dor infligida em nome do bem comum.
O cálculo utilitário sofre uma pequena mudança, já que o agente deve ter em perspectiva o tipo de sofrimento que é causado em comparação com os benefícios obtidos. Pense, por exemplo na doação de sangue. Baseada na lógica essencial do utilitarismo, mas invertendo a lógica de quantidade, podemos afirmar que a doação de sangue é uma ação útil, e, por isso, boa e ética, porque causa um sofrimento irrisório em comparação ao benefício que traz: salvar vidas. A quantidade de pessoas que sofrem a dor não transforma a ação menos ética, na verdade, é a quantidade de pessoas que permite a realização da ação. Quanto mais pessoas doando sangue melhor.
Para compreender a filosofia utilitarista uma das ferramentas mais eficazes é o experimento do dilema do bonde. Ele consiste no seguinte: Um bonde está em movimento por trilhos e está fora de controle em alta velocidade. Continuando assim ele passará por cima de cinco pessoas que foram amarradas aos trilhos. Você está próximo a uma alavanca que muda a rota do bonde. Entretanto, ao desviar o bonde, você o direciona para uma rota onde uma pessoa está parada por acaso. O que fazer?
O utilitarismo, a princípio responderia que, sob o cálculo utilitário, deveríamos puxar a alavanca. Entretanto, variações do mesmo dilema podem complicar as coisas. E se, em vez de puxar uma alavanca, você pudesse empurrar uma pessoa no trilho para impedir a morte das outras cinco. E se, no segundo trilho, a pessoa desavisada fosse sua mãe? O cálculo utilitário não é tão simples quanto parece.