Tomás Antônio Gonzaga
Liras de Marília de Dirceu
Características da obra1
Ironias e retórica
Os limites da sátira
Cartas Chilenas
No Brasil, durante o período da Inconfidência Mineira, muitos autores e intelectuais eram engajados politicamente e lutavam contra as tiranias do governo. As cartas chilenas tratam-se de poemas que criticavam o abuso de poder e satirizavam os desmandos administrativos da região mineira, além disso, por medo de serem perseguidos, os escritores omitiam a seus nomes, embora a hipótese melhor aceita na atualidade seja a da autoria de Tomás Antônio Gonzaga, com colaborações pontuais de Cláudio Manuel da Costa sobre tais textos.
Enquanto nascia todo o contexto do Arcadismo na literatura brasileira, inspirada por vertentes europeias e detalhadas em lemas que garantiam o bucolismo e o abandono ao cenário de maior urbanização, esses mesmos autores, que construíam o imaginário pastoril, de modo anônimo e coerente, apresentavam suas críticas governamentais e lutavam, por meio de escritos.
Sendo assim, os poemas ficaram muito conhecidos na pequena cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto) e recebem esse nome pelo pseudônimo do autor, Critilo, morador da cidade de Santiago, no Chile, que não deixa de ser o local mineiro, na verdade. Tal troca de nomes também ocorre em outros trechos dos poemas, fazendo menção à Espanha e Portugal.
Leia um trecho de uma das cartas, que aborda sobre os despachos e os contratos:
“Os grandes, Doroteu, da nossa Espanha
Têm diversas herdades: uma delas
Dão trigo, dão centeio e dão cevada,
As outras têm cascatas e pomares,
Com outras muitas peças, que só servem,
Nos calmosos verões, de algum recreio.
Assim os generais da nossa Chile
Têm diversas fazendas: numas passam
As horas de descanso, as outras geram
Os milhos, os feijões e os úteis frutos
Que podem sustentar as grandes casas.”
Disponível em: http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Cartas_Chilenas/VIII