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Mundo Bipolar

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi marcado pela bipolarização política durante a Guerra Fria. Nesse período o acesso a informação era muito importante, por isso foram criados diversos serviços de inteligência como a CIA e o KGB.

Guerra da Coreia

Macartismo e o caso Rosenberg

Desestalinização na União Soviética

Coexistência Pacífica

Guerra do Vietnã

Presença soviética no Afeganistão

Guerra Fria

A Guerra Fria é entendida como uma disputa ideológica entre o comunismo e o capitalismo, representados, respectivamente pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e pelos Estados Unidos. Esta conflagração teve início após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e ficou assim conhecida porque ambos os países nunca se enfrentaram diretamente num conflito em seus territórios. O fim da Guerra Fria ocorreu em 1991, quando houve desmantelamento da URSS e marcou-se a vitória do bloco capitalista.
Durante as duas mais de quatro décadas de duração, Estados Unidos e URSS buscavam aumentar sua área de influência, tanto por meios materiais – através da economia e do poder bélico – quanto por suas distintas ideologias. Procurando se afirmar como maior potência global, ambos iniciaram uma corrida armamentista: eles tentavam sempre superar o poder bélico de seu oponente e avançar em criações tecnológicas voltadas à guerra. A corrida armamentista tornou-se também nuclear: os Estados Unidos possuíam a tecnologia desde 1945, e a URSS realizou seus primeiros testes em 1949.
Outro meio em que a disputa ocorreu de modo muito claro foi no espaço: a conhecida corrida espacial. Os soviéticos contaram com algumas vitórias iniciais: lançaram o primeiro satélite artificial (1957), o primeiro foguete tripulado com um ser vivo (1960) e mesmo o primeiro voo espacial tripulado por um humano (1961). Entretanto, a chegada do homem à lua, realizada pelos Estados Unidos em 1969, foi o ápice dessa corrida.
Um dos maiores símbolos da Guerra Fria foi o muro de Berlim. Após a derrota na II Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida entre quatro vencedores: França, Inglaterra, Estados Unidos e URSS. Os países capitalistas fizeram uma nova aliança e estabeleceram seu domínio sobre a Alemanha Ocidental. A URSS não aderiu à aliança e passou a ter influência direta sobre a Alemanha Oriental. Em 1961, foi erguido um muro
separando as duas partes da cidade em capitalista e socialista: o muro de Berlim, que somente seria desmantelado ao final do conflito.
Apesar do nome “Guerra Fria” e das superpotências não terem entrado em conflito direto em nenhum momento, houve conflitos na periferia do sistema que contaram com a influência dos EUA e da URSS. A Guerra da Coreia, do Vietnã e do Afeganistão são alguns dos exemplos mais conhecidos, onde ocorreu o enfrentamento indireto entre as duas superpotências em disputa.
O período entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o desmantelamento da União Soviética, em 1991, ficou conhecido por uma série de tensões diplomáticas e disputas conhecidas como a “Guerra Fria”. Estas décadas marcaram profundas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais no mundo, sendo as disputas entre Estados Unidos e União Soviética o epicentro das decisões e transformações globais.

 

Guerra da Coréia 

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as disputas pelo domínio de zonas de influência voltaram a ser destaque nos conflitos mundiais. No entanto, com o fim da ascensão fascista e a vitória dos Aliados, duas ideologias, pós-1945, saíram vencedoras: o socialismo representado pela URSS e o capitalismo, liderado pelos EUA. Assim, enquanto as duas grandes potências vencedoras aumentavam suas zonas de influência e suas
forças militares, os países do eixo, com a derrota, perderam territórios e poder político. Na Ásia, os japoneses desocuparam a península coreana após as derrotas para as tropas soviéticas ao norte e para os americanos ao sul, deixando na Coreia a marca de uma presença cruel e repleta de barbaridades.
Livre da influência japonesa, os aliados decidiram o futuro do país durante a Conferência de Potsdam, mantendo a ocupação militar soviética ao norte e a americana ao sul, separadas pela fronteira do Paralelo 38. Apesar do descontentamento das populações locais, que não foram consultadas, o governo socialista de Kim IL-Sung foi estabelecido ao norte e o capitalista de Syngman Rhee ao sul. Apesar dos EUA e da URSS retirarem suas ocupações em 1948 e 1949, as revoltas sociais e o fracasso nas eleições de 1948 ampliaram o clima de tensão entre as duas Coreias.
Kim Il-Sung, em constante contato com a União Soviética e ambicionando uma unificação das Coreias, desrespeitou os limites do paralelo 38 e invadiu a Coreia do Sul com apoio de soldados chineses e armas soviéticas enviadas por Stálin, que desejava manter o poder político da URSS na Ásia. Por outro lado, os Estados Unidos apoiaram os sul-coreanos, visando a manutenção da influência americana na ásia com o apoio ao governo do sul capitalista. A guerra durou até 1953 e terminou com as ameaças americanas de bombardear com armas nucleares a China e a Coreia do Norte se as hostilidades não parassem, assim, os nortistas e sulistas assinaram o armistício que estabelecia uma zona desmilitarizada ao longo do paralelo 38.
Até hoje a tensão na península ainda é grande, mas recentes esforços para a reaproximação dos dois países, em conjunto com os Estados Unidos, têm avançado na resolução dos problemas diplomáticos.


