Clube Cultural: Curta Anima - com Diogo Mendes
O curta "Anima" de Paul Thomas Anderson foi lançado em 2019 pela plataforma Netflix. Trata-se de um drama musical, sem falas, e com performances artísticas de dança que mobilizam um enredo subjetivo. O curta fala basicamente sobre as relações de trabalho e as prisões na sociedade, que condicionam comportamentos físicos, e sobre a sensação de sufocamente, cansação, competição e repetição que o trabalho provoca.
O personagem principal é o Tom York, vocalista da banda Radiohead. Inclusive, o disco de onde as músicas do filme saíram é do Tom York em sua carreira solo e se chama Anima. Anima é uma palavra que vem do latim e significa "força vital", algo como alma ou espírito, é nossa força interior. Isso direciona uma das ideias do debate, onde temos uma força vital que anda exaurida pelas forças sociais.
Outra interpretação possível é a da psicologia analítica de Yung, onde Anima significa o lado feminino inconsciente do homem. E Animus, seria o lado masculino incosciente da mulher. A partir do título portanto abrimos duas possíveis análises. Essa segunda se confirma nas cenas finais.
O filme começa com um túnel e com a sensação de que existem trabalhadores voltando para casa muito cansados e com sono. A performidade da dança causa diversas impressos em relação a isso. O reforço de movimentos repetidos como se fossem automáticos e homogêneos entre as pessoas, como se fosse algo independente da vontade das pessoas e mesmo apesar do cansaço aparente há o movimento. O primeiro conflito se revela, da força interior e a força externa manifestada pelas ações corporais. Esse contraste entre inércia e movimento é reforçado pelo cenário e pelas luzes. As roupas são monocromáticas e uniformizantes, o que aumenta a indistinção, a sensação de social e não de uma causa individual específica que está sendo comunicada.