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Isomeria óptica – Destrógiro e Levógiro

Este vídeo apresenta uma aula sobre Isomeria óptica, desde a introdução do polarímetro até o conceito de isômero destrógiro e levógiro.

Atividade ótica – Carbono quiral e mistura racêmica

Atividade ótica – Dois carbonos quirais na mesma substância

Atividade ótica – Isômero meso

Isomeria ótica – Cadeia fechada

Isomeria ótica – Resolução de exercício 1

Isomeria ótica – Resolução de exercício 2

Existem compostos químicos que apresentam atividade óptica, ou seja, são capazes de desviar o plano da luz polarizada. Vamos entender passo a passo o que isso significa.

A luz que sai direto da fonte luminosa transita em todos os sentidos, ou seja, não possui nenhum pólo específico pelo qual as ondas de luz vibrem. Esta luz, portanto, não é polarizada.

Quando se faz a luz de uma fonte passar por um polarizador, ela passa a irradiar em apenas 1 sentido ou plano, isto é, fica polarizada. Se fizermos esta luz polarizada passar por um composto químico qualquer e, ao medirmos sua polarização com o auxílio de um polarímetro, ela tiver seu plano de irradiação desviado, acusa-se atividade óptica em tal substância.


OPA, polarímetro?

Trata-se de um aparelho com função de medir a polarização da luz (se ela é ou não polarizada e em qual plano ela irradia, caso seja). Ele também contém o polarizador, que faz com que a luz passe a ser irradiada em apenas 1 sentido, isto é, polariza-a.

Quando a substância possui atividade óptica:

- Ela possui ISÔMEROS ÓPTICAMENTE ATIVOS: compostos de mesma fórmula molecular, porém com propriedades químicas distintas, pelo fato de terem conformações espaciais diferentes;
- Ela pode desviar o plano da luz para a esquerda – neste caso, chamamo-la de isômero LEVÓGIRO – ou para a direita – isômero DEXTRÓGIRO;
- Ela deve possuir, no mínimo, 1 CARBONO QUIRAL, ou seja, um carbono assimétrico, que faz com que a molécula toda seja assimétrica. É essa assimetria que causa o desvio do plano da luz;
 
OPA, carbono quiral?

É o carbono que tem todos os grupos ligantes diferentes entre si, o que faz dele assimétrico. A imagem refletida no espelho de qualquer coisa assimétrica não se sobrepõe perfeitamente à coisa real.

Exemplo: Ao colocarmos nossa mão esquerda na frente do espelho, a imagem refletida por ele é idêntica à nossa mão direita, a qual não se sobrepõe com perfeição à outra. Veja:

O mesmo ocorre com a molécula assimétrica. Como um dos carbonos é quiral, haverá 2 conformações espaciais diferentes para a mesma estrutura, o que determinará 2 compostos com propriedades diferentes (2 isômeros): 1 conformação espacial e 1 outra exatamente igual à imagem da primeira no espelho, e que não se sobrepõe com perfeição a ela.

Exemplo: O ácido láctico possui 1 carbono quiral.

Tentativa de sobreposição dos isômeros:

- Cada uma dessas conformações é um isômero do ácido láctico, que desvia a luz polarizada para um lado: esquerdo, no caso do isômero levógiro; e direito, no caso do isômero dextrógiro.
- Não sabemos com certeza qual deles é dextrógiro e qual é levógiro, mas isso não importa tanto, uma vez que sabemos que, se um é o dextrógiro, sua imagem é o levógiro, ou vice-versa.
- Ao par dextrógiro-levógiro, damos o nome de ENANTIÔMEROS.
- Seus isômeros dextrógiro e levógiro desviam a luz com o MESMO ÂNGULO, ainda que para sentidos divergentes;
- A mistura entre quantidades iguais dos dois enantiômeros (mistura equimolar) não é capaz de desviar o plano da luz polarizada, já que cada isômero a desvia com ângulo igual em sentidos opostos (um desvio “anula” o outro). Chamamo-la de MISTURA RACÊMICA ou RACEMATO, e por não apresentar atividade óptica (propriedade diferente dos 2 outros isômeros), dizemos que é o terceiro isômero da estrutura assimétrica (o ISÔMERO OPTICAMENTE INATIVO).

Sendo assim, estruturas com 1 CARBONO QUIRAL possuem 3 isômeros ópticos: 2 IOA (isômeros opticamente ativos) e 1 IOI (isômero opticamente inativo).

E quanto as que possuem mais de 1 carbono quiral? Vejamos.

 
2 carbonos quirais diferentes

Neste caso:

- CADA CARBONO assimétrico desvia o plano da luz polarizada em 2 SENTIDOS POSSÍVEIS (esquerda ou direita), ou seja, cada carbono pode ter conformação espacial dextrógira ou levógira;
- UM CARBONO desvia a luz com um ÂNGULO (α) e o OUTRO CARBONO desvia com outro ÂNGULO (β), já que os carbonos não são iguais. Logo, o desvio total do plano da luz, ao passar pela substância, será a soma do desvio provocado por cada carbono quiral.