Guerra do Vietnã

Ainda neste período da Guerra Fria, outro conflito que foi influenciado pela bipolarização do mundo foi a guerra do Vietnã. A guerra foi uma consequência direta dos desdobramentos da chamada Guerra da Indochina, que tornou o Vietnã independente da França e separado em norte socialista, liderado pelo revolucionário Ho Chi Minh e sul capitalista, governado por Diem Dinh. As tentativas de reunificação do país através de eleições não foram bem sucedidas, ampliando ainda mais a tensão entre os dois países e a influência da União soviética ao norte e de países capitalistas ao sul.
A guerra começou oficialmente em 1959 quando guerrilheiros socialistas do Sul (Viet Congs) iniciaram ataques ao Vietnã do Sul, com o objetivo de derrubar a ditadura de Diem Dinh e reunificar o país. Com o assassinato de Diem Dinh em 1963, os americanos começaram a enviar as primeiras tropas ao país, intensificando a presença em 1964, com o suposto ataque de Viet Congs ao navio americano USS MaDdox.
Com essa intervenção o cenário político e social entrou em convulsão nos Estados Unidos. Enormes protestos contra a guerra do Vietnã aconteceram, principalmente protagonizados por ativistas associados à cultura hippie, aos movimentos de esquerda e ao movimento pelos direitos civis dos negros (tendo em vista que havia um grande alistamento de soldados negros). Assim, com o baixo apoio popular à guerra e com as
sucessivas derrotas americanas no Vietnã (graças às florestas tropicais desconhecidas pelos estadunidenses e as apuradas técnicas de guerrilha do exército vietnamita) os americanos desistiram da guerra em 1973, que terminou com a assinatura do Acordo de Paris e a retirada definitiva das tropas em 1975.


Crise dos Mísseis

Em outubro de 1962, uma crise entre as duas maiores potências quase levou o mundo a sua aniquilação. O presidente John F. Kennedy anunciou em rede nacional a descoberta que os russos estavam instalando em Cuba uma série de mísseis nucleares, resposta direta à instalação de mísseis na Turquia pelos EUA. O anúncio provocou um choque no mundo inteiro pela possibilidade do início de uma guerra nuclear entre as duas
potências rivais. Começava então a movimentação militar marítima, a fim de realizar um um bloqueio naval e uma possível invasão à ilha, caso os soviéticos não retirassem os mísseis. 
Uma negociação que durou 13 dias foi instalada entre as duas potências, que terminou com um acordo entre Soviéticos e Estadunidenses, assim, a URSS desinstalaria os mísseis com a promessa de Kennedy também retirar mísseis da Turquia, que estavam muito perto da URSS, e não invadir Cuba, ilha socialista governada por Fidel Castro. Depois desse episódio foi inaugurado um canal direto entre os líderes do EUA e da URSS, além dos dois países reduzirem seus armamentos nucleares.


