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Paraná - Ocupação do Território

A professora Bruna Cianni dá uma aula sobre o Paraná.

Paraná - Urbanização

Paraná - Relevo

Paraná - Clima

Paraná - Vegetação e as Unidades de Conservação

Características Gerais

O Estado do Paraná fica na região Sul do Brasil e tem como capital a cidade de Curitiba. Seu nome vem do tupi significando grande como o mar --“pará” que significa mar e “anã” que significa semelhante, parecido-. O estado possui atualmente 399 municípios, 11,35 milhões de pessoas e uma extensão de 199.315 km². Ele faz fronteira com o estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Santa Catarina. As fronteiras internacionais reservam cidades gêmas as quais possuem dinâmicas próprias de interação e também conflitos típicos de regiões fronteiriças. Seu território é vasto e contêm uma população diversificada fruto de movimentos migratórios vindos sobretudo da europa, estimulados pela política de sesmarias e capitanias hereditarias para distribuição de terras no Brasil e posteriormente por fluxos internos que nos auxiliaram a entender a composição demográfica do estado. Sua bandeira é composta pelos ramos de araucária e mate, vegetação que compõem economia e cultura do estado.

 

1. Ocupação e Formação Socioespacial do Paraná

1.1 Tordesilhas, sesmarias e lei de terras
A partir do processo de colonização, a distribuição de terras no Brasil formou uma estrutura fundiária de grandes fazendas produtivas, e estruturas menores e por vezes interioranas que se davam ao redor dos eixos de desenvolvimento, marcados pelas **ferrovias.

Para consolidar a colonização, era preciso criar infraestrutura e trazer pessoas, incentivar a migração. O entendimento era de que as terras brasileiras pertenciam a coroa portuguesa, e a igreja. Assim, a política de distribuição dessas terras para atrair a ocupação e a migração eram realizadas por estes agentes. As terras eram doadas, na política das sesmarias, a membros da nobreza ou próximos a coroa, a pessoas que pudessem investir na infraestrutura e consolidar as primeiras vilas e cidades.

As estruturas de fazendas, logo, as estruturas produtivas, eram relativamente isoladas deste modo, até pela limitada infraestrutura de comunicação e transporte. A economia de subsistência escravocrata latifundiária predominou até o séc XVII na região do Paraná, sendo uma economia autocentrada.

A região do Paraná tal qual conhecemos hoje era uma comarca de São Paulo até 1853. As primeiras cidades do Paraná, Paranaguá (1644 fundada como vila e 1842 reconhecida como cidade) e Curitiba (1693 fundada como vila e 1842 reconhecida como cidade), surgiram ainda no século XVII quando o território fazia parte da coroa portuguesa. Mas o que aconteceu entre 1600 e 1850 que possibilitou esse notório crescimento?

É preciso frisar a influência dos Espanhóis e Portugueses e de seus conflitos para distribuição territorial e econômica que vemos hoje. Além disso, é a produção de Minério, Madeira, Gado, Mate, Soja e Café sobretudo que movimentou a economia da região, estimulando o processo de formação de cidades a partir do desenvolvimento dos transportes e da economia. Acontece que essas econômicas passaram por ciclos produtivos mais intensos em determinados períodos e localidades

1.2 Ocidente Espanhol/Litoral Português
Os espanhóis tiveram um importante papel inicial na formação socioespacial do Paraná. Fundaram os primeiros núcleos estáveis de ocupação e povoamento do Paraná, a exemplo de Ontiveros próximo a Sete Quedas (1554) Cidade Real de Guairá (1557) Vila Rica do Espírito Santo (1573) na confluência dos rios Ivaí e Corumbataí. Em 1608 a ocupação ocidental do Paraná se limitava a essa região ou Província do Guairá.

Tratava-se de reduções jesuíticas que catequizavam e escravizavam os indígenas. No século XVII a região contava com 24 núcleos indígenas aldeados.

Isso durou até aproximadamente 1620/1640 quando Bandeirantes luso brasileiros passam a cobiçar a região, pelo interesse na mineração, madeira e escravidão indígena. Eles destruíram essas ocupações deixando a região oeste relativamente renegada a nível de desenvolvimentismo, de modo que só no século XIX retorna uma ocupação de capital efetiva.