Observe o 2-cloro-3-hidroxibutana:

As conformações espaciais possíveis para esta estrutura são:

Obs.: A classificação de cada conformação dos carbonos 1 (C1) e 2 (C2) como dextrógiros ou levógiros foi aleatória, já que não temos como saber qual é cada conformação de fato. Mas vamos seguir a explicação tendo essa escolha como base: se na estrutura 1 o C1 está d, sua imagem (estrutura 2) necessariamente é l; se na mesma estrutura o C2 está d, sua imagem (estrutura 2) necessariamente é l. Seguindo esse padrão, conseguimos definir qual tipo de desvio cada carbono das demais estruturas apresenta.

- Os pares 1/2 e 3/4 são pares de ENANTIÔMEROS, uma vez que representam uma estrutura e sua imagem no espelho;
- Já os pares 1/3, 1/4, 2/3 e 2/4, como não são uma imagem do outro, são chamados DIASTEREOISÔMEROS.

Vamos ver como ocorrerão os desvios da luz em cada estrutura (1, 2, 3 e 4). Para tanto, grave que:

- α representa o tamanho do desvio feito pelo carbono quiral 2;
- β representa o tamanho do desvio feito pelo carbono quiral 3;
- o sinal positivo (+) representa o desvio para a direita;
- o sinal negativo (–) representa o desvio para a esquerda;
- o desvio +α anula o –α;
- o desvio +β anula o –β;
- IOA = isômero opticamente ativo;
- IOI = isômero opticamente inativo;
- quando os desvios se anulam, o isômero é opticamente inativo.



Agora vamos ver como ocorrerão os desvios da luz nas misturas equimolares dos pares enantiômeros, as misturas racêmicas.

Assim, concluímos que uma molécula com 2 CARBONOS QUIRAIS possui 4 IOA e 2 IOI.
Generalização: chamando de n o número de carbonos quirais em uma molécula:

- o número de IOA que ela possui é 2^{n}​​;
- o número de IOI que ela possui é 2^{n-1}​​ ou 2^{n}/2.
 
IMPORTANTE!: 2 carbonos quirais iguais ou isomeria meso

Neste caso:

A molécula possui um PLANO DE SIMETRIA (PS) interno, embora possua carbonos assimétricos;
os 2 carbonos quirais possuem os MESMOS LIGANTES;
CADA CARBONO assimétrico desvia o plano da luz polarizada em 2 SENTIDOS POSSÍVEIS (esquerda ou direita), ou seja, cada carbono pode ter conformação espacial dextrógira ou levógira;
UM CARBONO desvia a luz com um ÂNGULO (α) e o OUTRO CARBONO desvia com o mesmo ÂNGULO (α), já que os carbonos são iguais. Logo, o desvio total do plano da luz, ao passar pela substância, será a soma do desvio provocado por cada carbono quiral.

Observe o 2,3-butanodiol:

Ligantes do carbono 1:

Ligantes do carbono 2:

As conformações espaciais possíveis para esta estrutura são:

- O par 1/2 é um par de ENANTIÔMEROS, uma vez que representa uma estrutura e sua imagem no espelho;
- Já os pares 1/3 e 2/3, como não são uma imagem do outro, são chamados DIASTEREOISÔMEROS.

Vamos ver como ocorrerão os desvios da luz em cada estrutura (1, 2 e 3). Para tanto, grave que:

- α representa o tamanho do desvio feito tanto pelo carbono quiral 2 como pelo carbono 3;
- o sinal positivo (+) representa o desvio para a direita;
- o sinal negativo (–) representa o desvio para a esquerda;
- o desvio +α anula o –α;
- quando os desvios se anulam, o isômero é opticamente inativo.

Agora vamos ver como ocorrerão os desvios da luz nas misturas equimolares do par de enantiômeros, as misturas racêmicas.

Como o isômero meso também é opticamente inativo, concluímos que uma molécula com 2 CARBONOS QUIRAIS possui 4 IOA e 2 IOI, um dos quais é o MESO.

 
CUIDADO!
Cadeia Fechada

Quando a estrutura tiver cadeia fechada, da qual um carbono tenha 2 ligantes diferentes, ela pode ter atividade óptica, caso a sequência do sentido horário da cadeia ligada a tal carbono seja diferente da sequência do sentido anti-horário.

Exemplo:

O carbono possui LIGANTES DIFERENTES entre si;
Sequência no sentido horário: (C=O)CH​2​​CH​2​​;
Sequência no sentido anti-horário: CH​2​​CH​2​​(C=O);
Como as 2 SEQUÊNCIAS são DIFERENTES, há isomeria óptica;
O número de IOA também será 2^{n}2​;
O número de IOI também será 2^{n-1} ou 2^{n}/2.