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África Contemporânea

Confira!

A África é o terceiro maior continente do mundo. Ao todo são 54 países africanos, mais de 2000 mil etinias, contendo uma enorme diversidade de climas, paisagens e culturas. De totais desertos a climas equatoriais chuvosos, a África possui uma população que reflete a diversidade da extensão territorial do continente, com cerca de 130 etinias diferentes, além de existirem mais de mil idiomas no continente. Vamos estudar como o continente que foi o berço da humanidade hoje enfrenta consequências e perspectivas de processos históricos passados.

 

 

 

Não podemos ignorar o fato de existirem uma série de estigmas negativos atribuídos ao continente Africano. Não é incomum que pessoas achem que a África é um país por exemplo, e que não conheçam nada além da história da fome e da pobreza. Isto é consequência de um processo de apagamento da história africana, a partir da invenção colonial da África e dos processos imperialistas sobre o continente. Esses estigmas construídos podem atrapalhar o processo de aprendizagem e limitar nossa visão de mundo. Por isso, antes de começarmos, que tal assistir a esse vídeo da escritora Chimamanda Adichie chamado “ O perigo de uma história única”?

 

https://www.youtube.com/watch?v=qDovHZVdyVQ&ab_channel=ChristianoTorre%C3%A3o

 

Alguns conflitos importantes

O caso da Angola e a influência externa

Os países africanos passaram tardiamente pelo processo de formação enquanto Estado, isso porque em um contexto de colonização do continente, no século XX, estes eram colônias e as metrópoles europeias em crescente avanço industrial buscavam recursos para tal empreitada. Um exemplo é Angola, que foi colônia de Portugal até 1975, quando, após uma guerra civil, que perdurou até 2002, alcançou a independência, mas o cenário posterior foi de conflito pelo poder entre dois grupos políticos envolvendo indiretamente EUA e URSS visto que era o cenário da Guerra Fria. Tratou-se da disputa política entre Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). A Angola entrou em guerra civil de 1975 a 2002. Estamos falando do processo de descolinização de um país que detêm uma das maiores reserva de petróleo do mundo. OS EUA tiveram forte atuação no financiamento dessa guerra, em grande parte por seu interesse de não deixar o governo local se estabelecer a ponto de conseguir explorar seu próprio petróleo e manter sua influência na região. O resultado deste conflito é que Angola é o país que mais tem minas espalhadas em seu território e o número de mutilados também é elevado.

 

O caso do Darfur (Sudão)

Na área do oeste do Sudão, Darfur, a população não árabe se rebelou contra o governo que era a favor dos árabes (janjawid). Além disto o conflito envolve a questão de acesso aos recursos, pois a população árabe, que vivia em maioria na área norte do país, área desértica, retirava da área sul, com grande cobertura vegetal e onde residem grande parte dos cristãos, recursos para se utilizarem destes.

 

O conflito em Ruanda

O país composto por uma minoria Tútsis e uma maioria Hutus foi marcado por um conflito étnico pelo poder após a Bélgica abandonar o país, sua antiga colônia, situação na qual os Tútsis dominavam politicamente o país e contestando isso o Hutus se rebelaram e tomaram o poder. Em 1990 os Tútsis tentam retomar o poder gerando novos conflitos que têm fim 1993 com um acordo de paz e a manutenção dos Hutus no poder. Mas no ano seguinte um avião com o presidente é derrubado gerando assim uma nova instabilidade pois a culpa recaiu sobre os Tútsis que foram massacrados no chamado genocídio de Ruanda através da atuação de extremistas Hutus.

 

O conflito em Mali

O Mali faz parte do Sahel, faixa biogeográfica de transição entre África do Norte e Subsaariana, e era colônia da França e que após a independência se tornou um dos países com uma grande extensão territorial e um dos piores IDH do mundo. O povo (Tuareg), fortemente ligado às atividades agrárias, foi perseguido pelo governo, que defendia mais os interesses da região sul, população essa não islâmica, e tiveram apoio de países do norte da África, como a Líbia, treinando militarmente o povo. Em 2012 ocorre a Rebelião Tuaregue. Na ocasião três cidades do norte foram tomadas e eles chegaram a declarar um Estado independente e deram um golpe militar e derrubaram o presidente. A preocupação internacional em relação à este conflito no Mali é porque ele foi engendrado por um grupo de origem islâmica que tinha relações com um braço da Al Qaeda na África e que poderia se alinhar com os grupos terroristas. Com a interferência da França o conflito teve fim.

 

Sudão do Sul

O Sudão do Sul é um país de formação nacional recente, tendo conquistado sua indenpendência em 2011, por meio de um referendo no qual 98,83% da população votou a favor. A origem dessa guerra se dá na separação de fronteiras africanas estabelecida anteriormente por povos europeus, no qual pessoas de etinias, religões e culturas muito distintas ficavam no mesmo território. A disputa por recursos nesse sentido se dá de maneira inevitável.