Détente e Recrudescimento


Depois da crise dos mísseis e os agravamentos da Guerra do Vietnã, junto com oposição interna na política e na população, os presidentes estadunidenses Richard Nixon e Gerald Ford Jr., em conjunto com Leonid Brejnev (que enfrentava dificuldades econômicas com a crise do petróleo e movimentos nacionalistas e reformistas como a Primavera de Praga de 1968), tomaram uma série de medidas de aproximação econômicas e militares que na linguagem diplomática é chamada de Détente, ou, em tradução livre do francês: distensão, relaxamento de tensões.
Além disso, as duas potências participavam de conflitos com intenso interesse para ambos, como a Guerra do Vietnã, e vinham de uma escalada de medição de forças e disputa por áreas de influência nos continentes da América, África e Ásia.
A aproximação foi feita em um contexto de tensão extrema entre os dois países, mas também dentro das duas potências. Assim, além do propósito pacifista e de autopreservação, os líderes tendiam a diminuir as pressões internas. Os principais pontos desse período foram a retirada das tropas americanas do Vietnã, feita por Nixon, e o desarmamento nuclear das duas potências. Os acordos começaram com o Tratado de Moscou sobre a regulação das pesquisas nucleares e a neutralidade da Antártida, depois desses seguiramse mais três acordos sobre armas nucleares: o TPN (1968), SALT I (1972) e SALT (1979).
Há também mudanças nas diplomacias de outras potências, como a retirada da França da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1966, pelo nacionalista e anti-americanista Charles De Gaulle, a retomada de relações da Alemanha Ocidental com países vizinhos em 1969, e o reconhecimento do governo chinês pelos Estados Unidos.
Apesar desse período de “paz diplomática”, a década de 1980 foi marcada por uma retomada de tensões. A Guerra do Afeganistão, ainda em 1979, marcou a fracassada intervenção dos soviéticos em defesa de um governo socialista e a subida de um governo islâmico, patrocinado pelos Estados Unidos, no país. Outro fator foi a eleição dos neoliberais Ronald Reagan e Margareth Thatcher, nos Estados Unidos e Reino Unido respectivamente, esquentando as tensões internacionais com a defesa de um novo endurecimento com os soviéticos. As tensões terminaram com o fim da União Soviética em 1991 pelas mãos de Mikhail Gorbachev.


Mudanças Culturais


O fim da Segunda Guerra Mundial e dos extremismos autoritários abriu caminho para novas ideias, como as que defendiam mais liberdades, tanto individuais como coletivas, que lutavam pelo fim de velhas imposições sociais e por mais liberdade sexual e social das mulheres. Vários intelectuais da Europa e Estados Unidos influenciaram essas correntes de pensamento mais libertário.
No mundo cultural, o rock em suas versões mais psicodélicas arrastava multidões para gigantescos festivais de música como o de Woodstock em 1969. As lutas dos movimentos feministas, negros e LGBTs se intensificaram nesta época. No campo da luta pelo direito das mulheres há um crescimento muito intenso na militância, reivindicando mais do que somente direitos políticos, pretendendo acabar com a discriminação de gênero no âmbito social, como por exemplo na separação de papéis masculinos e femininos e na igualdade e consolidação da mulher nos ambientes de trabalho. Um dos grandes nomes que influenciaram essa geração foi o da filósofa francesa Simone de Beauvoir.
O movimento negro pelos direitos civis também causou espanto na sociedade tradicional estadunidense. Mesmo depois da guerra da secessão, os afro-americanos sofriam imensas sanções legais, principalmente nos estados do sul dos EUA. Nesses lugares, que até hoje guardam um revanchismo racista do norte e dos negros, havia leis que segregavam os negros de espaços exclusivos para brancos. Nesse sentido, um dos mais marcantes feitos desses movimentos pacíficos foi o caso de Rosa Parks, que se recusou a ceder seu lugar em um ônibus em Montgomery, no Alabama, em 1955, o que provocou o Boicote dos Ônibus de Montgomery, promovido pela Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP em inglês).
Outro movimento famoso de resistência foi o dos Panteras Negras, fundado em 1967. Inicialmente era um grupo de autodefesa dos bairros de maioria negra contra os abusos policiais, no entanto, mais tarde o grupo ganhou a influência do marxismo revolucionário, sendo que algumas alas mais radicais eram a favor da revolução armada. O grupo chegou a contar com mais de dois mil membros filiados, com sedes em todo o país, estes sofreram uma dura repressão policial e um desmantelamento sistemático provocado pelo FBI, onde muitos membros foram executados ou presos, uns de seus adeptos mais famosos foi a ativista Angela Davis. 
Os movimentos de libertações homossexuais também ganharam destaque nas décadas de 1960 e 1970, principalmente depois das revoltas de Stonewall em Nova Iorque. O Stonewall era um bar destinado ao público LGBT que na época sofria grande perseguição das autoridades e empresas privadas. Em 26 de julho de 1969, a polícia de Nova Iorque tentou invadir o bar, porém, os frequentadores organizaram uma enorme
resistência contra a ação policial e, por fim, conseguiram por seguidas noites durante seis meses afastar a polícia do bairro de Greenwich Village e organizar uma luta coesa pelo direito dos homossexuais, que se espalhou pelo resto do país. Um dos mais famosos nomes dessa luta foi o representante municipal por São Francisco, Harvey Milk, sendo o primeiro homossexual eleito para um cargo político e morto por um adversário
dentro do prédio da câmara em 1978.