Introdução à política - O que é política?
Introdução à política - Sócrates e a justiça
Introdução à política - Platão e a divisão social
Introdução à política - Sofocracia
Introdução à política - Ética e política aristotélica
Introdução à política - Vícios e virtudes
Normalmente, ao falar de política, pensamos em governo, pessoas que administram a cidade, o estado ou o país. Pode ser que pensemos no processo de disputa política típico das democracias e seus elementos: eleições, em candidatos, no voto. É comum manifestar um desagrado a tudo isso: muita gente, quando ouve falar em política, logo pensa em corrupção.
Mas se hoje podemos “não gostar” de política devemos isso exatamente a ela. Se você posta em sua rede social que “odeia política, são todos corruptos” é porque um grande esforço político foi feito para que você tenha direito de fazê-lo. E quem achar que outros problemas graves do Brasil podem ser resolvidos sem política está seriamente iludido.
O termo política vem do grego politeia que se referia a atividade humana ligada à cidade, ao Estado, à administração pública e ao conjunto dos cidadãos. É uma área de relações existentes entre os indivíduos de uma sociedade. Assim, para entender o fenômeno político, devemos compreender suas características como elemento específico diferente de outros fenômenos sociais.
Platão: o rei-filósofo
Os primeiros registros sobre discussão e participação política vêm da Grécia Antiga. Platão é o pensador a oferecer um sistema político elaborado. Para ele o governo ideal seria a sofocracia, ou seja, o governo do rei-filósofo, pois só os filósofos são capazes de contemplar as ideias perfeitas no mundo inteligível. Esse Estado estava organizado numa pólis chamada Calípolis onde a propriedade privada seria abolida e o sistema educacional seria estatizado.
Platão define que a cidade ideal deveria seguir a categorização das almas dos indivíduos (concupiscente, a irascível e a racional), dividindo-se assim em três grandes grupos:
· produtores – responsáveis pela produção econômica, como os artesãos e agricultores, criadores de animais etc. Esse grupo corresponderia à alma concupiscente;
· guardiães – responsáveis pela defesa da cidade, como os soldados. Esse grupo corresponderia à alma irascível;
· governantes – responsáveis pelo governo da cidade. Esse grupo corresponderia à alma racional.
Assim como o indivíduo deve alcançar o equilíbrio entre as três almas, a justiça na pólis se dará pelo equilíbrio das funções executadas por cada grupo social. Além disso, Platão entende que esse equilíbrio no indivíduo deve ser alcançado pela educação e que a alma racional deve preponderar. Também a organização da pólis deve seguir essa concepção. Os indivíduos então deveriam ter igual acesso à educação para que o processo definisse quem executaria qual função, conforme suas aptidões.
Aristóteles: o animal político
Aristóteles acredita que a formação da sociedade é natural. Para ele o ser humano é um animal político, pois necessita estar entre semelhantes para sobreviver. Como faz parte da natureza humana, a sociedade deve ser guiada pelo mesmo fim que define o ser humano, o bem. Assim a política se constituí numa relação de complementaridade com a ética, já que as duas buscam o bem, seja do indivíduo ou do grupo social. O grupo tem, inclusive, precedência sobre o sujeito já que este não é autossuficiente, enquanto a sociedade não se dissolve por causa da ausência de um indivíduo.
E qual a forma adequada à natureza humana para o pensador? A pólis. Já que o homem é um animal social então a pólis é parte da sua natureza. Um Estado que surge como normal, adequado e realizador da humanidade em sua plenitude, pois, sem a pólis o humano não alcança condição natural completa de animal político
Assim, constituída por um impulso natural do ser humano, a sociedade deve ser organizada conforme essa mesma natureza humana. O que deve guiar, então, a organização de uma sociedade? A busca de determinado bem, correspondente aos anseios dos indivíduos que a organizam.
Nesse período do pensamento político são idealizadas três formas de governo: a monarquia, a aristocracia e a politeia; tendo como suas formas degeneradas, respectivamente: a tirania, a oligarquia e a democracia.