A Ucrânia na última década
O Conflito na Criméia
O território ucraniano é e sempre foi alvo de muitos interesses internacionais. A Ucrânia é o maior país totalmente europeu, além disso, a sua posição extremamente centralizada, a torna um divisor entre o Leste o Oeste. Por essas razões, o território que hoje é ucraniano, sempre foi considerado estratégico e, por isso, cobiçado.
Além disso, eles passaram por um processo de formação nacional recente. A Ucrânia fazia parte da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e só se tornou independente em 1991. Isso gerou uma divisão dentro do próprio país, pois a região oeste do país busca aproximação com a União Europeia, enquanto a região leste se identifica com a Rússia, não só pela proximidade, mas também pelo histórico que possui.
Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/34186/russia-denuncia-ataque-ucraniano-durante-madrugada-na-crimeia
Do ponto de vista natural a Ucrânia possui um destaque mundial quando o assunto é agricultura, pois, conta com grande presença de Chernossolo (Tchernozion), considerado o melhor solo para agricultura do mundo. Juntando a fertilidade natural do país, a presença de grandes espaços de relevo aplainado e ao extenso território, a Ucrânia é considerada o celeiro da Europa (Em 2011 foi a 3ª maior produtora de grãos do mundo), sendo muito importante para os países tanto da União Europeia quanto do antigo bloco soviético.
Após o processo de independência, a Ucrânia passou pelo mesmo processo da maior parte dos países que compunham a URSS. Forte crise econômica, dificuldades de adaptação a moldes capitalistas, enormes escândalos de corrupção e fraude (herança de poderes conquistados em períodos ditatoriais).
A grande raiz da crise atual é a possição que a Ucrânica irá tomar, se favorável a União Europeia ou a Rússia.
No ano de 2012, o presidente Yanukovich deu inicio a um processo de aproximação com a União Europeia. A assinatura do acordo entre Ucrânia e União Europeia estava marcada para o dia 29 de Novembro de 2013, contudo, no dia 21 de Novembro de 2013, o então presidente Yanukovich afirmou que o acordo não seria tão vantajoso para a Ucrânia e ainda a afastaria dos países do Leste Europeu (com destaque para a Rússia), sendo assim, estava decidido que a Ucrânia não mais assinaria o acordo com o bloco europeu. E isso gerou o início das manifestações populares, daqueles que acreditavam que o acordo com a UE seria o caminho para a solução de parte dos problemas econômicos do país.
Os protestos começaram porque o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se recusou a assinar um acordo de aproximação com a União Europeia, preferindo se aproximar da Rússia. O governo ucraniano inclusive disse que os russos teriam ameaçado cortar o fornecimento de gás na região e tomar medidas protecionistas contra os produtos ucranianos caso Yanukovich não assinasse o acordo com o país. Alguns manifestantes contrários a isso resolveram ocupar prédios públicos e foi ai que o conflito começou. O presidente Viktor Yanukovich foi deposto do cargo e foram propostas novas eleições. Enquanto isso o presidente do Parlamento ucraniano, Oleksander Turchynov assumiu o governo e começou uma campanha contra a Rússia e a favor da aproximação com a União Européia. Os pró-russos então começaram a criticar a deposição do presidente Yanukovich, dizendo que houve um golpe de Estado.
Em meio às notícias do conflito na Ucrânia um novo foco surgiu, a crise na Crimeia, região até então desconhecida para muitos do mundo ocidental. De forma bastante resumida, a Crimeia é uma região autônoma de ocupação majoritária de população russa. O problema é que a península fica ao Sul da Ucrânia e compõe de maneira legal o território ucraniano. Os laços entre Rússia e a Crimeia superam a origem da população. Com o clima mais ameno que na maior parte da Rússia, a Crimeia é a grande área produtora de alimentos e provedora de acesso à água não congelada no Mar Negro, aliás, ao sul da Crimeia, na cidade de Sebastopol, fica a maior base da marinha russa.
A Crimeia era parte do território russo e possui maioria da população russa até hoje. Em 1954, Nikita Kruschev transferiu a Crimeia para a Ucrânia, num gesto simbólico. Em 1991 (com o fim da URSS), a autonomia da região foi restaurada, porém as tensões separatistas sempre existiram. No dia 17 demarço de 2014 foi feito um referendo na Crimeia, e 96% da população foram a favor da anexação da região à Rússia. Esse resultado não foi oficialmente reconhecido nem pelo Ocidente, nem pela Ucrânia.
O Parlamento da Crimeia declarou formalmente que a região se separou da Ucrânia e pediu ao Kremlin para ser anexada à Rússia. É claro que a Ucrânia não reconhece o governo da Crimeia e a Rússia ficou feliz em ter a Crimeia de volta, por isso tem feito de tudo para ajudar os separatistas. Em contrapartida, os Estados Unidos e outros países ocidentais se declararam a favor da Ucrânia.