1.3 Ciclo do Ouro (1650-1721)
Por outro lado, os Portugueses ainda no século XVI descobriram ouro no litoral. Essa exploração deu início ao primeiro ciclo econômico de ocupação. Em 1653 haviam cerca de 11 minas no litoral. Esse ciclo motivou a expansão de núcleos que deram origem as cidades de Paranaguá, Morretes, Antonina, e alguns caminhos em direção ao planalto formava arraiais embriões de Curitiba, São José dos Pinhais, Bocaiuva do Sul, Bom Jesus dos Pinhais e Piraraquara.

  • Curiosidade! Por que Paranaguá não tem tanto destaque atualmente quanto Curitiba tem, se foi fundada até um pouco antes dela?

Isso se deu em função da convivência com a comarca de São Paulo, de modo que a elite fundiária, que era a elite política e econômica a época, recebia terras e cargos políticos. Era a sede de São Paulo que investia e tomava as decisões, no geral de modo decisões mais conservadoras do ponto de vista político. Já Curitiba ficava mais distante, ao mesmo tempo conquistava maior autonomia. Sem apoio da província Paulista, desenvolveu um sentimento nacionalista de pertencimento e identidade, resultando num pouco econômico muito mais dinâmico.

1.4 O Ciclo do Gado e o Tropeirismo (1731-1870)
Como dito, o desenvolvimento dos eixos de transporte era precário e cabia ao investimento colonial privado a construção das principais ferroviais. Essa limitação estimulou o transporte de cargas. O tropeirismo teve papel crucial fundando e utilizando eixos e caminhos indígenas vitais para a conquista do interior. É ao redor desses caminhos que ocupações vão surgindo, uma vez que podem acessar as mercadorias que circulam por ali, assim como produzir e escoar a produção, assim como acessar outras centralidades. Em alguns pontos formavam-se importantes feiras, trocas comerciais vitais para o crescimento e dinamização das cidades à época.

O caminho Viamão-Sorocaba foi de muita relevância e dinamizou a economia de Curitiba. Os tropeiros portanto transportavam ouro da mineração, gado, mulas, mate e cavalos.

Houve também o desenvolvimento de caminhos alternativos para fugir da fiscalização da coroa, do pagamento de impostos e pedágios das “invernadas”. Essas rotas alternativas ficaram conhecidas como “(Des)Caminhos das Tropas”, estabelecendo novos pontos de parada ou pouso de tropeiros, que ao passar dos anos se transformavam em municípios. A identidade histórica e cultural dos Campos Gerais remete as invernadas, as paradas dos tropeiros no inverno para que o gado se alimentasse, uma vez que eram longos os caminhos de comércio que conectavam Santa Catarina a São Paulo, criando estruturas de moradia nas paradas, e também feiras nessas fronteiras, como a feira de Sorocaba, em São Paulo, passando por Curitiba que ganhou impulso econômico e intensificou sua ocupação nos campos naturais e planaltos paranaenses.

  • Essa economia foi tão significativa que foi uma das causas para, em 1853, Paraná conquistar sua independência administrativa da comarca de São Paulo. A periferização da região em relação a bombante economia de café do sudeste fez com que a economia do mate ficasse muito relevante na região. Além disso, Paraná prestou apoio político a administração paulista em conflitos como da Farroupilha e outras revoltas paulistas, sendo premiado assim com sua independência.

As cidades de Lapa, Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Piraí do Sul, Guarapuava, Jaguariaíva, Palmas e União da Vitória começaram a se estabelecer em função desse ciclo.

1.5 Ciclo da Madeira e do Mate (1910-1930)
A exploração comercial de madeira teve seu arranque econômico no mercado interno e para exportação com o início da Primeira Guerra Mundial e também com o fim desta, que elevou a exportação de pinhão e da madeira de araucária, devido ao baixo preço, para países inicialmente como Uruguaie Argentina e posteriormente para Inglaterra, Alemanha, França e Holanda.