O próprio referendo que aprovou a independência estava prevista no acordo de paz de 2005 que encerrou décadas de guerra civil. A população sudanesa do sul é de maioria cristã ou animista e se sentia discriminada pelo governo centralizado em Cartum, no Sudão, de maioria muçulmana. Esse governo tinha como objetivo impor a lei islâmica na região. O governo de Cartum no entanto reconheceu rapidamente a nova nação, num processo estavel de secessão. No entanto, com a independência, diz-se que o que era uma guerra civil se tornou um conflito internacional, uma vez que houve muita dificuldade em estabelecer as fronteiras entre os países, disputando recursos como o petróleo.  Em dezembro de 2013, ainda grupos de milícias começaram a atuar na região com confrontos marcados e massacres de caráter étnico. Isto ocorreu porque o então presidente Salva Kiir destituiu o seu ex-vice Riek Machar, acusando-o de tramar um golpe. Kiir pertence a um grupo étnico chamado de dinka, representado cerca de 15% da população do país, enquanto Machar pertence ao grupo dos nuer, representando 10% da população. Apesar desse racha político que se tornou um conflito étinico, ambos faziam parte do exército de libertação do povo sudanês. Um país que declara independencia no meio de uma guerra já indica certa instabilidade econômica. Nesse caso, a situação se agravou ainda por uma inflação anual de 800%, e uma moeda muito desvalorizada. O Sudão detinha ainda toda a infraestrutura de produção de petróleo, que correspondia a 98% da economia do sudão do sul, que hoje vive uma economia de subsistência.

Esse conflito armado com perseguição étnica e fome gerou uma crise de refugiados na qual estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas se deslocaram para países vizinhos como Uganda, Quênia, Sudão, Etiópia,

República Democrática do Congo e República Centro-Africana. Além disso, 7 milhões de pessoas dentro do país precisam de assistência humanitária.  Em 2018 essa crise de refugiados se tornou a pior do mundo a níveis de crescimento, superando até mesmo o conflito da Síria.

 

Serra Leoa

Serra Leoa é um dos países mais pobres do mundo e mais ricos em diamantes, e hoje é palco de guerras e conflitos. Se antes o colonialismo e imperialismo era direto, com guerras e conflitos declarados, hoje muitos dos países libertos contam com outros países, empresas e governos subsídiando o governo local, numa abertura econômica praticamente obrigatória e com alto grau de dependência externa, sobretudo em função da infraestrutura e desenvolvimento. Só que essa abertura estabelece muitas relações de exploração e pobreza. Em virtude da exploração e conflitos, os recursos naturais acabam financiando conflitos armados na região.

 

Africa do Sul e o Apartheid

A África do Sul é o país mais rico do continente, mas mantêm altos índices de concentração de renda. Mesmo antes do Apartheid, a população branca concentrava grande parte dos meios de produção e a tensão entre raças já se fazia presente no território. Foi em 1948, já vislumbrando o processo de descolonização pela Guerra Fria e o enfraquecimento da Europa no cenário geopolitico, que, nesse contexto, a segregação passa a ser institucionalizada como política oficial. O clima de violência se estabeleceu fortemente no país. Houveram chacinas por parte do governo para reprimir protestos antes mesmo deles acontecerem. Houveram conflitos como o Levante de Soweto, onde a repressão policial contra estudantes negros que iriam realizar um comício contestando a qualidade dos serviços de educação e saúde oferecidos à população negra, e o massacre de Sharpeville, repressão da polícia Sul-africana sobre manifestantes negros que realizavam uma passeata contestando a Lei do passe e que culminou em mortos e feridos. Naquele período, eram cerca de 2 milhões de brancos detendo 87% do território, contra 8 milhões de negros.
Nelson Mandela nesse contexto, era um nacionalista, advogado e político membro do Conselho Executivo. Acontece que com o regime do Apartheid, ele passa a entender que não havia como lutar ao lado do governo, e se une ao Congresso Nacional Africano, se tornando um braço armado pra lutar contra o estado. Apesar de ser inicialmente um pacifista, a situação de violência no país o fez entender que não se disporia de capacidade de lutar contra esse regime por meios não armados. Com atenuamento do conflito, ele acaba sendo presos perpetuamente. Na prisão, há relatos de que tentar enloquece-lo de diversas formas diferentes. A ídeia era abafar o líder do movimento e conter a resistência ao regime implantado, e, principalmente, manter os brancos no poder, de modo que a população negra, cerca de 70% à época, não podia votar.