O Porfiriato
A Revolução Mexicana
Consequências da Revolução
A Revolução Mexicana é considerado o primeiro grande movimento social ocorrido no século XX. Diversas camadas da sociedade, como a burguesia e os camponeses, estavam insatisfeitas com a ditadura de Porfírio Diaz, que já vigorava há mais de 30 anos. Com características diversas, como o anti-latifundiário e anti-imperialista, a revolução vai comportar uma série de ideologias, como o anarquismo, o liberalismo e o socialismo. Prontos para entender passo-a-passo o que foi essa importante revolução?
Alguns anos após sua independência, o México viveu em uma ditadura do caudilho Porfírio Diaz, que governou por quase 35 anos. Durante o seu governo, conhecido também com “porfiriato”, houve uma expressiva modernização da sociedade mexicana. Nesse período, o México se tornou o país com uma das maiores taxas de crescimento, suas exportações cresceram em aproximadamente seis vezes. Contudo, esse desenvolvimento foi viabilizado via investimentos e empréstimos estrangeiros, o que vai fazer com que eles dominem boa parte dos setores estratégicos do país, como a exploração de petróleo. Essa forte “presença” estrangeira no país vai causar um descontentamento com as classes médias e altas que viam as riquezas do país indo para o exterior.
Esse crescimento econômico ocorreu de forma desigual, e por isso, juntamente com ele, cresceu a desigualdade social. A condição de vida da população pobre e, sobretudo indígena, era precária. Com a Promulgação da Lei dos Baldios (1893 – 1902) passou-se a exigir um documento para a comprovação de posse de terra, como os indígenas não possuíam tal documento, o governo confiscava essas terras sem indenizar essas populações. Essas expropriações levaram a uma distribuição desproporcional de terras, concentrando sua posse nas mãos de latifundiários, enquanto a maioria da população ficou sem acesso a elas ou perderam seu direito sobre elas.
Somando-se a isso, no âmbito político, cresciam as insatisfações com o regime antidemocrático de Porfírio Diaz, que se reelegeu sete vezes consecutivas. Suas eleições eram marcadas por acusações de fraudes eleitorais, controle do aparato eleitoral e medidas corruptas a fim de se manter no poder. Como se tratava de um governo ditatorial, ainda havia a importante questão da repressão e censura a população por parte do governo. Toda essa situação vai se agravar com a crise econômica que o país vai enfrentar no inicio do século XX.
Movimento revolucionário
Em 1910 acabava mais um mandato do então presidente, com as relações extremamente desgastadas ele havia dito que não tentaria a reeleição. Contudo, ao perceber uma movimentação política de seus opositores, Porfírio resolve voltar atrás e disputar as eleições contra Francisco Madero. Pela primeira vez em trinta anos, Diaz enfrentou uma oposição autêntica. Madero tentou se eleger democraticamente, lançando-se às eleições presidenciais. No entanto, não foi nada fácil acabar com o porfiriato: temendo a derrota, o ditador prendeu o seu opositor e mais uma vez se reelegeu.
Não aceitando a derrota por acreditar que o presidente havia fraudado as eleições, Madero foge da cadeia e parte para os Estados Unidos onde vai proclamar o Plano de San Luís Potosí. O plano consistia na convocação do povo mexicano para pegar em armas e lutar contra a posse de Porfírio Diaz. Os camponeses que já estavam descontentes com a política direcionada a eles, organizaram um movimento armado com o lema Tierra y liberdad. Liderados por Pancho Villa e Emiliano Zapata, pegaram em armas e ajudaram a derrubar Diaz para colocar Madero no poder. Entretanto, quando Francisco Madero assumiu o poder, ignorou a principal reivindicação camponesa e a sua principal promessa de campanha, a reforma agrária, o que acabou gerando indignação entre os trabalhadores rurais.
Zapatismo e a Reviravolta
Descontentes com Madero que não havia cumprido suas promessas eleitorais, uma boa parte da população vai se voltar contra o presidente. É nesse contexto que Emiliano Zapata lançou o Plano de Ayla. Polêmico, o projeto defendia uma reforma agrária imediata com a expropriação de 1/3 dos latifúndios e propunha que essa terra fosse distribuída entre a população, especialmente entre os indígenas. Além disso, defendia o confisco de bens daqueles que não apoiassem a reforma agrária e uma série de iniciativas que viabilizassem a produção agrária nos territórios confiscados.
Contudo, como toda boa novela, vai ocorrer uma reviravolta na revolução mexicana: Madero que estava cada vez mais pressionado, foi assassinado em 1913 por General Huerta que assumiu o poder. Zapata e Pancho Villa que eram oposição, se aliaram a Venustiano Carranza promovendo um movimento em defesa da constituição. Sem muito apoio, inclusive dos EUA que interviam constantemente na região a fim de defender seus interesses, Huerta decide entregar o poder.
Carranza ascende ao poder e passa a ocupar o cargo de presidente em 1916. Convocando uma Assembleia Constituinte, promulga uma nova constituição mexicana em 1917. Entretanto, as reivindicações tanto dos camponeses quanto de Pancho Villa e Emiliano Zapata são praticamente esquecidas no novo documento que sancionou a separação entre o Estado e a Igreja e o direito a propriedade privada. O documento sancionou algumas leis trabalhistas importantes e a nacionalização do solo e subsolo mexicano, mas não promoveu a principal reivindicação do campesinato: a reforma agrária.