Esse ciclo foi responsável pela gênese industrial na região, assim como pelo desenvolvimento de importantes estradas férreas e portos. No século XVII, Minas Gerais era destaque em mineração, o que era um problema para as minas do litoral do Paraná que ficou forte exportando gado, mate e madeira do extrativismo da araucária.

Em 1873 a Companhia Florestal Paranaense decidiu investir numa propaganda da madeira de araucária para a Europa. Eles cortaram uma árvore de 33 metro de altura em várias toras horizontais, mandaram por navegação para uma exposição internacional em Viena para atrair importadores europeus. Lá eles remontaram a árvore colocando-a de pé.

Em 1885 essa mesma Companhia fundou a Estrada da Graciosa e a Paranaguá-Curitiba (integrada em 1891). Em 1880 o Porto de Paranaguá e o Porto de Antonina começaram a ser construídos em função da economia de exportação de madeira. Em 1908 é fundada a Estrada de Ferro até Ourinhos, dando origem as cidades de Jacarezinho, Cambará, Bandeirantes e Cornélio Procópio. Todo esse investimento significou a decadência do transporte por burros e do tropeirismo.

O norte do Estado nesse período contava com economia de café e migração interna de paulistas, mineiros e nordestinos. A oeste e sudeste, gaúchos e catarinenses buscavam terras em função da crescente concentração fundiária, nas centralidades, ocupando regiões do interior. Em 1886 mais de 20 mil migrantes se mudavam para o Paraná.

Em 1920, o sucesso da madeira e do mate atrai investidores ingleses, que fundaram Londrina com acelerado crescimento e boas ferroviais. Acontece que a produção de madeira, num período de baixa tecnologia de comunicação era feita de forma contraditória. Muita madeira era extraída nas florestas, e chegavam aos portos já sobrecarregados. Muitas nem mesmo eram vendidas pois não se sabia ao certo a demanda, que era superestimada no “boca a boca”. O impacto ambiental ao bioma das araucárias foi significativo nesse período.

Parece grande todo esse investimento, mas em 1924 existiram só 1586km de estrada rodoviária, em condições precárias, concentradas sobretudo no eixo Guarapuava e Ponta Grossa. Não somente a falta de tecnologia de comunicação, mas a insuficiente dos transportes apesar de crescente ainda era um entrave do desenvolvimento. Apenas a partir de 30 com investimento industrial e urbanização, sobretudo nos anos 50 que as rodovias vão se disseminar.

1.5 Os posseiros e as histórias a margem
Em seu estudo sobre a formação socioespacial do Paraná, o pesquisar Zeno Soares Crocetti afirma: “Desde o início da ocupação e exploração do Brasil, os administradores da Coroa Portuguesa delegaram a terceiros o desenvolvimento da colônia. Principalmente para aqueles que possuíam mais capital para realizar tarefas como a construção de engenhos, fazendas, fundação de vilas e cidades, construção da estradas aonde iam acumulando os lucros deste investimento e o governo cobrando seus impostos. Mas, ao mesmo tempo em que ocorriam as expedições exploradoras e colonizadoras oficiais, haviam imigrantes, retirantes e aventureiros que, sem oficializar suas andanças e ocupação territorial, organizaram núcleos coloniais no interior dos sertões.”

Esses grupos fazem parte da formação socioespacial e por muitas vezes perderam terras. Eles representavam um confronto as iniciativas de colonização oficiais. O investimento ferroviário por exemplo, tinha um revés. Um bom exemplo foi a colonizadora americana Lumber e Railway. Já havia um conflito que culminou na Guerra do Contestado sobre as terras devolutas entre Santa Catarina e Paraguai. A coroa concedeu a colonizadora americana um caminho entre Teixeira Soares e Porto da União, já na região do Iguaçu. Eram 372 quilômetros de ferrovia, com 8000 trabalhadores envolvidos. Para isso, a Coroa concedeu 15km de cada lado da ferrovia para que a colonizadora pudesse pegar livremente madeira, ou quaisquer recursos naturais, assim como colonizar. Eles, ainda, recebiam por quilometro construído, então faziam curvas desnecessárias e longos caminhos visando maior lucro. Para esse investimento, houve a desapropriação de 6696 km² de terras de posseiros que tinham sua origem de ocupação na região desde o século XVIII, com o gado nos períodos de pousio do tropeirismo. Além disso, com o término da construção da estrada, em 1910, 8mil trabalhadores ficaram desempregados. A preocupação com o destino dessas pessoas motivou repressão, que culminou na Guerra do Contestado e criação dos limites entre Santa Catarina e Paraná.

