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A crise econômica no Brasil

O professor Ricardo Marcílio fala sobre a crise econômica no Brasil. Confira!

Crise econômica brasileira

O Brasil, desde 2014, tem enfrentado um momento turbulento na economia e na política. Isso tem refletido em um baixo crescimento da economia do país. Em 2019, o PIB brasileiro apresentou um baixo crescimento, mas já representa sinais de recuperação. Mas, para entender esse quadro, é preciso voltar um pouco no tempo.

 

Os anos 2000

No começo dos anos 2000, a economia brasileira vivia um período de crescimento puxado pela alta das commodities (produtos de baixo valor agregado, geralmente primários, de grande importância estratégica, negociados em bolsas valores, como soja, milho, minério de ferro, petróleo, entre outros). Essa alta ocorreu devido ao maior consumo de commodities pela China, e possibilitou um grande fluxo financeiro para o país, fundamentando seu crescimento econômico, além de garantir diversos investimentos do governo federal. No gráfico abaixo, é possível observar os principais indicadores de preço à vista e futuros das commodities.

 

Índices de Preços das Commodities (média de 2002 = 100)

 

Legenda: No gráfico, estão representados diferentes indicadores do preço das commodities.

Fonte: CRB, FMI, Banco Mundial e Unctad.

 

Subíndices de Preços das Commodities (média de 2002 = 100)

 

Legenda: No gráfico, estão representados diferentes indicadores do preço das commodities por tipo.

Fonte: CRB, FMI, Banco Mundial e Unctad.

 

O Brasil, como um grande exportador de commodities agrícolas e minerais, aproveitou esse crescimento. Mesmo a crise econômica de 2008 iniciada nos Estados Unidos, que provocou uma forte queda nos preços das commodities, não afetou gravemente a economia brasileira. Isso porque os preços voltaram a subir rapidamente, uma vez que a China forçou seu crescimento econômico, demandando mais commodities. Tal condição garantiu o aumento do preço desses produtos e a economia brasileira mantinha-se em um ciclo positivo.

  • Ciclo positivo da economia: o elevado consumo de produtos e recursos gera uma maior lucratividade e, consequentemente, um maior investimento produtivo. Com isso, é gerado mais emprego e assalariamento, aumentando o consumo. Esse é o ciclo virtuoso da economia.

  

Crise econômica em 2014

A partir desse ano, observaram-se diversas mudanças no mercado mundial, principalmente uma reorientação na forma de crescimento da economia chinesa. Na verdade, essa reorientação já vinha sendo observada desde 2011 e revelava uma diminuição nas exportações das commodities brasileiras para a China.

  

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/explicado

 

A partir dessa menor demanda, as commodities começaram a viver um momento de queda dos preços. O índice CRB (da Thomson Reuters/CoreCommodity), um dos principais indexadores dos preços futuros das commodities, começou a apresentar quedas para valores inferiores aos do início da década de 2000.

  

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/explicado

 

Com isso, a economia brasileira, que possui um grande potencial e dependência do setor primário, começou a enfrentar problemas econômicos, entrando em um ciclo negativo da economia.

  • Ciclo negativo da economia: a queda no consumo diminui a lucratividade e causa prejuízos, o que diminui os investimentos. Assim, novos empregos não são gerados e muitas empresas adotam políticas de demissão, reduzindo mais ainda o consumo. Esse é o ciclo vicioso da economia.

 

Devido a essas quedas nos preços das commodities, a economia brasileira entrou em um ciclo vicioso. O país sofria de gargalos econômicos, como o elevado custo produtivo, decorrente das precárias infraestruturas de transporte e energia, além da elevada carga tributária. O governo federal, mesmo observando essa queda, manteve seus níveis de investimento. Mas, com a menor arrecadação, o país encaminhava-se para uma crise fiscal, que se desdobrou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

 

Governo Temer e as Reformas

O governo Temer assumiu o país em meio à necessidade de um ajuste fiscal e de reformas. A Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos foi a primeira etapa desse processo. Foi promulgada em dezembro de 2016 e limita o crescimento das despesas do governo brasileiro durante 20 anos. Do ponto de vista fiscal, essa reforma é fundamental, todavia, do ponto de vista social, pode gerar problemas nos setores de saúde, educação e previdência.

A segunda mudança foi a Reforma Trabalhista, que tinha como objetivo flexibilizar leis trabalhistas no país para atrair novos investimentos, gerando novos empregos. Além também da Reforma da Previdência, que, devido ao maior envelhecimento da população e ao limitado orçamento brasileiro (Teto dos Gastos Públicos), exige algumas mudanças. Mas essa última reforma só foi aprovada no governo de Jair Bolsonaro. Já em 2020, a pequena recuperação econômica do país nos anos anteriores mostra que essas reformas sozinhas não foram suficientes.

 

Desemprego

O país passa por duas situações que afetam os níveis de desemprego. A primeira é econômica. Com uma recuperação ainda lenta, pouquíssimos postos de trabalho são gerados. Assim, a taxa de desemprego, mesmo em queda, se mantém elevada.

  

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/explicado

 

Segundo o IBGE, em meio a esse processo, crescem também os desalentados, isto é, pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego.

  

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/explicado

 

A segunda situação envolve um processo de modernização da estrutura produtiva, iniciado com a quarta fase da Revolução Industrial. Mesmo que ainda não tão significativo no Brasil, esse processo exige uma maior qualificação da mão de obra. Assim, trabalhadores com menor qualificação sentem mais dificuldade para encontrar emprego, o que faz crescerem os números da subutilização, de desalentados e de subocupados, aumentando o número de trabalhadores informais. Porém, a maior parte desses empregos são eventuais (bicos) e afetam profundamente a renda das famílias. A solução é o crescimento dos investimentos na educação e qualificação do trabalhador, mas que esbarram no teto de gastos, dificultando o crescimento econômico e se tornando um problema estrutural, complexo de ser resolvido.