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Baixa Idade Média e a Crise do Sistema Feudal

Neste vídeo, o professor William Gabriel fala sobre o período do fim da Idade Média, a chegada do renascimento comercial e o início da formação dos Estados nacionais.

Pioneirismo Luso

Centralização Espanhola

Centralização Francesa

Centralização Inglesa

Para compreendermos a formação dos Estados Nacionais, é necessário que olhemos para a Baixa Idade Média, período de crise do feudalismo, e que compreendamos os fatores que contribuíram para a transformação do mundo feudal e o advento da Idade Moderna.

Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares organizadas pela Igreja Católica que aconteceram entre os séculos XI e XIII, com o objetivo de conquistar Jerusalém, a chamada Terra Santa. Uma das principais consequências da Cruzadas foi a abertura de rotas comerciais na Europa, contribuindo para o chamado renascimento comercial, fato essencial para a compreensão das transformações que levaram ao declínio da Idade Média.

Crise do Século XIV e Centralização Política

O renascimento comercial ocorreu em paralelo a um renascimento urbano, já que uma série de inovações nas técnicas agrícolas permitiram o aumento da produção e, como consequência disso, o crescimento populacional. O aumento da população permitiu o crescimento das cidades, áreas externas aos feudos que eram chamados de “burgos”. Esse processo, no entanto, foi freado em fins do século XIII, quando agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade da Idade Média. A produção agrícola não respondia às exigências das cidades em crescimento e as terras férteis eram cada vez mais escassas. Somado a este cenário, um período de fortes chuvas destruiu os campos e colheitas, contribuindo para que a Europa medieval fosse mergulhada em um período de fome e miséria. Como consequência da fome, epidemias se alastraram trazendo intensa mortalidade à população. A principal deles foi a peste negra, que amedrontou a população e abalou a economia. Cidades ricas foram destruídas e abandonadas pelos seus habitantes. Os servos morriam e as plantações ficavam destruídas por falta de cuidados. Nesse contexto de crise, os senhores feudais começaram a receber menos tributos diminuindo seus rendimentos e, para manter a cobrança de impostos, intensificaram a exploração dos camponeses e servos.

O recrudescimento da exploração feudal sobre os servos contribuiu para as revoltas camponesas que se espalharam pela Europa no século XIV. A mortalidade trazida pelas chuvas, fome e peste negra foi ainda ampliada pela longa guerra entre os reis da Inglaterra e França, que entre combates e tréguas, durou mais de um século (1337/1453): a Guerra dos Cem Anos. 

A solução para este cenário de crise foi justamente a centralização do poder político, que levou a formação dos Estados Nacionais Modernos e do Absolutismo. Ele foi fruto de um processo que levou ao fortalecimento do poder dos reis, caminho encontrado para supressão das revoltas camponesas. A nobreza feudal, que detinha poder político sobre o feudo, se tornou uma nobreza cortesã detentora de privilégios na nova ordem vigente. Foi, assim, essa aliança entre o rei e a nobreza que promoveu a centralização do poder político nas mão dos reis absolutistas. Com a formação dos Estados Nacionais Modernos houve a criação de uma burocracia administrativa, a criação de um exército nacional para estabelecer ordem pública na sociedade, a unificação das leis e o surgimento de tarifas e tributos unificados. Nesse processo, a burguesia garantiu elementos que levaram ao seu fortalecimento econômico, como a unificação dos pesos, medidas e moedas e a dissolução dos impostos feudais.

Pioneirismo Português

Dentro do processo de formação das monarquias nacionais, Portugal vai se destacar com uma unificação precoce que vai ocorrer devido a uma série de acontecimentos históricos que vão permitir que o primeiro Estado a se unificar na Europa, ainda no século XIV, se torne uma potência comercial e marítima. Com uma boa parte do território ocupado por mulçumanos após a invasão árabe no século VIII, a saga pela constituição dos reinos de Portugal e Espanha vai passar pela expulsão dos árabes do território da Península Ibérica travando guerras que também tinham um aspecto sagrado – Cruzadas – para retomar o seu controle político, econômico e religioso.

