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Argentina no início do século XX

Acompanhe a aula sobre América Latina no século XX

As inovações políticas da Argentina

Peronismo

Ditadura Militar

Copa do Mundo e Malvinas

Redemocratização

Durante o século XX a América Latina vai passar por diversas fases em comum, como os governos populistas e as ditaduras. A Argentina não vai ficar de fora desse padrão, sendo palco de importantes movimentos políticos e sociais, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. O país vai passar por momentos políticos conturbados, marcado por diversos golpes militares durante o século citado que tinham a intenção de barrar seja o aumento da participação popular ou a ameaça do comunismo.

O inicio do século XX foi extremamente conturbado para o povo argentino. O final do século anterior e o inicio do século XX foi marcado por um período de prosperidade econômica na sua capital Buenos Aires, conhecida como Belle Epoqué Argentina. O país era um grande produtor agrícola e pecuário com relações comerciais com a Europa, principalmente com a Inglaterra.

Com diversos golpes militares em sua história, a década de 1930 será conhecida como a Década Infame.  Iniciado com um golpe militar, o período será marcado por uma série de fraudes eleitorais, forte repressão aos opositores do regime e grande corrupção. Inserido no contexto da Crise de 29, o país ainda será palco de um intenso êxodo rural e um investimento forçado em industrialização devido às novas demandas provenientes da crise econômica mundial. A década histórica vai acabar com um novo golpe militar e ascensão do grupo GOU ao poder.

 

Ascensão do Populismo

Em 1943 ascende ao poder através de um golpe militar o grupo GOU - Grupo de Oficiais Unidos, composto por uma união entre conservadorismo, militarismo e catolicismo. O novo governo foi marcado por uma forte repressão e perseguição aos seus opositores. Como o resto da América Latina, o perigo que rondava a todos eram os ideais comunistas que precisavam ter seus focos eliminados. E assim se propagou uma série de ataques a instituições educacionais, a intelectuais, sindicatos e movimentos populares com a desculpa de garantir a ordem social.

É dentro desse panorama que Juan Domingo Perón surge ocupando importantes cargos dentro desse governo. Com uma política de aproximação com os sindicatos e com os trabalhadores, Perón vai conseguir importantes avanços nos direitos trabalhistas e garantir o apoio do proletariado em torno da sua figura. Sua rápida ascensão e popularidade levaram a uma preocupação por parte das elites que o retiraram do cargo e o prenderam em 1945. Contudo, o tiro vai sair pela culatra porque a população, principalmente o proletariado e os sindicatos, tomou as ruas em apoio a Perón e exigiu sua libertação.

 

Peronismo 

Juan Domingos Perón foi eleito presidente em 1946 e posteriormente reeleito em 1951 e mais a frente em 1973. Implantou um programa social apoiado pelo Partido Justicialista criado por ele e conhecido como Partido Peronista. Foi um presidente populista de caráter nacionalista e também paternalista. Aproveitando que a Argentina vivia um cenário econômico favorável, Perón contou com o apoio operário para aplicar seu modelo governamental. Junto de sua esposa Evita Perón, enquanto esteve à frente do governo, intensificou o controle do Estado sobre a economia, nacionalizando vários setores (indústria, transporte, energia)

Governando através da dicotomia entre o populismo e o autoritarismo, almejava um crescimento econômico e o estabelecimento da soberania nacional. No âmbito socioeconômico, aumentou os salários, criou mais empregos e ampliou os direitos trabalhistas argentinos. Promoveu a ampliação da malha ferroviária e do sistema de saneamento básico, além disso, investiu na ampliação e na melhoria do sistema educacional e do sistema de saúde argentino.

Comparado ao “Varguismo” no Brasil, exercia controle sobre os sindicatos com intuito de evitar manifestações contrárias ao seu governo e utilizava a propaganda como forma de popularizar sua imagem. Promoveu a censura em diversos espaços e instituições, especialmente a partir do seu segundo mandato aumentou o fluxo das medidas autoritárias. Somado a isso, a crescente inflação a partir de 1951 vai fazer com que Perón perca o apoio de importantes organizações e que a oposição ao seu governo aumente.   

Junto com seu marido, Evita Perón foi de suma importância para a popularização do governo populista. Comandou as manifestações a favor da liberdade de Juan em 1945. Já como primeira-dama, atuava junto aos sindicatos e promoveu uma série de campanhas em defesa dos direitos das mulheres. O sufrágio feminino foi aprovado durante o governo Perón, assim como a igualdade jurídica entre homens e mulheres. Inaugurou em 1948 a Fundação Eva Perón, onde prestava assistência a população mais pobre do país. Evita veio a falecer em 1953 de um câncer  cervical.

 

Golpe Militar 

No seu segundo mandato Perón começa a perder boa parte de sua base de apoio. As Forças Armadas que até então eram aliadas do presidente, começam a se opor ao seu governo porque ele começa a negociar com empresas estrangeiras a cerca da exploração do petróleo. Outra instituição que também vai retirar seu apoio a Perón é a Igreja Católica, que vai ver como uma ofensa a revogação da lei que obrigava o ensino católico nas escolas e a promulgação de uma nova lei que separa a Igreja do Estado.

