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Gênero Narrativo

A professora Fernanda Vicente fala sobre os gêneros textuais. Confira!

Notícia/Reportagem

Narração

Antes de falarmos sobre os gêneros textuais que seguem uma tipologia narrativa, é importante falarmos sobre essa estrutura textual. A narração é um tipo textual, também conhecido como modo de organização do discurso. Essa classificação tem como objetivo indicar as características presentes nesses textos, por exemplo, a estrutura, as construções frasais, a linguagem, o vocabulário, os tempos verbais, as relações lógicas de ideias e o modo de interação com o leitor. Um texto narrativo, portanto, tem como objetivo contar uma história a partir de uma sequência de ações.
Os textos que seguem uma tipologia narrativa possuem características em comum, são elas:

O foco narrativo

  • Narrador em 1ª pessoa: No narrador-personagem. A narrativa é vista de dentro para fora, de acordo com as perspectivas do personagem, que é caracterizado, também, por meio das relações que faz, da linguagem que usa e de suas experiências.
  • Narrador em 3ª pessoa: Narrador-observador. Ele conhece todos os elementos da narrativa, dominando e controlando o modo de pensar dos personagens. Não há reconhecimento nem revelação de todo o ambiente por parte de quem narra e isso mantém o mistério e dá um certo limite ao leitor, além de não se intrometer muito na história.

Os tipos de discurso

Discurso direto

Dá voz à personagem. Confere mais rapidez e dinamismo à narrativa. Possui enunciado em 1ª ou 2ª pessoa.

Exemplo:
“– Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
– Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura.”

(trecho do livro “Quincas Borba” de Machado de Assis)

Discurso indireto

A fala do personagem passa a ter a voz do narrador. É ele quem reproduz a fala do personagem. Possui enunciado em 3ª pessoa.

Exemplo:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.”


(trecho do livro “Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto)

Discurso indireto livre

Há a mescla das vozes do personagem e do narrador, o que pode ocasionar certa confusão ao leitor.

Exemplo:

“O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo para chefe de Estado…”.

(Trecho de “Os Maias” de Eça de Queirós)

O enredo

É o conjunto de fatos que se desenrola na história, os acontecimentos, intrigas, encontros. O enredo é a própria narrativa. Em sua estrutura lógica podemos identificar:

  • Situação inicial: Começo da história e apresentação dos personagens e suas características, espaço e tempo
  • Complicação: Ruptura do equilíbrio inicial, surgimento do conflito e encadeamento dos fatos da narrativa.
  • Clímax: Ponto alto do conflito, resultante dos encontro de vários conflitos entre as personagens.
  • Desfecho: Solução final dos conflitos. Assim como na situação inicial, há novamente um equilíbrio no texto.

O tempo

Responsável pelo ritmo rápido ou lento da narrativa. Podemos ter dois tipos de tempo: o cronológico (passagem normal do tempo) e o psicológico (narrativa reflexiva, por dentro da subjetividade do narrador.

O espaço

O espaço pode ser real ou virtual. O espaço é classificado como real quando está no mundo que nós conhecemos. Podemos pensar também que, por exemplo, o mundo dos elfos é real dentro do contexto em que está inserido, pois os eventos da sua história acontecem nele. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele que modifica a realidade do que é narrado, ou seja, são espaços fora da realidade mais palpável: fantasias, sonhos, imaginação.

ATENÇÃO!

Agora que você já sabe que a narração é um tipo textual, é importante destacar que essa estrutura pode ser encontrada em diferentes gêneros textuais. No entanto, os gêneros textuais são textos que possuem uma função social (objetivo/finalidade) em determinada situação comunicativa.

São exemplos de gêneros textuais que utilizam-se da tipologia narrativa:

  • Crônicas – Narrativas curtas que costumam abordar temáticas cotidianas de maneira criativa. É comum que a linguagem seja simples. Além disso, normalmente, são publicadas em jornais, revistas e blogs.

Inimigos
“O apelido de Maria Tereza, para Norberto, era ‘Quequinha’. Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava na sua mão, carinhosamente, e começava:

Pois a Quequinha…
E a Quequinha, dengosa, protestava:
-Ora, Beto!
Com o passar do tempo o Norberto deixou de chamar a Maria Tereza de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:
-A mulher aqui…
Ou, às vezes:
-Esta mulherzinha…
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca o silêncio. O tempo usa armas químicas.)
Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por Ela.
-Ela odeia o Charles Brason.
-Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chama-se de Ela, ainda usava um vago gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer ‘essa ai’ e a apontava com o queixo.

Essa ai…
E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.
(O tempo, o tempo. Tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois cura)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, O Norberto nem olha na direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:
Aquilo…”

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996.

  • Fábulas – Narrativas curtas em que os personagens são animas que apresentam características humanas. Além disso, possuem caráter educativo e apresentam uma “moral”.

A cigarra e a Formiga

A cada bela estação uma formiga incansável levava para sua casa os mais abundantes mantimentos: quando chegou o inverno, estava farta. Uma cigarra, que todo o verão levara a cantar, achou-se então na maior miséria. Quase a morrer de fome, veio esta, de mãos postas, suplicar à formiga lhe emprestasse um pouco do que lhe sobrava, prometendo pagar-lhe com o juro que quisesse. A formiga, que não é de gênio emprestador; perguntou-lhe, pois, o que fizera no verão que não se precavera.
— No verão, cantei, o calor não me deixou trabalhar.
— Cantastes! tornou a formiga; pois agora dançai.

Disponível em: https://www.culturagenial.com/fabulas-de-esopo/

  • Romances – Narrativas normalmente longas (em prosa), que contam uma história que gira em torno de personagens e seguem uma sequência temporal.
  • Contos – Narrativas mais curtas que os romances, que, normalmente, giram em torno de menos personagens.

Mineirinho

É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. (…)

(Clarice Lispector)

  • Novelas – A novela está situada entre o conto e o romance, pois costuma ser uma narrativa menor que o romance e maior que o conto. Dentro da novela, é comum haver o desenvolvimento de vários enredos ao longo da narrativa. Ao contrário do romance, a novela segue um ritmo mais acelerado.

Textos jornalísticos

Os textos jornalísticos são veiculados com intuito de comunicar e informar sobre algo. A linguagem desses textos deve, em geral, ser objetiva, clara e imparcial, para que o leitor compreenda as informações mais relevantes sobre o tema. Em geral, o desenvolvimento textual responde às perguntas “O que?” (fato ocorrido), “Quem?” (pessoas envolvidas), “Quando?” (horário em que ocorreu o fato), “Onde” (local onde ocorreu o fato), “Como” (circunstância em que ocorreu o evento) e “Por quê?” (causa do fato). A função social dos textos de caráter informativo é informar o leitor sobre algo. São caracterizados pela presença da linguagem denotativa e pela organização das informações que são expostas de acordo com o enfoque definido pelo emissor e organização das fotos para complementarem o sentido do texto.

São exemplos de textos jornalísticos os seguintes gêneros textuais:

  • Notícia: Apresenta um fato de forma simples e objetiva. É uma publicação imediata, com conteúdo válido a curto prazo, visto que o objetivo é informar de maneira rápida.

Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/04/explosao-em-beirute.ghtml

  • Reportagem: Apresenta um fato de forma aprofundada, questiona causas e efeitos de um fato determinado. Por ter um prazo maior de elaboração de conteúdo, é válido a longo prazo devido a sua apuração extensa dos acontecimentos.

Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/07/explosao-no-libano-de-onde-veio-e-para-onde-ia-nitrato-de-amonio-que-causou-desastre-em-beirute.ghtml