Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

A crise de superprodução de 1873

Com a Segunda Revolução Industrial houve uma crise de superprodução que estimulou a expansão das nações europeias em busca de novas zonas de investimento.

As justificativas ideológicas

A Conferência de Berlim

Argélia, Marrocos, Egito

África do Sul

A Era dos Impérios

Ao longo do século XIX, o crescimento dos sentimentos nacionalistas pelo mundo serviu como ponte para “apaziguar” as lutas entre proletários, burgueses e nobres e construir uma ideia de união entre indivíduos de uma mesma nação. Esse sentimento de união, apesar de construído artificialmente e nem sempre ser forte o bastante para evitar as lutas entre as classes, foi fundamental, no entanto, para o fortalecimento dos grandes impérios europeus e para pavimentar a expansão de seus poderes pelo mundo.

Desta forma, independente das diferenças sociais e dos interesses das classes, o sentimento em comum de pertencer a uma nação supostamente superior ou a uma raça que teria uma missão divina de civilizar os “povos bárbaros” foi o que, no século XIX, abriu as portas para que as potências que passavam pela 2ª revolução industrial dominassem regiões consideradas menores, em uma prática que ficou conhecida como o imperialismo.

Assim, utilizando teorias científicas da época, como a eugenia ou o darwinismo social, os países europeus manipulavam dados científicos e determinavam que certas raças seriam inferiores e outras superiores, assim como certos povos seriam civilizados e outros não, por isso, o homem branco, cristão e europeu, teria o “fardo” de levar o progresso e a modernidade para as regiões consideradas bárbaras. Essa noção de progresso e civilização, naturalmente, correspondia aos ideais iluministas e burgueses europeus que alcançaram a 2ª revolução industrial e, agora, deveriam impor ao mundo suas verdades, seus bancos, suas indústrias, suas leis, suas mercadorias e culturas.

Com essa atitude, as grandes potências industrializadas dominavam politicamente, culturalmente e economicamente diversos outros países, principalmente na Ásia e na África. Desta forma, uma nova dominação das potências europeias era realizada, semelhante ao colonialismo dos séculos XVI e XVII, mas, desta vez, com algumas diferenças, por isso denominada de neocolonialismo.

Nesta nova forma de dominação, as potências industrializadas dividiam os territórios do mundo como suas “zonas de influência” ou “colônias” e, assim, para facilitar o controle da população local, interferia nas questões políticas, escolhia líderes, criava leis, proibia práticas culturais ou línguas, reorganizava territórios e praticava todo o tipo de violência, física, mental e simbólica para que os povos dominados servissem ao império dominador. Essa interferência garantia assim que os grandes monopólios e oligopólios industriais penetrassem em regiões “subdesenvolvidas” e explorassem livremente as matérias primas, a mão de obra local e ainda enviasse para esses países o excedente de mercadorias.

Assim, essa prática sobreviveu por mais de um século e, segundo Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do mundo passaram a ser dominadas por algum império. No caso africano, apenas dois países em todo o continente não foram dominados por alguma potência, sendo eles a Libéria, que foi formada por ex- escravos americanos e a Etiópia.

O imperialismo na África

O continente africano foi uma das regiões mais afetadas no planeta pelo imperialismo e, até hoje, sofre com as consequências dessa dominação. Enquanto as intervenções europeias ao longo dos séculos XVI e XVII com a escravidão causaram um forte impacto na demografia, no desenvolvimento dos povos e nas relações étnicas, no século XIX, a Conferência de Berlim (1884-1885), destruiu mais uma vez o continente com a partilha dos territórios, a reorganização geográfica dos povos e o domínio imperialista, que teve como consequência o subdesenvolvimento e guerras civis que arrasam o continente até hoje.

Nessa conferência, participaram 14 países europeus, mais Estados Unidos e o Império Russo, convidados. O objetivo da reunião era definir as fronteiras entre os territórios dominados pelas potências, estabelecer limites, acordos e normas que pudessem nortear as conquistas e evitar empecilhos ou desentendimentos entre as potências. Assim, ficou acordado que a França manteria seu domínio sobre a Tunísia, o Marrocos, a Ilha de Madagascar, o Sudão e parte da Somália. A Inglaterra, por sua vez, teria domínio maior no lado oriental, desde o Mar Mediterrâneo, no norte da África, até o extremo sul, no Cabo da Boa Esperança. Antigas possessões espanholas e portuguesas foram mantidas, na região do Marrocos, Angola e Moçambique e, por fim, o Congo, na conferência foi presenteado ao rei da Bélgica Leopoldo II, como sua propriedade particular. Alemanha e Itália, unificadas tardiamente, conquistaram apenas territórios menores, como os atuais Camarões, Togo, Somália e Líbia.

Apesar da conferência ter como objetivo evitar novos conflitos na corrida imperialista, as disputas não cessaram, levando os interesses capitalistas inclusive à Grande Guerra de 1914. Ainda no século XIX, a Guerra dos Bôeres (1899-1902) foi uma das mais expressivas, pois, ingleses que viviam na Colônia do Cabo (África do Sul), interessados na exploração de minérios, entraram em guerra com os chamados bôeres, que eram descendentes de holandeses que viviam no sul da África há anos, tendo fundado as cidades de Orange e Transvaal. A riqueza de diamantes de Transvaal atraiu os interesses dos ingleses e de estrangeiros, que desejavam o monopólio das minas e, para isso, precisavam anexar a região às colônias inglesas. Assim, com a vitória britânica, e a anexação de Orange e Transvaal, foi criado, em 1910, a União Sul-Africana que, anos depois, ficaria marcada pela segregação racial e pela política do Apartheid.

