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Problema de existir

A professora Larissa Rocha descomplica Heidegger. Confira!

Influência da fenomenologia

A questão do ser

Sentido do ser

Angústia

Martim Heidegger foi um filósofo, escritor, professor e reitor alemão, que acabou se tornando um dos maiores expoentes da filosofia do século XX. O pensador alemão estudou na Universidade de Friburgo, tendo sido colega de Edmund Husserl (1859 1938), o pai da fenomenologia. Heidegger viria a se tornar assistente de Husserl nessa mesma Universidade e, no entanto, formula um pensamento original que, aliás, seria posteriormente rejeitado por Husserl. Heidegger está contextualizado no século XIX, época em que diversos filósofos passaram a questionar o excessivo racionalismo da tradição filosófica. Kierkegaard (1813 1855), de alguma maneira, já havia começado a fazer esses questionamentos que, no século XX, iriam desembocar no pensamento existencialista.

Apesar de ser enquadrado por alguns como um filósofo existencialista, Heidegger rejeitou essa filiação afirmando que, em seu pensamento, suas reflexões sobre a noção de existência não tratam propriamente da existência pessoal, mas fazem parte de uma análise do problema do ser. No entanto, é inegável que Heidegger influenciou fortemente as obras dos filósofos existencialistas, sobretudo Jean-PaulSartre. A fenomenologia de Heidegger, diferentemente da de Husserl, é hermenêutica (interpretativa), o que lhe possibilita uma reinterpretação da relação entre consciência e mundo, entre sujeito e objeto. Essa nova interpretação parte de uma crítica de Heidegger ao dualismo, que havia imperado na filosofia desde Platão, apontando para a formulação do conceito de ser no horizonte do tempo.

Em sua principal obra Ser e Tempo Heidegger faz uso do método fenomenológico no sentido de elaborar uma teoria do ser. O filósofo percebe, inicialmente , as diferenças da existência humana em relação com as outras coisas do mundo, como as coisas e os animais, pois o ser humano tem um modo próprio de existência. Esse modo próprio de existência ele chamará de "ser-aí" (Dasein, em alemão), o que é o mesmo que "ser-no-mundo". Isso significa que, segundo Heidegger, o ser humano não está separado das outras coisas do mundo, ou seja, a consciência humana está já situada no mundo.

Nesse sentido, a existência humana possui dois aspectos essenciais: A facticidade e a transcendência. A facticidade é o conjunto de determinaç ões a que estamos submetidos, pois nos encontramos no mundo possuindo certas características físicas, sendo pertencente a uma determinada família ou grupo social, vivendo numa determinada época história, e assim por diante. Já a transcendência é a ação humana de ir além dessas determinações, configurando a dimensão da liberdade pr ópria ao ser humano. O Dasein é um ser no tempo, que projeta sua existência no futuro, podendo transcender, ainda qu e não facilmente, o passado.

Para o filósofo alemão, uma vida autêntica é aquela que se projeta no tempo em direção ao futuro, trazendo sempre novas possibilidades. Já a vida inautêntica é aquela que se satisfaz com verdades e normas dadas, não se projetando para o futuro, não buscando originalidade nas ações. Sobre as possibilidades, Heidegger considera uma maneira especial, a morte. Para ele, o "ser-aí" é um "ser-para-a-morte". Ou seja, é  a  consciência  da  nossa  finitude  que  possibilita  um  olhar  mais   crítico  sobre  nossa  existência. Ao tematizarmos nossa própria morte, nossa finitude, abrimos caminho para o questionamento e para a transformação de nossa própria existência.