Origem do pensamento de Habermas
Teoria do Agir Comunicativo
Razão Comunicativa
Nova visão - Conclusão
Questões 1, 2 e 3 sobre a teoria comunicativa de Habermas
Questão 4 e 5 sobre a racionalidade instrumental e a teoria da ação comunicativa
Jürgen Habermas (Düsseldorf, 18 de junho de 1929) é um grande filósofo e sociólogo alemão, participante da tradição da teoria crítica e do pragmatismo e também da famosa Escola de Frankfurt, tendo sido assistente de Theodor Adorno. Assim, ele é considerado como um integrante da “segunda geração da Escola de Frankfurt” e suas investigações sobre a democracia são muito importantes, principalmente através de sua teoria sobre o agir comunicativo e sobre a esfera pública. Habermas teve uma formação marxista e, no entanto, adaptou essas ideias ao capitalismo próprio das sociedades contemporâneas industriais.
No contexto do século XX, vemos surgir uma nova maneira de se relacionar com as questões éticas e morais. Nesse sentido, a noção de sujeito e, mais propriamente, a noção de consciência, dá lugar a uma investigação sobre a linguagem. Em linhas gerais, esses questionamentos sobre a linguagem derivam da filosofia analítica, de pensadores como Ludwig Wittgenstein (1889 - 1951) e Richard Rorty (1931 - 2007). Portanto, estamos em um contexto de crítica da razão, tal como entendida na modernidade, e de aprofundamento do estudo sobre a linguagem. Veremos agora como Habermas fundamenta a sua ética do discurso, aspecto central de toda a sua investigação filosófica.
O conceito de razão é importante para a fundamentação da ética do discurso em Habermas, mas não a razão tal como entendida por Immanuel Kant - não uma razão reflexiva, reduzida ao sujeito - mas sim uma razão dialógica, uma razão comunicativa, ou seja, uma noção ampliada de razão. Trata-se, portanto, de uma ética não fundamentada pela subjetividade (ética kantiana), mas uma ética fundamentada na inter-subjetividade, no diálogo, na própria interação dos indivíduos que compõem um grupo.
Assim, há uma distinção proposta por Habermas entre, por um lado, a razão instrumental e, por outro, a razão comunicativa. Podemos citar como exemplo de utilização da razão instrumental a própria manipulação indiscriminada dos recursos naturais, o que gera enormes consequências do ponto de vista global, como o aquecimento global. Como podemos ver, o uso da razão instrumental é sempre guiado por interesses particulares.
Já a razão comunicativa, leva em consideração o consenso entre os indivíduos, a possibilidade de se posicionarem de maneira crítica a respeito das normas a serem ou não adotadas pelo grupo. Assim, as normas não seriam derivadas de uma razão abstrata e universal, mas sim de um consenso a que chegariam os indivíduos, numa situação de co-responsabilidade. Nesse sentido, do ponto de vista ético, não se pode abandonar, segundo Habermas, a ideia do homem como um ser relacional e que, portanto, tem a necessidade da comunicação. Trata-se de uma concepção ética muito importante na medida em que abre caminho para o diálogo, para a tolerância, para o consenso, no âmbito das sociedades contemporâneas.
O agir comunicativo, com efeito, baseia-se no entendimento entre indivíduos racionais que buscam convencer uns aos outros sobre a validade das normas, até que elas possam ser aceitas por todos a partir do consenso. Para que isso funcione da maneira adequada, todos os argumentos relevantes, dentro de uma “situação ideal de fala”, serão levados em consideração na discussão de uma determinada questão, o que levará a soluções mais democráticas, a uma abertura maior ao diálogo e ao reconhecimento das diferenças inter-subjetivas existentes no interior de uma sociedade.