Com a urbanização e modernização do campo, Paraná que estava sendo um polo de atração de migrantes se tornou um pouco expulsor.

2. Urbanização do Paraná

É importante entender o conceito de urbanização como o aumento da população urbana em relação a população rural. A ideia de urbano difere da ideia de cidade, onde as últimas podem ser entendidas a partir da sedentarização da humanidade, formação de aldeias, vilas e infraestrutras fixas e coletivas de sobrevivência. A urbanização se dá atralada ao crescimento industrial, com a modernização e desenvolvimento de determinada região. São os aglomerados modernos que se estabelecem em estruturas concentradas e atrativas, de economia dinâmica.

Até 1940 o estado do paraná era majoritariamente rural, contando com apenas 24% da população urbana. Sua economia era sustentada pela produção suína, de milho, soja, mate e café. Com a abolição da escravatura (1888), muitos migrantes japoneses vieram trabalhar nas fazendas e pode-se dizer, de modo geral, que os colonos viviam uma economia de substitencia baseada no trabalho familiar e a precariedade nos meios de transporte ainda era um entrave.

Desde a crise de 1929 que afetou a produção de café, houveram iniciativas de alterar a base produtiva do país, afim de não depender tanto de um modelo agroexportador. É nesse período que Vargas começa a investir nas industrias de base, substituição de importações… as políticas relacionadas ao setor agrário sobretudo da produção de café foram no sentido de reduzir a produção e aumentar o consumo interno. Só para se ter uma ideia, em 1961 houve uma política de erradicação dos cafezais improdutivos, cerca de 2 bilhões de cafezais foram erradicados.

Assim, sobretudo na decadá de 1960, há um processo de mecanização do campo que começa a criar um êxodo rural em direção aos novos pólos urbanos. Além dos conflitos já citados no setor agrário, existia muita grilagem e conflitos fundiários que o estado não dava conta de arcar. Com isso, os trabalhadores rurais que viram sua mão de obra ser substituida por máquinas, e os proprietarios de terra que pararam de lucrar com essa economia que estava sendo vista por muitos no período como ultrapassada, migram em direção ao Paraguai, que estavam abrindo áreas para produção de soja e milho, para as cidades do centro sul como Guarapuava, Ponta Grossa e Cascavél.Eram meeiros, arrendatarios, parceiros, posseiros desapropriados, ocupando o centro do estado em busca de terras mais baratas.

Uma migração mais robusta e direcionada pelo estado também se deu, para a expasão da fronteira agrícola em Goiás e Mato Grosso. A elite imobiliária do Paraná foi uma grande responsável pela criação de agrocidades no centro oeste, expandido a fronteira agrícola. Lembra que a soja era muito presente no sul? Então, com a modernização do campo e a alteração genética nas sementes, passa a ser possível estabelecer monoculturas numa região mais quente com solo mais empobrecido, deixando de depender tanto dos fatores naturais para a produção funcionar. É importante descatar a participação da colonizadora SINOP S.A que recebeu glebas de terra do governo para ocupar a região do centro-oeste.

Essa mesma elite deu início a cinco cidades no Paraná no início da colonização, foram elas Terra Rica, Iporã, Ubiratã, Formosa do Oeste, Jesuítas, e outros 5 distritos. E também receberam a missão de de ocupar a Gleba Celeste, área que equivale a 645mil hectares no Mato Grosso, fundando as cidades de Vera, Santa Carmem, Claudia e Sinop, expandindo a fronteira agropecuaria e a industria madereira para as regiões. Eles contaram também com a migração também do êxodo dos trabalhadores mais pobres do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para compor a mão de obra não qualificada nas cidades criadas por eles.

