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Feminismo e relações de gênero no mundo contemporâneo

Confira uma aula sobre o feminismo e relações de gênero no mundo contemporâneo.

A história da mulher na sociedade mundial é uma trajetória de luta contra a submissão aos padrões impostos pelas sociedades patriarcais. Alguns direitos básicos, de liberdade e igualdade de gênero foram conquistados através de lutas ao longo dos séculos, mas ainda não são conquistas efetivas para o fim da sociedade patriarcal.

A sociedade patriarcal

A ideia de uma sociedade com bases patriarcais não se relaciona apenas à figura do homem como pai e líder da família em uma sociedade. É importante destacar, primeiramente, que o patriarcado é uma lógica milenar que organiza diversas sociedades através da inferiorização estrutural e da perda das identidades femininas pela supremacia masculina em diversas esferas sociais, como o seio familiar, os espaços públicos, a religião e até mesmo na organização do Estado.

Essa inferiorização foi responsável em diversas civilizações pela não permissão da participação de mulheres na política, pela objetificação do corpo feminino, pela submissão à violências e exclusão.

Apesar do termo pater ter origem na Grécia antiga, nem todas as civilizações se organizaram através do patriarcado. Em 1861, o arqueólogo britânico Sir Arthur Evans encontrou pela primeira vez os vestígios da civilização minóica, revelando uma sociedade que cultuava deusas e figuras femininas, configurando-se possivelmente em um mundo matriarcal. Estudos recentes revelam que algumas civilizações africanas também possuíam uma linhagem matrilinear e outras até mesmo matriarcal, sendo a mulher uma figura central nos rituais religiosos e na organização dos grupos familiares, essa própria ancestralidade explica, por exemplo, o matriarcalismo em muitos terreiros, com a importância das chamadas mães-de-santo.

Essa estrutura patriarcal que foi base de tantas civilizações no passado atinge a formação do mundo contemporâneo, firmando uma grave desigualdade entre os gêneros e impondo às mulheres posições subalternas, violência e invisibilidade.

O patriarcalismo brasileiro

A colonização portuguesa no Brasil, durante muitos anos, teve como base as relações entre a Casa Grande e a Senzala, sendo essa a marca de uma sociedade escravista e patriarcal. A figura do Senhor de Engenho, que recebia e administrava terras no Brasil, representava o topo de uma hierarquia social, submetendo não apenas os escravizados ao seu poder, mas também as próprias mulheres livres. Essa lógica patriarcal, herdada da própria civilização portuguesa influenciou diretamente a construção da sociedade brasileira.

A luta pelo feminismo

A resistência feminina contra o patriarcado é milenar, ainda que de forma individual, sem organizações feministas ou ativismo político. Assim, seja pela resistência de mulheres acusadas de bruxaria pelas inquisições, pela participação não autorizada em guerras, pela regência de reinos ou mesmo a resistência contra senhores de escravos, as mulheres sempre lutaram contra as opressões impostas.

No entanto, apesar de existir um debate sobre qualificar ou não essas manifestações de luta como feministas, hoje, entende-se como feminismo sobretudo as lutas pela liberdade da mulher contra as imposições do patriarcado e pela igualdade de gêneros. No entanto, apesar da luta organizada, o feminismo também pode caracterizar um conjunto de filosofias e expressões culturais que abordem os objetivos do movimento.

Uma das primeiras expressões organizadas de feminismo na história data da publicação, em 1791, da “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, pela francesa Olympe de Gouges (1748-1793), questionando a insistência da desigualdade de gêneros na Revolução Francesa e na “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. Olympe de Gouges foi executada em 1793, mas seus pensamentos inspiraram mulheres na luta.

Além da participação nas lutas da Revolução Francesa, muitas mulheres também se organizaram pela reivindicação de melhorias nas fábricas durante a Revolução Industrial. Um exemplo dessa organização é o dia 8 de março que, em 1857, marcou a data da repressão pela polícia à trabalhadoras da indústria têxtil de Nova Iorque que declararam greve por melhores condições de trabalho e igualdade de gênero. Na mesma data, em 1908, mais uma vez um grupo de trabalhadoras do comércio de agulhas foi reprimida por se manifestar contra as faltas de igualdade e relembrar a luta feminina por direitos, marcando, por fim, o dia 8 de março como o dia internacional da mulher.

Graças a estes movimentos, o feminismo foi responsável pela conquista ao longo dos anos de diversos direitos civis ao redor do mundo, como o voto, a participação política, a igualdade jurídica e, atualmente, ainda caminha na luta por igualdades salariais, fim da violência contra a mulher, não objetificação do corpo feminino e fim de outras formas de opressão.