Introdução à lógica
Princípios da lógica
Tipos de Juízos e raciocínios
Silogismo
Exercícios: tipos de raciocínio
Exercícios: tipos de raciocínio e princípios da lógica
O que é lógica?
Embora tanto Platão quanto os sofistas tenham se ocupado com questões lógicas nenhum deles o fez com o mesmo rigor alcançado por Aristóteles (séc. IV a.C). A principal obra aristotélica dedicada à lógica chama-se Analíticos e, como o próprio nome sugere, trata da análise do pensamento em suas partes integrantes. Essa e outras obras sobre lógica foram reunidas com o título de Organon, “instrumento”. Ou seja, instrumento para proceder corretamente no pensar. Note-se que o termo lógica (do grego logos, “palavra”, “discurso”, “pensamento”, “razão”), só apareceu, provavelmente um século depois de Aristóteles, com os estoicos.
É claro que reconhecemos a importância de raciocinar e argumentar logicamente. Sem isso não chegaríamos a conclusões válidas e justificadas e não haveria filosofia. Mas naturalizamos tanto esse “raciocinar” que dificilmente nos perguntamos: Como se faz isso?
Se prestarmos atenção observaremos que, de maneira geral, produzimos um caminho, um direcionamento para as ideias e informações para algum sentido, uma conclusão. É esse processo que chamamos de raciocínio, que, tecnicamente é chamado de inferência. Inferir, do latim inferre, quer dizer “chegar a algum juízo ou ideia a partir de outros juízos ou ideias”.
Assim, no estudo da lógica, nos interessa saber se a conclusão de um raciocínio constitui realmente uma consequência dos dados conhecidos e utilizados ou das hipóteses levantadas. Ou, como dizemos cotidianamente, se o que pensamos e dizemos “ faz sentido”, se “tem razão”. Por isso, a lógica – ao mesmo tempo que compõe uma grande área da Filosofia – é um instrumento importante no seu estudo e prática. É impossível filosofar sem justificar uma ideia.
Em outras esferas da vida, a lógica também é fundamental. Não há ciência sem demonstrações rigorosas. Também é necessário lógica quando se trata de justiça, seja na hora de buscar responsabilidades, no momento de defender a inocência ou a culpa do réu, seja quando o jurado tem de tomar sua decisão.
Princípios lógicos fundamentais
Os princípios da lógica são assim chamados por serem anteriores a qualquer raciocínio e servirem de base a todos os argumentos. Por serem princípios são de conhecimento imediato e, portanto, são indemonstráveis. Geralmente, distinguem-se três princípios: o de identidade, o da não contradição e o do terceiro excluído.
Identidade
Identificado inicialmente nas formulações de Parmênides, esse princípio “óbvio” traz a noção de que o ser é, ou seja, todo objeto é igual a ele mesmo. Esse princípio nos diz que podemos afirmar que algo é algo a partir do conjunto de características próprio e exclusivo desse algo. Assim, podemos diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros pelas semelhanças e diferenças que apresentam.
Não contradição
Estabelece que duas proposições (sentenças) não podem ser ambas verdadeiras ou falsas ao mesmo tempo se são contraditórias. Exemplo:
Proposição 1 (P1) – Estamos no período diurno.
Proposição 2 (P2) – Estamos no período noturno.
Perceba que as palavras diurno e noturno carregam sentidos opostos (não importa se usamos a contagem temporal ou a posição da Terra em relação ao Sol). Sendo assim, é impossível que, no mesmo momento, seja dia e noite.
Terceiro excluído
Para qualquer proposição, esta é verdadeira ou sua negação é verdadeira. Observando o exemplo acima percebemos que não há um meio termo entre o que definimos como dia e noite. Ou iluminados pelo Sol (mesmo que parcialmente) ou não somos. Dessa forma, para qualquer proposição P, é verdade que P ou não P.
Raciocínio, proposição e argumento
O raciocínio é um processo que se desencadeia na mente. É uma experiência individual e privada onde ideias e informações formam uma cadeia para gerar um entendimento, solução ou decisão sobre determinado assunto. Às vezes raciocinamos sem perceber. Em outras, o realizamos com esforço, atenção e intenção.
A proposição é um enunciado no qual negamos ou afirmamos um termo (um conceito). As proposições podem ser verdadeiras ou falsas; uma proposição é verdadeira quando corresponde ao fato que expressa.
Já o argumento é o conjunto de sentenças estruturado, normalmente por meio de palavras, que expõe um determinado raciocínio na busca de justificar, apoiar ou provar a verdade de uma outra sentença. As sentenças articuladas pelo argumento como ponto de partida chamamos premissas. Já a sentença final, que deriva dessa articulação inicial, chamamos conclusão.
Os argumentos são válidos ou inválidos (e não verdadeiros ou falsos); um argumento é válido quando sua conclusão é consequência lógica de suas premissas. Tradicionalmente, dividimos os argumentos em dois tipos, os dedutivos e os indutivos, sendo que a analogia constitui um tipo de indução.
Exemplo:
Todo homem é mortal,
Sócrates é homem,
Logo, Sócrates é mortal.
Estamos diante de uma argumentação composta por três proposições em que a última, a conclusão, deriva logicamente das duas anteriores, chamadas premissas. Aristóteles denomina silogismo esse tipo de argumentação. Silogismo em grego significa “ligação”, isto é, a ligação de dois termos por meio de um terceiro.
Tipos de argumentação
Dedução
Método pelo qual se determina uma conclusão partindo da regra geral para casos singulares. Dizemos então que a dedução parte do maior para o menor ou do geral para o particular. Dessa forma, sua conclusão constitui algo que já estava contido na premissa, mesmo que implicitamente, o que significa dizer que, mesmo que produzam provas conclusivas, os argumentos dedutivos não são ampliativos, ou seja, não acrescentam informações ou conhecimentos novos.
Indução
Por esse método percorremos o caminho inverso do anterior. Determina-se a regra geral a partir de casos particulares. Sendo assim, o particular ou menor produzirá o geral ou maior. É um método pelo qual um juízo sobre uma experiência gera uma generalização. É um método no qual a conclusão extrapola as consequências lógicas das premissas, ultrapassando as informações disponíveis. Por isso, afirmamos que o método indutivo é ampliativo, pois produz uma conclusão nova. Como podemos perceber, esse método é amplamente utilizado na ciência, com o devido rigor, critério e controle.
Analogia
Analogia (ou raciocínio por semelhança) é uma indução parcial ou imperfeita, na qual passamos de um ou de alguns fatos singulares não a uma conclusão universal, mas a outra enunciação singular ou particular. Da comparação entre objetos ou fenômenos diferentes, inferimos pontos de semelhança. É claro que o raciocínio por semelhança fornece apenas probabilidade, e não certeza, mas desempenha papel importante na descoberta ou na invenção, tanto no cotidiano como na ciência, na tecnologia e na arte.