Além do êxodo rural, houveram as iniciativas de industrialização. O governo do Ney Braga foi importante nesse momento financiando industrias locais, na crista do desenvolvimentismo nacional. Desde 1950 houveram iniciativas do governo também de reorganizar a infraestrutura de transportes. Ney Braga deu enfase no planejamento governamental, unificou o setor energético, criou setores de telefonia, de distribuição de água, construção da rodovia do café que ligou Curitiba ao norte do estado. Tudo isso motivado pelo desenvolvimentismo de JK, que implantou também o rodoviarismo no Brasil, afim de integrar o territorio e também atrair industrias automobilisticas.

Outras iniciativas importantes que compuseram esse novo momento do desenvolvimentismo e da modernidade no estado foram a criação da Região Metropolitana de Curitiba, afim de desenvolver cidades do entorno que já contavam com uma migração pendular e até mesmo com conurbação. Em 1971 é criada a CIC – Cidade Industrial de Curitiba, uma região de atração e recepção de investimentos estrangeiros. Se instala na região industrial, industrias da Audi, Bosch, e da Volvo. Outro ponto importante foi a criação das refinarias do Paraná que estimularam demais o crescimento **da cidade de Araucaria, a refinaria Presidente Getúlio Vargas.

Em 1978 foi cirado do BADEP – Banco de Desenvolvimento do Estado do Paraná, onde o estado passa a financiar empresas com vantagens competitivas, aquecendo o dinamismo industrial que estava se consolidando no estado.

E não foi apenas no eixo de Curitiba que houveram essas modificações. Em 1980 Londrina e Maringá passam a receber migrantes paulistas, fruto da macrocefalia urbana de São Paulo. Não por conscidência, nesse mesmo periodo crescem também cidades médias do próprio estado de São Paulo como Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos, Presidente Prudente… fruto desse mesmo processo de inchaço metropolitano e crescimento de pólos médios próximos as principais áreas de atração.

Com isso em 1998 há a criação de Região Metropolitana de Londrina e da de Maringá. Na região norte do estado, o que mais se desenvolveu foi a agroindustria enquanto no eixo Curitiba e Ponta Grossa contamos com uma produção industrial mais tecnológica. Esse crescimento continuou se dando de modo que em 2015 já haviam oito regiões metropolitanas em Paraná, Apucarana, Umuarana, Campo Mourão, Cascavel e Toledo. Atualmente 85% do estado é urbano e a agricultura é concentrada e mecanizada.

2.1 Cidades Gêmeas
Ainda sobre o desenvolvimento urbano do Paraná, vamos pontuar sobre as cidades gêmeas. O conceito de cidades gêmas pelo diário oficial da União é

“(…) os municípios cortados pela linha de fronteira, seja essa seca ou fluvial, articulada ou não por obra de infraestrutura, que apresentem grande potencial de integração econômica e cultural, podendo ou não apresentar uma conurbação ou semi-conurbação com uma localidade do país vizinho, assim como manifestações ‘condensadas’ dos problemas característicos da fronteira, que aí adquirem maior densidade, com efeitos diretos sobre o desenvolvimento regional e a cidadania.” E ainda, “Não serão consideradas cidades-gêmeas aquelas que apresentem, individualmente, população inferior a 2.000 (dois mil) habitantes.”

No Paraná temos destaque para as cidades de Barracão, Santo Antônio do Sudoeste, Guaíra e principalmente , Foz do Iguaçu, a maior cidade gêmea do Brasil. Essas cidades possuem peculiaridades no desenvolvimento economico, forte integração cultural e demográfica além de dificuldades de gestão, uma vez que demanda uma articulação de governos a nível internacional.

2.2 Uma análise demográfica atual
A região do Paraná atualmente conta com uma redução das taxas de natalidade, uma vez que com a urbanização, o numero de filhos por mulher tende a se reduzir. Isso acaba afetando a PEA – população economicamente ativa, a médio prazo. Este fato, atrelado ao envelhecimento da população pela redução da mortalidade, em função do desenvolvimento de varias regiões metropolitanas que ampliam o acesso a saúde. Associando essas tendências, a região pode acabar se constituindo enquanto um polo de atração de migração em busca de empregos nos pólos industriais da região.

