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Complexidade

A professora Larissa nos apresenta a noção de complexidade na metodologia sociológica.

Experimentação

Matematização

Subjetivação

Liberdade

Complexidade

A metodologia das ciências humanas difere da metodologia das ciências naturais por ter como objeto o próprio ser cognoscente. Estudar o ser humano torna a pesquisa científica não linear porque seu objeto é variado e volátil, tanto em comparação entre indivíduos e grupos sociais quanto em na manifestação de cada grupo ou indivíduo. As pessoas mudam, a gravidade não.

A complexidade é a característica da pesquisa científica das ciências humanas que dá conta dessa não-linearidade. Não existe uma fórmula que expressa o pensamento ou comportamento humano. As relações sociais são diversas e nós inventamos várias formas para solucionar problemas semelhantes. Muitos fatores subjetivos interferem nas nossas ações e pensamentos.

Experimentação

Nas ciências humanas a experimentação não é impossível, mas muito mais difícil de realizar. Se você jogar um objeto para longe de um corpo tão massivo como a Terra, você observará a ação da gravidade. Não importa quantas vezes você arremesse esse objeto, se você não aplicar uma força maior que a ação da gravidade, esse objeto sempre retornará.

Muitos fenômenos sociais estudados são bem específicos, oferecem risco potencial às pessoas ou acontecem em situações bem peculiares. Caso estudemos índices de crime ou suicídio, não podemos reproduzir esses fenômenos à nossa vontade. Além de uma questão ética, há também uma questão prática. Se interferimos demais no fenômeno, ele está acontecendo conforme sua dinâmica social comum ou está acontecendo por que estamos “forçando” seu acontecimento?

Matematização

A utilização da matemática é indispensável para a sociologia. A partir da observação de fenômenos sociais podemos verificar a incidência de certos acontecimentos e sua relação com outros fenômenos. É o que chamamos de método quantitativo. Para fazer sociologia levantamos dados e os analisamos estatisticamente. Mesmo que padronizações generalizadas não sejam possíveis como regra universal, é possível observar relações e as expressar matematicamente.

Subjetivação

As ciências humanas também abordam seu objeto a partir de métodos qualitativos. Esses métodos se juntam aos métodos quantitativos para tentar interpretar a realidade da maneira mais completa possível. Relações interpessoais e intrapessoais comumente não são passíveis de serem expressas através de métodos quantitativos. Apesar de haver a possibilidade de generalizar relações familiares (e assim as analisar matematicamente) não é possível dizer como essas relações são, já que isso depende da subjetividade de cada um. Os seres humanos são sujeitos pensantes, produtores de sentidos para orientar a vida. Isso faz com que a subjetividade esteja presente constantemente na pesquisa social. Entretanto, a subjetividade não é um empecilho à compreensão, ela é o fator característico fundamental da pesquisa sobre o comportamento humano.

São comuns métodos como entrevistas abertas (que não tem resposta estipulada como em formulários), etnografia, observação direta, observação participante, conversas e narrativas. Sem esse tipo de método é impossível registrar a particularidade de cada indivíduo no espaço e no tempo.

Liberdade

A liberdade expressa um afastamento do determinismo. Como o ser humano não é um fenômeno que se dá através de regularidade e previsibilidade, não é possível restringir a abordagem de cada pensador. Os paradigmas científicos são muito mais estáveis nas ciências naturais, já que o pensamento está atrelado a observação dos fatos conforme um método compartilhado entre seus pares. Já nas ciências humanas, dada a volatilidade do fenômeno social, são possíveis várias interpretações sobre ele, o que torna possível o surgimento de correntes concorrentes de interpretação (como o funcionalismo, o estruturalismo, o culturalismo, o marxismo, o interacionismo simbólico etc.)