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A ascensão de movimentos neofascistas e neonazistas

O professor Ricardo Marcílio fala sobre a ascensão de movimentos neofascistas e neonazistas. Confira!


Entenda o que foi a ideologia fascista e como ela se espalhou pelo mundo.

O termo fascismo tem retornado com força no cenário político dos últimos anos. Movimentos de extrema direita que se posicionam como herdeiros de líderes fascistas do passado tomam as ruas e a internet. Com posicionamentos radicais e preconceituosos, atraem adeptos muitas vezes assustados e com respostas fáceis.

Neste texto encontraremos tudo o que você precisa saber sobre fascismo. Quais as características, como se disseminou e como o fascismo se manifesta atualmente através do racismo e da xenofobia.

 

O fascismo na era dos extremos

O fascismo surgiu com uma estrutura ideológica e partidária apenas no início do século XX. Entretanto, desde o século XIX, as características do fascismo já estavam presentes na sociedade burguesa, sobretudo europeia. Com o desenvolvimento das ciências, do imperialismo e do nacionalismo, a cultura racista e xenofóbica conquistou espaço.

Assim, as teorias do darwinismo social, da eugenia e do higienismo, defendiam uma superioridade europeia que parecia natural e consensual. Para os homens europeus, apenas a Europa seria civilizada e teria a missão de levar a modernidade e o progresso ao mundo. Desta forma, esse cenário se tornou responsável, inclusive, pela eclosão da 1ª Guerra Mundial. Neste momento, com as batalhas na Europa, os nacionalismos e sentimentos xenofóbicos se aguçaram ainda mais. Com essa receita e a grave crise econômica de países como Itália e Alemanha que o fascismo se estruturou.

Como uma resposta fácil e rápida para problemas complexos, o fascismo atraiu uma multidão de jovens desesperados. Na Itália, o Partido Nacional Fascista, de Benito Mussolini, reuniu jovens de todo o país em milícias conhecidas como “camisas negras”. Enquanto na Alemanha, alguns anos depois, os “camisas pardas” passaram a seguir as ideias nazistas e do líder Adolf Hitler.

Visto isso, esses grupos tinham como características principais:

  • Xenofobia e racismo;
  • Ultranacionalismo;
  • Autoritarismo;
  • Militarismo
  • Violência e mobilização de massas;
  • Anticomunismo e antiliberalismo;
  • Ultra Conservadorismo;
  • Antidemocráticos
  • Culto a líderes;Negação da luta de classes e naturalização das desigualdades (social, gênero e étnica);
  • Defesa do Estado totalitário e unipartidário;
  • Corporativismo.


A simbologia fascista

Através das características citadas, esses grupos se reuniram principalmente no Partido Fascista e no Partido Nazista. Na Itália, o principal símbolo do fascismo foi o fascio. Este emblema, composto por um feixe de varas ao redor de um machado, era um símbolo do Império Romano. Associado ao poder e a autoridade, o símbolo era normalmente utilizado nas cerimônias oficiais com os magistrados. Pouco se sabe sobre a sua origem, mas acabou sendo adotado ao redor de todo o mundo por instituições públicas. Em Assembleias, tribunais e outros prédios públicos do século XIX, até mesmo no Brasil, é possível observar o fascio na arquitetura. No caso italiano, o símbolo foi ressignificado por Mussolini e se tornou a inspiração para o nome fascismo. Segundo os membros do partido, o propósito do fascismo era trazer de volta à Itália os tempos áureos do Império Romano. A escolha da herança romana, portanto, revela não só um romantismo, como as intenções imperialistas e totalitárias do novo partido.


Galeria do Museu da Justiça, Nottingham.

 

No caso alemão, o uso real da suástica como um símbolo nazista continua sendo um mistério. Muito debatido por historiadores, o símbolo é muitas vezes associado ao esoterismo de Adolf Hitler. Vale destacar que imagens parecidas com a suástica nazista podem ser encontradas em diversas culturas milenares. Entre gregos, incas, chineses, hindus, budistas, maçons e diversas ordens esotéricas já utilizavam símbolos parecidos.

No caso nazista, uma das principais hipóteses é o da associação da suástica ao arianismo. Para os alemães, o símbolo seria uma importante runa de seus ancestrais que simbolizaria vitória. 

 

Na Espanha, a expansão do fascismo foi determinante para o acontecimento da Guerra Civil Espanhola. Através da chamada Falange, composta por militares e pela elite econômica espanhola, os fascistas permaneceram no poder até 1975. O Gal. Francisco Franco se tornou o principal símbolo do fascismo espanhol, com um governo:

  • Totalitário
  • Anticomunista
  • Ultranacionalista
  • Ultraconservador
  • Corporativista.

 

O que é o fascismo hoje?

Atualmente, a pergunta “o que é o fascismo?” vem movimentando diversos debates. A principal causa é a dificuldade na identificação de grupos fascistas e a associação desse movimento com espectros políticos. Um dos grandes debates tem sido, por exemplo, se o fascismo seria uma ideologia de esquerda, ligada ao socialismo, ou de direita.

Vale destacar que sobre essa questão, há um consenso entre os historiadores: o fascismo é um movimento de extrema-direita. Apesar do fascismo italiano e no nazismo terem surgido de partidos socialistas, adotando, inclusive, as cores, estes, pouco se identificavam. Na prática, o socialismo defende o fim das desigualdades sociais e busca a construção de uma sociedade comunista, sem Estado.

O fascismo, por sua vez, apesar de ter um antiliberalismo semelhante, se apresentava como socialismo apenas para atrair os trabalhadores. Sabendo que não conquistaram a massa operária apenas com o conservadorismo e a xenofobia, a estratégia inicial dos fascistas foi essa.

Portanto, de uma forma geral, o fascismo se aproximou muito mais do conservadorismo de direita, com a xenofobia, o racismo, ultranacionalismo e autoritarismo. Características essas que, até hoje, figuram em movimentos desse espectro político.

Atualmente, uma série de grupos ultra conservadores surgiram reivindicando o legado dos fascismos do século XX. No sul dos Estados Unidos, por exemplo, grupos ultra conservadores, utilizam o discurso fascista para atacar principalmente negros e latinos. No Brasil, de forma semelhante, também existe o ataque a negros e latinos, mas também atitudes separatistas e preconceituosas com a cultura nordestina.

Portanto, percebe-se nestes grupos, com um novo contexto, características de um neofascismo, como:

  • Ataques a imigrantes e pessoas de etnias e culturas diferentes;
  • Autoritarismo, antidemocracia e defesa de ditaduras militares;
  • Patriotismo exagerado, com características xenofóbicas;
  • Elitismo, pautado na naturalização das desigualdades;
  • Posturas machistas, defendendo a desigualdade entre gêneros;
  • Homofobia e transfobia;
  • Culto a líderes e movimentos fascistas do passado;
  • Organização através de milícias violentas;