Questão 1: Physis
Questão 2: Cosmologia
Questão 3: Pré-Socráticos
Questão 4: Primeiros Pensadores
Questão 5: Heráclito X Parmênides
Questão 6: Mito X Filosofia
Pré-socráticos: Os primeiros filósofos
Os filósofos pré-socráticos são os primeiros filósofos da história, tendo vivido entre os séculos VII e VI a.C. e contribuído decisivamente para a ruptura entre o pensamento mítico e o pensamento racional. Eles são chamados de pré-socráticos por terem precedido o grande filósofo Sócrates, cuja importância é tão grande que dividiu a história da filosofia entre os pensadores que lhe precederam e os que lhe sucederam, como Platão e Aristóteles. A maior parte da obra desses primeiros filósofos foi perdida, restando-nos fragmentos e comentários feitos por filósofos posteriores, o que chamamos de doxografia. A grande genialidade desses pioneiros foi ter, ao menos em parte, abandonado as explicações mitológicas sobre o mundo, para buscar uma explicação mais lógica, mais racional, sem a presença de seres sobrenaturais.
Assim, os pré-socráticos irão buscar uma explicação do mundo através do Lógos (razão ou explicação argumentativa) e não mais através do mito, abandonando o recurso tão usado pela poesia homérica ao divino e ao transcendente. Dentre os filósofos pré-socráticos podemos destacar Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eleia, Demócrito de Abdera, Tales de Mileto, Empédocles de Agrigento, entre outros.
Existência, natureza e matéria
Uma das questões centrais do pensamento pré-socrático era: qual é o fundamento ou origem (arché) de todas as coisas que existem? Ou seja, qual é o princípio que governa a existência de todas as coisas? Muitos desses pensadores buscaram explicação nos elementos da natureza (physis), motivo pelo qual também são conhecidos como filósofos da natureza. Segundo Heráclito, o primeiro princípio de tudo é o fogo; para Tales é a água; para Empédocles são os quatro elementos: fogo, água, terra e ar; para Demócrito é o átomo. Chamamos monistas os pensadores que acreditavam que a explicação sobre o fundamento de tudo era originária de um único elemento. Já os pluralistas acreditavam que a origem das coisas era baseada em vários elementos. Dentre esses se destaca a escola atomista, que define que a matéria é composta por unidades indivisíveis de diversos tamanhos e pesos e agrupadas de variadas formas, o que resulta no mundo como experimentamos.
A questão do conhecimento
Em relação à questão do conhecimento, destaca-se a discussão entre Heráclito e Parmênides. Heráclito defende que tudo o que existe no mundo está em constante transformação, num fluxo perpétuo, ou seja, nada permanece idêntico a si mesmo, “tudo flui”. Nesse sentido, o ser (tudo o que existe) está sempre em movimento, por isso Heráclito é considerado um filósofo mobilista. A imagem que melhor representa esse pensamento é a imagem do rio. Diz Heráclito que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois, quando entramos pela segunda vez, as águas do rio não são as mesmas e, portanto, o rio não é o mesmo. Além do mais, nós, quando entramos novamente no rio, não somos também os mesmos, já somos diferentes do que éramos, pois estamos submetidos necessariamente à mudança. Se nada permanece igual, o conhecimento está diante de um problema: como posso dizer que conheço algo de maneira objetiva dado que essa coisa que digo conhecer, assim como tudo, está em constante transformação? Nesse sentido, o conhecimento é justamente a percepção das transformações. Como o ser o móvel, o Lógos (razão) é mudança e contradição.
Parmênides, por outro lado, não aceitará em seu método as contradições, sendo famoso justamente por ter estabelecido o princípio de não contradição através da frase: “o ser é e o não ser não é”. Assim, se para Heráclito a permanência é uma ilusão, já para Parmênides a mudança é que consiste numa ilusão, sendo impossível a passagem do ser para o não ser ou do não ser para o ser. Evidentemente, Parmênides não quer dizer com isso que não existe mudança no mundo, mas apenas que as mudanças estão restritas ao mundo material, às coisas sensíveis, mas a essência de uma coisa nunca muda, é imóvel. Assim Parmênides é considerado um filósofo imobilista, pois aquilo que existe não pode deixar de ser o que é, ou seja, não pode perder a sua essência. O mundo do pensamento, portanto, é imóvel e o conhecimento objetivo sobre as coisas é possível graças à identidade que ele reconhece entre ser, pensar e dizer: as palavras refletem o pensamento, e o pensamento tem a capacidade de exprimir a essência imutável das coisas.