A partir de 1953 a oposição começa a utilizar mão do terrorismo para tirar o então presidente do poder. No mesmo ano, Perón vai sofrer um atentado a bomba evidenciando o caráter radical da oposição.  Em 1955, devido às conspirações, o presidente declarou o Estado de Guerra. Logo em seguida, a Casa Rosada (residência oficial do presidente argentino) sofreu um no atentado aonde mais de 300 pessoas morreram.

Ainda em 1955 ocorre um novo atentado com o apoio de comandos civis revolucionários, que combateram as tropas leais ao presidente Perón em Alta Córdoba e mantiveram grupos armados em diferentes pontos do país, ocupando edifícios públicos.  É o fim do governo peronista. Perón é deposto e vai se exilar na Espanha. Após a sua saída, Eduardo Lonardi nomeia a si mesmo como Presidente Provisório da Nação.

 

Revolução Libertadora 

Em 1966 ocorre mais um golpe militar na Argentina com a deposição do presidente Arturo Illia. O movimento se autodenominava de “Revolução Libertadora” e assim como qualquer ditadura foi marcada pela forte repressão e censura. Ocorreram vários massacres por parte do governo que reprimia duramente os protestos contra o regime militar, principalmente dentro das universidades, o que levou a um número grande de intelectuais exilados. Ocorreu uma maior abertura econômica para o capital estrangeiro e uma quantidade significativa de obras de infraestrutura. O período ditatorial foi até 1973, quando após uma pressão interna da população ocorre a volta de eleições democráticas que levaram Juan Perón ao poder novamente.  

 

Retorno de Perón 

Juan Perón volta a Argentina em 1972 e logo no ano seguinte concorre as eleições após a renúncia de Héctor Cámpora. É reeleito, contudo não chega a governar por tanto tempo porque morre logo no ano seguinte, 1974. Como sua esposa, Isabelita Perón, era sua vice-presidente ela assume o cargo após a sua morte. Entretanto, Isabelita também não vai governar por muito tempo, pois apenas dois anos depois (1976) uma junta militar se reúne e dá um novo golpe militar no país.

Ditadura Civil-Militar 

A deposição de Isabelita não passou de um golpe chefiada por uma junta militar composta pelos chefes das principais forças militares argentinas. Novamente o país entrava em uma ditadura militar após apenas três anos de um governo democrático. Esse foi o ultimo regime ditatorial no país e foi marcado pela sua violência com os opositores.  Alguns historiadores acreditam que ela começou na verdade com a deposição de Perón em 1955 e apenas passou por uma interrupção em 1973.

O fato é que o novo governo contou com o apoio de parte da população, principalmente das elites que após a Revolução Cubana viram a ameaça socialista tomar forma no continente americano, não se pode esquecer que nesse momento o mundo estava vivendo a Guerra Fria. O medo do retorno de governos de caráter populista também rondava o país, então a intervenção militar foi defendida como forma de garantir a ordem. Além disso, a grave crise econômica, política e social do país foram fatores importantes para justificar e legitimar o golpe.

Afirmando que o país passava por um Processo de Reorganização Nacional, os militares iniciaram um rápido processo de caça aos opositores do regime que ficou conhecido como, Guerra Suja. Diversas pessoas foram sequestradas e levadas para o que ficou conhecido como “os centros clandestinos de detenção”, chegando lá passavam por procedimentos de tortura até serem assassinados. Uma das formas mais comuns de eliminar esses corpos era jogando-os ao mar, o que faria com que eles não fossem encontrados. Outra prática muito comum era o sequestro de bebês de pais considerados “subversivos”, seus filhos eram levados de dentro de suas casas ou então de dentro do cárcere (casos de mulheres que foram presas grávidas).

Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham desaparecido ou sido mortas durante a ditadura argentina. O aparelho repressivo foi tão brutal que deu inicio a um movimento chamado Mães da Praça de Maio em 1977. Essas mães promoviam passeatas para pressionar o governo sobre os desaparecimentos de seus filhos e denunciar as ações cometidas contra os direitos humanos pelos militares argentinos. Muitas dessas mulheres foram perseguidas e mortas pelo regime. Ainda hoje o grupo atua tentando encontrar as crianças vitima de sequestros e que foram adotadas por outras famílias. Atualmente o grupo conta com a participação das Avós da Praça de Maio.

 

Guerra das Malvinas

Os militares que já vinham perdendo prestígio dentro do país decidem entrar em guerra para disputar o território das Ilhas Maldivas contra o Reino Unido em 1982. A invasão também seria uma forma de unir a população e fazer com que ela “esquecesse” as criticas ao regime e pelo interesse antigo de ocupar a ilha tão próxima do seu território. A Inglaterra respondeu rapidamente a invasão argentina ao seu território e impôs uma derrota expressiva a Argentina e aos militares em menos de dois meses. O que já não ia bem vai ficar pior ainda. Envoltos em uma crise econômica e sendo cada vez mais questionados devido aos crimes cometidos contra aos direitos humanos, a derrota ajudou a pôr fim ao regime militar na Argentina.