Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

Questão do emprego no Brasil: Desafios do desemprego

O professor Cláudio Hansen fala sobre os desafios do desemprego no Brasil. Confira!

Questão do emprego no Brasil: Desafios do desemprego

 

Como é calculada a taxa de desemprego? 

O desemprego é um dos indicadores oficiais da economia. Quem mede esse índice é o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ele se refere a parte da população considerada economicamente ativa, mas que se encontra desocupada. Ela é medida mais especificamente pelo programa da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, sendo um dos indicadores do mercado de trabalho. O PNAD Contínuo realiza uma metodologia que atualiza os valores para cada mês, com a média dos dois meses anteriores. As pesquisas ocorrem semanalmente por todo o Brasil, e são feitas com base numa amostra de 200 mil domicílios. Existem outros números sobre empregabilidade, que são apresentados pelo Ministério da Economia com base no CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

 

  • PEI - População Economicamente Inativa
  • PEA - População Economicamente Ativa

 

A PEA se refere a população que está em idade ativa para trabalho, os que tem entre 16 a 65 anos de idade em média. Dessas pessoas, são consideradas desempregadas as que estão buscando emprego. A PEI ou PED (População Economicamente Dependente) se refere a crianças e idosos, que não estão em idade ativa de trabalho.

Frisando portanto, a taxa de desemprego é calculada em relação a PEA. O calculo considera portanto a população que está desempregada e a que se encontra empregada. Para as pessoas da PEA que estão sem trabalho, mas procurando um, chamaos de População Desocupada (PD). O cáculo utilizado para calcular a taxa de desemprego é:

Taxa de desemprego = [PD ÷ PEA] x 100%

  •  População Desalentada: aquelas pessoas desempregadas, que gostariam de estar empregadas, mas não procuram mais, pois sabem que não serão aglutinadas enquanto força de trabalho pelo mercado.

E os trabalhadores informais? São considerados empregados ou desempregados nessa taxa?

O IBGE classifica como informais: trabalhadores empregados no setor privado sem carteira assinada, empregados domésticos sem carteira assinada, empregador sem registro no CNPJ, trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhador familiar auxiliar.

Esse registro é medido com precisão separadamente, mas dependendo do lugar de consulta, pode estar inserido na proporção de trabalhadores ocupados (empregados). Existe um cálculo da proporção de trabalhadores informais ocupados em relação ao total de trabalhadores ocupados no geral.

 

Alguns dados

  • Os primeiros dados da taxa de desemprego de 2021, divulgaram que o desemprego atinge 14 milhões de pessoas. É a taxa mais alta da série histórica da pesquisa que se iniciou em 2012. A taxa em porcentagem representa 14,1%. Se formos considerar os trabalhadores subutilizados no mercado de trabalhho, aqueles que são desempregados ou subocupados (trabalham menos de 40h semanais), e incluindo os desalentados, temos o total de 32,2 milhões de brasileiros com a falta de trabalho. 
  • Houve um aumento no número de pessoas ocupadas no fim de 2020 para 2021. Esse aumento foi de 4,8% representando 3,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho. O nível de ocupação começou o ano em 48,6%.
  • Sobre o trabalho informal, a maior parte do crescimento ocupacional foi no mercado informal. O número de pessoas sem carteira assinada no setor privado subiu 11,2%, representando 980 mil pessoas. Pode-se dizer que a informalidade “puxou” a alta do índice de ocupações.
  • O número de desalentados é o maior da história, e chegou a 5,7 milhões de pessoas.

 

Fontes: https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2021/01/28/pnad-continua---desemprego---novembro.htm

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/01/28/desemprego-tem-segunda-queda-seguida-e-fica-em-141percent-no-trimestre-terminado-em-novembro-aponta-ibge.ghtml

 

Causas para o desemprego no Brasil

 

  • Falta de investimento em desenvolvimento tecnológico: o que inclui investimento no setor educacional e geração de vagas qualificadas e incentivo a pesquisa.
  • Saturação no setor não qualificado: isso reflete a falta de investimento em educação e em geração de postos de emprego qualificados. Também reflete o inchaço urbano, que concentra o setor terciário da economia, sobretudo no que tange o comércio. O alto dinamismo urbano atrai população em busca de oportunidades na cidade.
  •  Crescente substituição de trabalhadores por máquinas e alta liberdade empresarial para se estabelecer sem arcar com direitos trabalhistas: com a alta liberdade empresarial, que busca o lucro e conseguir estabelecer seu produto há um preço competitivo de mercado, muitas vezes trabalhadores são substituídos por máquinas. Um bom exemplo disso são os caixas do metrô que são substituídos por uma máquina que recebe seu dinheiro, emite seu cartão e te dá o troco. Ao mesmo tempo, muitas empresas tem se ausentado da responsabilidade de arcar com direitos trabalhistas. É a chamada Uberização do trabalho.
  •  

Conceituando

  • Mão de obra qualificada/não qualificada: a qualificação profissional se relaciona com o nível de estudo e técnica embutidos no trabalho. Há maior concorrência para os empregos que não demandam qualificação profissional, dada a dificuldade de acessar a educação de qualidade no Brasil.
  •  Subcontratações ou “trabalhador parceiro” –  São empregos por aplicativo que difundem, por meio de um discurso eufêmico de empreendedorismo e autonomia, o cenário do desemprego e da precarização trabalhistas, com baixíssimos ganhos e ausência de direitos trabalhistas e sociais.

 

É a chamada “uberização” das relações de trabalho. Sabemos que o Uber tem sido uma empresa que dá autonomia para o trabalhador escolher sua carga horária e sua jornada de trabalho, sendo ele responsável também pela obtenção e manutenção do seu instrumento de trabalho, o carro. Além disso, este fato cria um distanciamento entre empresa e trabalhador, de modo que questões como segurança do trabalho se tornam precárias. Atualmente, com o advento da internet, muitas empresas adotam esse sistema. A demanda urbana por entrega de comida em residência, por exemplo, tem estimulado empresas a realizar contratações semelhantes a do Uber. Um único trabalhador pode usar uma “bike Itaú” para realizar entregas de aplicativo como Rappi e Ifood. Acontecendo qualquer acidente, nenhuma das empresas envolvidas teria responsabilidade sobre o ocorrido. Também não há direitos trabalhistas básicos como férias e contribuição previdenciária. Com o crescente número de desalentados - pessoas que desistem de procurar emprego - no Brasil, devido a recessão econômica – ou estagnação do crescimento - que enfrentamos desde 2013, muitas pessoas precisam recorrer a esses empregos para obter renda. O que foi criado para fazer parte de uma renda extra, uma complementação, acaba se tornando o trabalho oficial. Além disso, estamos falando  de um serviço que surge suprindo partes vitais do funcionamento urbano, como a questão da mobilidade e transporte.

A automatização de processos produtivos é uma grande causa para o desemprego crescente, somando-se a dificuldade de acesso a educação de qualidade no Brasil. A geração de empregos fica a cargo também do governo federal, que deve sempre estimular criação de indústrias que contratem mão de obra, além de dar incentivo a micro empresas, que atualmente empregam mais de metade dos trabalhadores do setor privado. Sobre a situação do desemprego nos países, existem duas classificações diferentes:

  • Desemprego conjuntural: Aquele que ocorre devido às crises econômicas e são recuperados com o crescimento econômico, ou seja, de acordo com a conjuntura.
  • Desemprego estrutural: Aquele gerado pela introdução de novas tecnologias, lógicas e processos produtivos. Esses passam a fazer parte da estrutura organizacional da sociedade produtiva e são mais dificeis de serem superados.