Questão 01 - Empirismo
Questão 02 - Importância da experiência
Questão 03 - Materialismo moderno
Questão 04 - Método indutivo
Questão 05 - Teoria dos ídolos
Questão 06 - Indução experimental
John Locke e a mente como uma tábula rasa
John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês. Ele desenvolveu suas teorias sobre a origem e o alcance do conhecimento em sua obra “Ensaios sobre o entendimento humano”. Para ele, não existem ideias inatas (ideias que já nasceriam com o homem, como por exemplo a ideia de Deus), o homem nasce como uma tábula rasa, desprovido de qualquer conhecimento, sem nenhuma ideia pré-formada em sua alma. Nada existe na mente humana que não tenha passado pelos sentidos. A esse ponto é redundante dizer que Locke foi um crítico potente do racionalismo e sua proposta baseada na razão.
Para Locke o conhecimento é adquirido ao longo da vida através da experiência sensível imediata e seu processamento interno. Nós interagimos com os objetos e com os fenômenos e produzimos ideias a partir dessa interação. Locke vai defender que nossas ideias serão criadas empiricamente a partir da sensação e da reflexão.
Num primeiro estágio, nossas ideias são criadas pela sensação, cujo estímulo externo é oriundo de modificações na mente feitas pelos sentidos em uma experiência qualquer. Assim, através da sensação percebemos as qualidades (primárias ou secundárias) das coisas. Tais qualidades podem produzir ideias em nós.
As qualidades primárias são sempre objetivas, ou seja, existem realmente nas coisas independentemente do sujeito que as contempla. Como exemplo temos o movimento, o repouso, o número, a configuração, a extensão, entre outros. Já as qualidades secundárias são aquelas que variam de acordo com o sujeito e que são, portanto, subjetivas. Como exemplo temos a cor, o som, o saber, entre outros.
Num segundo estágio tudo é processado internamente. É nesse momento que a alma processa os objetos apreendidos pelos sentidos. As ideias nesse estágio resultam da combinação e associação das sensações de reflexão. A mente sintetiza e gera uma série de ideias que não passíveis de surgir a partir da experiência. Processos como, nas palavras de Locke, a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar. A reflexão seria o equivalente aos sentidos na produção de ideias, mas agindo no nosso interior, tendo como matéria-prima o conhecimento que absorvemos das experiências e desempenhando um processo complexo e cada vez mais aprofundado que culmina na reflexão sobre as próprias operações da mente. Por esse pressuposto percebemos que o conhecimento vai de coisas mais simples para as mais complicadas e sempre de fora para dentro.
Francis Bacon e o Método indutivo
O filósofo Francis Bacon (1561-1626) foi um importante intelectual de sua época, tendo também participado da vida política, chegando a ser chanceler no governo do rei Jaime I. Como filósofo, foi grande crítico da ciência dedutiva Aristotélica, alegando que para o desenvolvimento da ciência era necessário ter um método de descoberta e análise mais eficiente, focado numa investigação mais rigorosa, precisa e empírica, com como ocorre no método indutivo.
Para Bacon a ciência era uma técnica e os conhecimentos científicos deveriam servir ao homem no objetivo de dominar a natureza e reinstaurar o que ele chamou de Imperium Hominis (império do homem) sobre as coisas. Inclusive se atribui a Bacon o lema “saber é poder” com vistas a realizar o controle do homem sobre a natureza com o objetivo de expandir a prosperidade humana.
O método indutivo de Bacon critica a análise da natureza baseada no aristotelismo. Suas conclusões acerca do conhecimento dão conta da necessidade de experimentar os fatos, um a um, o máximo possível, para os interpretar e induzir leis gerais, ou seja, esse método sempre parte do particular para o geral. Para ele, toda filosofia anterior se baseava num método de antecipação dos fatos e não da real interpretação da natureza. O método indutivo de Bacon se divide em quatro etapas:
• Coleta de informações a partir da observação rigorosa e atenta da natureza;
• Reunião e organização sistemática e racional dos dados recolhidos pela experiência e observação;
• Formulação de hipóteses (explicações gerais) segundo a análise dos dados recolhidos e que possam levar à compreensão dos fenômenos;
• Testagem para comprovação ou refutação das hipóteses a partir de experimentações.
A teoria dos ídolos
Bacon vai iniciar sua reflexão acerca do conhecimento humano alegando que certos preconceitos, noções erradas, dificultam a apreensão correta que temos sobre a realidade. Esses preconceitos serão chamados por ele de ídolos. A ciência deveria ser objetiva e produzir efeitos reais na vida do ser humano. Para que procedessem corretamente, os cientistas deveriam se afastar dos possíveis enganos do pensamento. O termo ídolo vem de eidolon (que em grego significa imagem, simulacro ou fantasma). Bacon está tentando usar o sentido de “vazio” da palavra ídolo. Assim Bacon atribui à palavra ídolo no contexto de sua teoria o sentido de “erro habitual, preconceito, noção enganosa e equívoco”. Para bacon há quatro tipos de ídolo:
Os ídolos da tribo: A palavra “tribo” aqui faz referência à espécie humana, ou seja, os ídolos da tribo são aqueles preconceitos que surgem nas comunidades como verdades dadas e não questionadas. Nesse sentido, os “ídolos da tribo” se diferenciam do espírito científico, na medida em que as hipóteses levantadas pela ciência precisam estar de acordo com os fatos.
Os ídolos da caverna: Os ídolos da caverna têm sua origem não na comunidade, como os “ídolos da tribo”, mas sim em cada pessoa ou indivíduo. Assim, por conta das características individuais, ou mesmo por causa da educação a que um indivíduo é submetido, serão geradas falsas ideias às quais a ciência precisa se opor.
Os ídolos do foro: Os ídolos do foro ou do mercado são aqueles que decorrem da linguagem, através da qual são atribuídas palavras a certas coisas que são inexistentes ou mesmo palavras confusas a coisas que existem. Nesse sentido, há diversas controvérsias as quais nos apegamos apenas por questões linguísticas. Como exemplo, temos palavras que se referem a coisas inexistentes como “primeiro motor”.
Os ídolos do teatro: Os ídolos do teatro se referem às teorias ou reflexões filosóficas que, muitas vezes, estão mescladas com a teologia, com o saber comum e, até mesmo, com superstições profundamente arraigadas. Nesse sentido, ele compara os sistemas filosóficos a fábulas que poderiam ser representadas no palco.