Animação: Bao
Bao
Bao é um filme de animação digital norte-americano de 2018 escrito e dirigido pela chinesa Domee Shi, com produção da Pixar. O cerne do filme é a relação entre pais e filhos. Por meio de metáforas e alegorias isso se revela, numa linguagem bonita e poética.
No início do filme, uma personagem está fazendo bolinhos, que passam a ganhar vida. Com o tempo, começa conflito entre o bolinho e a mulher que o produziu e o criou. Ele passa a estabelecer uma relação de oposição a ela.
Com o tempo o bolinho passa a se encontrar com outras pessoas, querer sair de casa. A metaforização do comportamento de certas mães nesse momento faz com que ela coma o bolinho, pelo desejo de te-lo só pra ela. Após o diálogo, percebe-se os dois contra pontos- o da mãe e dos pais de entender o filho e o que se cria como algo externo e independente, mas também do filho de compreender as necessidades afetivas da família e de sua condição como filho. Essa é uma intensa discussão que muitas famílias vivem. Ao mesmo tempo que criar um filho demanda muita energia, escolhas e conflitos, há esse sentimento de separação em algum momento. Muitas das vezes a família exige que o filho cumpra determinadas expectativas que são deles, e não do filho. Para o filho que está sufocado e se sentindo frustrado por não atender as expectativas dos pais, o distanciamento parece um caminho quase que natural em algumas idades. Acontece que a dependência dos filhos sobre os pais, sobretudo antes da maior idade legal, o trabalho de viver, de comer, de limpar, a base de quem faz tudo pelo jovem é a família. Dai a grande reflexão do filme, sobre a frustração dos pais sobre seus filhos. Ao mesmo tempo, o distanciamento dos filhos em relação aos pais também é algo tangente no filme, que nos leva a reflexão sobre as formas de se relacionar em família.