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Para compreendermos a formação dos Estados Nacionais, é necessário que olhemos para a Baixa Idade Média, período de crise do feudalismo, e que compreendamos os fatores que contribuíram para a transformação do mundo feudal e o advento da Idade Moderna.

Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares organizadas pela Igreja Católica que aconteceram entre os séculos XI e XIII, com o objetivo de conquistar Jerusalém, a chamada Terra Santa. Uma das principais consequências da Cruzadas foi a abertura de rotas comerciais na Europa, contribuindo para o chamado renascimento comercial, fato essencial para a compreensão das transformações que levaram ao declínio da Idade Média.

Crise do Século XIV e Centralização Política

O renascimento comercial ocorreu em paralelo a um renascimento urbano, já que uma série de inovações nas técnicas agrícolas permitiram o aumento da produção e, como consequência disso, o crescimento populacional. O aumento da população permitiu o crescimento das cidades, áreas externas aos feudos que eram chamados de “burgos”. Esse processo, no entanto, foi freado em fins do século XIII, quando agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade da Idade Média. A produção agrícola não respondia às exigências das cidades em crescimento e as terras férteis eram cada vez mais escassas. Somado a este cenário, um período de fortes chuvas destruiu os campos e colheitas, contribuindo para que a Europa medieval fosse mergulhada em um período de fome e miséria. Como consequência da fome, epidemias se alastraram trazendo intensa mortalidade à população. A principal deles foi a peste negra, que amedrontou a população e abalou a economia. Cidades ricas foram destruídas e abandonadas pelos seus habitantes. Os servos morriam e as plantações ficavam destruídas por falta de cuidados. Nesse contexto de crise, os senhores feudais começaram a receber menos tributos diminuindo seus rendimentos e, para manter a cobrança de impostos, intensificaram a exploração dos camponeses e servos.

O recrudescimento da exploração feudal sobre os servos contribuiu para as revoltas camponesas que se espalharam pela Europa no século XIV. A mortalidade trazida pelas chuvas, fome e peste negra foi ainda ampliada pela longa guerra entre os reis da Inglaterra e França, que entre combates e tréguas, durou mais de um século (1337/1453): a Guerra dos Cem Anos.

A solução para este cenário de crise foi justamente a centralização do poder político, que levou a formação dos Estados Nacionais Modernos e do Absolutismo. Ele foi fruto de um processo que levou ao fortalecimento do poder dos reis, caminho encontrado para supressão das revoltas camponesas. A nobreza feudal, que detinha poder político sobre o feudo, se tornou uma nobreza cortesã detentora de privilégios na nova ordem vigente. Foi, assim, essa aliança entre o rei e a nobreza que promoveu a centralização do poder político nas mão dos reis absolutistas. Com a formação dos Estados Nacionais Modernos houve a criação de uma burocracia administrativa, a criação de um exército nacional para estabelecer ordem pública na sociedade, a unificação das leis e o surgimento de tarifas e tributos unificados. Nesse processo, a burguesia garantiu elementos que levaram ao seu fortalecimento econômico, como a unificação dos pesos, medidas e moedas e a dissolução dos impostos feudais.

O primeiro reino a utilizar o modelo de Estado Moderno foi Portugal. Ali, a centralização política ocorreu como consequência de campanhas militares da Guerra da Reconquista - que objetivavam recuperar os territórios da Península Ibérica dominados pelos mouros - , assim como na Espanha. Já na França, a vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453) firmou as bases para a consolidação do Estado Moderno, enquanto na Inglaterra, o processo se deu após a Guerra das Duas Rosas (1455 - 1485).