Geografia Física do Paraná

De modo geral, é possível afirmar que as características físicas de relevo, altitude, clima e vegetação são profundamente interligadas. Os aspectos de relevo, clima e vegetação são conectados e interdependentes.

1. Relevo

As duas principais classificações do relevo paranaense são a de Reinhard Maack (1948), que define os três planaltos e a do Jurandyr Ross (1975), que veremos posteriormente.

• Bacia sedimentar recente do litoral; Formada no quaternario do cenozoico, a cerca de 2 milhões de anos atrás, é um deposito sedimentar pela ação do mar e dos processos erosivos e da Serra do Mar.


• Serra do mar; Enorme serra que se extende por 1500 km ao longo do litoral, de Santa Catarina até o Rio de Janeiro. Sua formação vem do Paleozoico (500 mi de anos atrás) por rochas plutônicas, que se resfriam entre a crosta e depois é soerguido. Essa epirogênse ocorreu do terciário do cenozoico. Com a separação da pangeia, houve a convergência da Nazca e da Sul Americana, que gera o Andes, na parte do meio da placa se formam dobras. Essa parte do continente soerguindo damos o nome ao relevo de maciço antigo ou escudo cristalino, fruto de rochas magmaticas ou metamorficas de origem magmática que formaram no pré cambriano com o resfriamento de 500 milhoes de anos atras e tiveram bastante tempo para serem intemperisados e erodidos. Não possuindo altitudes tão exuberantes quanto as coordilheiras recentes. A altitude da Serra do Mar cchega a 2366 metros e o Pico do Paraná, ponto mais alto da serra do estado chega a 1847 metros. Sobre esse intemperismo que forma as rochas metamorficas e solos, o granito, fruto da rocha magmática plutônica se altera, pela pressão, calor, tempo e se torna o que chamamos de gnáisse.

• Planalto de Curitiba (1º planalto); Trata-se da formação de sedimentos sobre o maciço cristalino, ja que a vertente ocidental da serra do mar propicia essa formação, acomodando material erosivo da própria serra e também da escarpa devoniana, ou Serra de São Luiz do Purunã (1270 m de altitude) que divide o 1º e o 2º planalto. Essa sedimentação forma uma bacia recente, no terciario do cenozóico, um pouco menos recente que a bacia litorânea. Nessa faixa de cerca de 800 m de altitude possui a bacia sedimentar, onde se encontra a formação Guabirutuba. A segunda parte desse planalto corresponde a formação do Açungui, ao norte de Curitiba, onde tem as cidades Almirante Talmandará, Rio Branco do Sul e Colombo, formada pela deposição de sedimentos calcários. Essa rocha calcária é porosa e facilita a formação do aquífero carst. E a terceira parte corresponde a região de Castro e Piraí do Sul, onde predominam quartizito e arenito em maiores altitudes, já se estabelecendo como uma área de transição até a escarpa devoniana.

• Planalto de Ponta Grossa ou dos Campos Gerais (2º planalto); Trata-se de uma bacia sedimentar antiga, do paleozoico, fruto da transgressão do mar interior. Essa bacia sedimentar seria o fundo desse mar, composta por arenitos, folhelhos e carvão mineral. É onde se encontra o Parque Estadual de Vila Velha, onde predoominam os arenitos e a erosão eólica. Na direção oeste perto da serra geral, ou do cadeado, ou da esperança, é possível encontrar mesetas do mesozóico, áreas mais planas que contam com a mistura de basalto, fruto de derramamentos magmáticos, com arenito. Na retração do mar, houveram expostas fissuras na crosta que gerou processos eruptivos, formando o 3º planalto.

