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Elaboração teórica

A professora Larissa Rocha faz exercícios sobre a escolástica e Tomás de Aquino. Confira!

Obra de Aristóteles

Monarquia

Período medieval

Existência de Deus

Vida intelectual

Teologia natural

Influência do pensamento

Como já vimos na Patrística, houve um momento na história em que a fé e a razão se aproximaram tanto que produziram uma tradição filosófica de cunho essencialmente religioso, que viria posteriormente a dar origem a teologia.

Após a consolidação do cristianismo como religião e de sua relevância política expressa na entidade mais influente do medievo, a Igreja Católica, a filosofia cristã passou do período de defesa e disseminação da fé para o da sistematização e organização dos dogmas religiosos. Questões cada vez mais profundas surgiam (como esperado atividade filosófica) e os pensadores buscavam dar conta da necessidade cada vez maior de explicação sobre a origem e natureza da religião cristã e sua divindade suprema.

A Europa passou por um período de expansão da educação, iniciado por Carlos Magno, rei dos francos. Foram fundadas várias escolas ligadas às instituições católicas e a cultura greco-romana voltou a ser difundida. Esse período ficou conhecido como a renascença carolíngia. A educação romana se tornou o modelo dessas escolas onde o trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) eram ensinados.

A produção de conhecimento submetida a esse contexto histórico ficou então conhecida como escolástica (de escola). A base platônica continuou relevante, mas, com o tempo, o aristotelismo se tornou a matriz dessa linha de pensamento.

Durante a Escolástica importantes questionamentos se desenvolveram para além da base platônica da Patrística. O problema básico da filosofia cristã, a relação entre fé e razão continuou preponderante, inclusive essa relação foi “reajustada” com a razão ainda se submetendo a fé, mas ganhando um pouco mais de autonomia. A lógica e a linguagem são temas relevantes desse período, mas como esses assuntos serão temas de aulas futuras, nos dedicaremos a questão da sistematização da religião que a Escolástica representou, abordando seu principal expoente.

São Tomás de Aquino

Nascido em 1225, na Itália, de família abastada, Tomás se tornou o mais importante autor católico. Em sua obra Suma Teológica, faz uma intensa defesa da fé e procura esmiuçar toda doutrina cristã.

Tomás cristianizou o pensador grego Aristóteles ao tomar seus principais conceitos e pô-los a serviço da fé. As quatro causas aristotélicas, o princípio de não contradição, as noções de substância, ato e potência foram fundamentais para a fundamentação da prova racional da existência de Deus. Algumas “correções” são feitas por Tomás de Aquino ao cristianizar o pensamento aristotélico. Por exemplo, o vir a ser, passagem do Ato para a Potência, mesmo em seres da natureza, não é autodeterminado, pois quem define essa mudança é Deus. Tomás também cria uma distinção entre a coisa e a essência (antes profundamente associadas, já que sem sua essência, uma coisa não existe). Deus é o único ser que existe em plenitude, ou seja, que sua existência coincide com sua essência. Para um ser humano, existir é o ato de ser sua essência, mas o ser humano está exposto a possibilidade de deixar de existir, deixando de participar de sua essência. Como Deus é o ser pleno, Ele existe sempre e permite que outras essências se realizem em seres existentes.

Como vimos no início do resumo, a filosofia medieval busca uma conciliação entre fé e razão. Não foi diferente no pensamento tomista. Tomás crê que Deus pode e deve ser provado pela mente humana, embora a razão não seja capaz de conhecê-lo em sua totalidade. O que os sentidos não alcançam a fé deve completar.

Provas da existência de Deus

A fim de provar racional a existência de Deus, em sua obra, Suma Teológica, Tomás expõe os argumentos que ficaram conhecidos como cinco vias.

1. Motor imóvel - Tudo que se move precisa ser movido por alguém, mas quem moveu esse alguém? Isso iria ao infinito se não houvesse um motor imóvel, ou seja, algo que dê origem a todo movimento, mas que não se move. Tomás de Aquino diz que esse motor é Deus.

2. Causa primeira - Tudo que existe precisa ter sido criado, não é possível que tudo tenha em si mesmo sua origem, mas se uma coisa dá origem à outra é preciso que haja uma causa que tenha causado a sucessão dos efeitos, essa primeira causa é Deus.

3. Necessário e contingente - Tudo que existe um dia não existiu e pode se extinguir, mas se tudo é contingente nada poderia existir. Já vimos que para que algo exista é preciso que alguma coisa anterior dê origem, logo, há um ser que sempre existiu sem ter sido gerado por nada, um ser necessário, que é gerador de todos os seres.

4. Graus de perfeição - todas as coisas são melhores ou piores quando relacionadas a outras, precisa haver um paradigma de comparação. Se uma coisa é mais ou menos quando comparada com outras, é preciso admitir que há um ser que contém em si todas as perfeições em seu máximo grau, esse ser é Deus.

5. Finalidade do ser - Todas as coisas na natureza obedecem a uma ordem e se orientam a um fim, como a flecha orientada pelo arqueiro. Assim existe um ser que ordena todas as coisas e faz com que tudo chegue a seu fim, esse ser é Deus.