O Imperialismo na Ásia

No continente asiático, apesar de haver um amplo domínio europeu sobre diversas ilhas e países, os casos mais emblemáticos foram os da dominação inglesa sobre a Índia, a partilha chinesa e a expansão japonesa.

Índia

No caso indiano, a dominação inglesa começou ainda no século XVIII, com o país se tornando um protetorado britânico em 1763. Nessa conjuntura, a Inglaterra ocupava militar e financeiramente a Índia e tinha controle sobre a política e a administração local, em troca, a Índia supostamente ganharia a proteção do Império Britânico. Com o crescimento do domínio da Companhia Britânica das Índias Orientais, que já no início do XIX monopolizava as relações comerciais com o país, a Índia se tornou cada vez mais dependente do produto inglês, sobretudo dos tecidos. A partir de 1848, enfim, novas reformas foram realizadas pela Inglaterra, com missões religiosas e “civilizatórias”, que impactaram profundamente na cultura indiana. Enfim, em 1876, o ministro britânico Benjamin Disraeli elevou o status da Índia a parte do Império Britânico, sendo a Rainha Vitória a Imperatriz da Índia.

Apesar do domínio britânico, a colonização da Índia não foi pacífica, visto que revoltas já no século XIX ajudaram a despertar a resistência e o nacionalismo indiano contra os abusos imperialistas. No caso da Revolta dos Sipaios (1735-1741), militares indianos entraram em confronto contra oficiais ingleses por rejeitarem o uso de graxa animal nas armas, o que nas tradições indianas era considerado um absurdo.

China

No caso chinês, o país continha uma das maiores populações do mundo já no século XIX, sendo, portanto, um mercado consumidor desejável para todas as potências industriais, logo, não só a Europa, como os E.U.A e o Japão investiram no domínio da região.

O grande Império Britânico também obtinha um importante controle do comércio com a China no século XIX, mas, antes de intensificar as intervenções no país, conflitos entre os dois ocorreram. Primeiro, graças a exportação forçada do ópio britânico, produzido na Índia, para a China, uma crise diplomática foi iniciada e, como consequência, levou à Guerra do Ópio (1841). A guerra teve início quando as autoridades chinesas decidiram proibir a entrada do ópio inglês no porto de Cantão, destruindo assim várias caixas do produto e ignorando os pedidos de indenização dos ingleses. Ao iniciar a guerra, os navios chineses não tiveram como vencer a poderosa marinha britânica, que puniu o país asiático com a imposição do Tratado de Nanquim (1842), que obrigava a China a abrir os portos de Cantão, Amoy, Foochow, Ningpo e Shanghai para o livre- comércio, fixar as tarifas alfandegárias de acordo com os desejos ingleses e entregat a cidade de Hong- Kong para a posse da Rainha Vitória e de seus sucessores. Anos depois, a China ainda foi obrigada a assinar o Tratado de Pequim (1860), que abria mais sete portos, embaixadas europeias e declarava o direito de países europeus realizarem missões cristãs no país.

Insatisfeitos com a opressão sofrida pelos novos acordos e pela dominação imperialista, em 1900, parte da população chinesa ainda tentou se rebelar, na chamada Guerra dos Boxers. Nessa revolta, chineses incentivados pelo sentimento nacionalista e anti-imperialista assassinaram cerca de 200 estrangeiros que estavam na China, principalmente com golpes de artes marciais. A revolta, no entanto, não conquistou objetivos ou mudanças concretas, visto que foi massacrada por uma força expedicionária composta por diversos países.

Japão

Após os anos de contato com missionários e navegadores portugueses no século XVI, que levou inclusive a introdução do cristianismo no país, o Japão, em 1648, expulsou os estrangeiros e permaneceu com seus portos fechados para outras nações até o século XIX.

Assim, enquanto a Europa se industrializava e a burguesia ascendia no século XIX, no Japão, o regime dominado pelos daimios e pelos samurais ainda sobrevivia em um sistema semelhante ao feudalismo, extremamente agrário e isolado. Essa estrutura mudou apenas em 1854, quando uma frota de navios americanos, interessado em expandir os comércios e o mercado consumidor do país chegou na costa japonesa. Comandados pelo almirante Perry, a marinha americana forçou a abertura dos portos japoneses e, sob ameaças, impôs a assinatura de diversos tratados comerciais que, de certa forma, contribuíram para o próprio desenvolvimento econômico japonês e para o fim do antigo regime e das tradições locais.

As mudanças ocasionadas nesse período e a centralização política promovida pelo imperador Mutsuhito promoveu assim a industrialização do país, no que ficou conhecido como a Era Meiji. A nova face do Japão logo se voltou para as conquistas no Oceano Pacífico, expandindo o império japonês e dominando diversas ilhas na região. Guerras contra a China em 1894 e contra a Rússia, em 1904 garantiram, inclusive, a hegemonia japonesa e demonstraram ao mundo o poder da nova potência asiática.