Após a expansão territorial e a separação do reino de Leão promovida pela dinastia de Borgonha, a crise na sucessão após a morte de Fernando I, que não deixou herdeiros homens, vai despertar o interesse do reino de Castela em ocupar o território com o intuito de anexa-lo ao seu reinado, entretanto a unificação vai dividir a sociedade que vivia naquele território. Temendo perder sua autonomia,alguns setores como a burguesia e uma parte da nobreza vão declarar seu apoio ao irmão bastardo do rei falecido, João – conhecido também como Mestre de Avis. Apesar de estar em desvantagem numérica, o exército português consegue vencer a batalha contra os soldados castelhanos usando técnicas de guerra inovadoras inspiradas na Guerra dos Cem anos, unificando o país em torno da figura de Dom João I.

A burguesia portuguesa que já se encontrava em um crescente sucesso econômico devido ao comércio no Mar Mediterrâneo e no Mar do Norte vai prover os recursos financeiros para a manutenção do Exército que vai levar a vitória de Dom João que quando vence favorece a expansão econômica dos burgueses que vai mudar de patamar ao levar sua ampliação para o mar, abrindo caminho para novas rotas comerciais atrás de um caminho para as tão sonhadas especiarias.

E a Espanha?

Até o século XV o território que virá a ser chamado de Reino da Espanha se encontrava descentralizado e dividido em diversos reinos como Leão, Castela, Aragão e Granada, que ainda se encontrava em poder dos mouros. Com o casamento entre Fernando, rei de Aragão, com Isabel, sucessora no trono de Castela, a unificação vai começar a tomar forma após a morte do pai da herdeira e a decisão de unir as duas coroas. Conhecidos popularmente como os “Reis Católicos”, Fernando e Isabel firmaram um acordo com a Igreja Católica a fim de expulsar os árabes e os judeus do seu território criando assim um Tribunal do Santo Oficio - Inquisição – promovendo uma caçada política e religiosa contra aqueles considerados inimigos, chamada de Guerra da Reconquista. Utilizada como um instrumento de controle, a Inquisição vai utilizar o terror como forma de subjugar todos aqueles que questionassem o seu poder. Ao mesmo tempo, a burguesia espanhola já se mostrava disposta a conquistar novas rotas comerciais ao explorar o território das Ilhas Canárias e ao firmar o Tratado de Alcaçovas (1479) com o reino de Portugal a fim de estabelecer seus interesses exploratórios.

A monarquia a là francesa

A região que vai compor a monarquia francesa era descentralizada e ocupada por diversos outros reinos, como o inglês. A Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França vai se tornar um divisor de águas para a centralização de ambas as coroas. Liderados pela Dinastia Valois, os franceses ganharam a guerra, afastando a nobreza inglesa de seus territórios.

A guerra contra os ingleses deu a base para o aumento do poder na mão do rei, com a criação de um exercito e a cobrança de imposto para dar conta do conflito, por exemplo. O enfraquecimento do poder dos senhores feudais também foi uma consequência da batalha, que vai encontrar na peste negra e nas revoltas camponesas um auxilio para a vitória francesa e um motivo para o rei ganhar o apoio da burguesia.

A vitória na guerra vai assegurar o poder centralizado nas mãos do monarca consolidando a sua centralização. Logo em seguida com a Dinastia Bourbon e o rei Henrique IV, a França se consolida como o símbolo do absolutismo no continente europeu. Dentre os célebres reis que governaram a França podemos citar Luís XIV, conhecido como “O Rei Sol”.

A Inglaterra e o absolutismo

Apesar de o absolutismo ter representado um regime político bem difundido pela Europa durante a Idade Moderna, na Inglaterra, esse modelo não obteve uma longa estabilidade como em outros Estados modernos do continente, visto que, já em 1215, a criação da Magna Carta limitava o poder real e frustrava as tentativas de centralização.

Logo em seguida, a Inglaterra vai se envolver em uma série de guerras que adiaram a centralização do poder na mão do monarca. A mais famosa é a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) travada contra a França.

A fragmentação deste poder, assim, no início da Idade Moderna, permitiu não só que as nobrezas regionais tivessem maior poder como a própria burguesia ascendesse economicamente. Essa descentralização, no entanto, foi interrompida apenas no século XVI quando, após a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485), entre as famílias York e Lancaster pelo trono inglês, acabou enfraquecendo a nobreza e levando ao trono Henrique VII, da família Tudor e, posteriormente, Henrique VIII (1509-1547), que deu corpo ao absolutismo inglês. Apesar da postura centralizadora deste rei, o absolutismo não conseguiu se estabilizar na Inglaterra, gerando assim diversos conflitos com o parlamento e sendo muitas vezes responsável pelo crescimento das tensões religiosas.