• Planalto de Guarapuava (3º Planalto); Formado pelo derrame basáltico pós regressão marinha. O intemperismo químico sobre essas rochas basálticas dá origem a um tipo de solo muito fértil conhecido como terra roxa. As próprias cataratas do Iguaçu são um testemunho desse derrame, em sua interrupção o rio Iguaçu faz a queda. Nessa região também temos o limite do Rio Paraná onde encontramos a represa e usina de Itaipu.
Para Jurandyr Ross (1975), a região do primeiro planalto e da planície litorânea fica sendo chamada de Planaltos e Serras do Leste-Sudeste. A bacia sedimentar entre escarpa devoniana e serra geral é chamada por ele de Depressão Periférica da borda leste da Bacia do Paraná. Importante lembrar que o geográfo colocou a definição de depressão como planaltos rebaixados, por isso a definição. E por fim, a região que corresponde aos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná, conforme indicado na imagem.

2. Clima


• Para a classificação de Strahler, contaríamos com dois tipos climáticos no estado;
O clima tropical e clima subtropical. Isso porque o estado é cortado pelo Trópico de Capricórnio, logo, a parte norte do estado teria características tropicais, verão mais abrupto pela maior incidência solar no equador e faixa tropical, e abaixo do trópico o clima subtropical com verão ameno.

• Na classificação do Koppen seriam três tipos climáticos, onde;
O litoral seria tropical superúmido, por conter caracteristicas de equatoriedade, sobretudo pela influencia da Massa de Ar Tropical Atlântica que encontra na Serra do Mar uma barreira orográfica, causando precipitações, umidade e calor na vertente litorânea.
A parte interior do primeiro e segundo planalto para o geográfo seriam o equivalente ao clima subtropical úmido do tipo B, com uma média de temperatura abaixo de 23º e médias no inverno abaixo de 18º. Isso ocorre sobretudo pela influência da Massa de Ar Polar que traz frio para a região.

A parte norte e centro oeste foi classificada por ele como clima subtropical úmido tipo A, obtendo temperatura média acima de 23º no verão e no inverno acima de 18º. Essa parte é influenciada pela Massa de Ar Equatorial Continental, a MEC que vem da amazônia e é quente e úmida. É importante considerar também a influência da Massa Tropical Continental, a MTC, que se forma na Bolívia e no Paraguai, é quente e seca, trazendo temperaturas altas para o centro oeste do estado, e alta amplitude térmica pelo fator climático conhecido como continentalidade. A pouca umidade da região oeste do estado é amenizada pela dinâmica hidrografica que conflui nesta área, amenizando a secura. Outro fator climático importante para entender o clima do estado é que a do norte para o sul do estado a altitude aumenta, e isso colabora para as temperaturas mais frias na região sul.

3. Vegetação


Temos a formação de florestas tropicais como a Mata Atlântica no litoral, influenciado pelo clima quente e úmido que possibilita a formação de uma floresta densa, apesar de muito desmatada pela ocupação no litoral. Temos também a floresta do interior também conhecida como Mata Tropical do Norte, também densa e heterogenea, onde o clima é tropical, na parte norte do estado somado ao solo rico que encontramos na região. A altitude dessa região é reduzida, cerca de 500m acima do nível do mar, e podemos encontrar jequitibas, juazeiros, cedros, peroba, bromélias, dentre outras formações vegetais.

A mata das Araucárias também é característica do estado, podendo ou não se apresentar em formações de florestas subtropicais. Essa árvore demora cem anos para atingir a idade adulta e é adaptada a climas frios, localizando-se sobretudo em altas altitudes. Quanto maior a disponibilidade hídrica, mais densas serão as formações vegetais. A araucária possui valor cultural e foi muito desmatada sobretudo pela industria civil, para construção de móveis e também pela industria de papel. É ela que da o pinhão, parte importante da alimentação do sul do Brasil.

Além disso existem os campos que se dividem em campos limpos e campos cerrados sendo que o último conta com vegetação esparsa arbustiva, também em função da disponilidade hídrica e profundidade do solo. As áreas mais frias tendem a ter mais campos limpos pois o solo não suporta uma vegetação mais robusta.

E por fim temos a vegetação litorânea, composta por restingas e mangues. Os mangues tem como função ecologica filtrar os sedimentos fluviais depositados no mar e são fruto dessa junção da água doce com água salgada, além de servirem de berçario a vida marinha. As restingas ajudam a fixar dunas reduzindo a erosão das praias.