Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

Unificações tardias

Neste primeiro momento iremos tratar do contexto do surgimento da unificação da Itália e como este tema é recorrentemente associado a unificação da Alemanha. Ambas são unificações tardias e também tinham um inimigo comum, o império austro-húngaro

Tentativas frustradas

Itália unindo forças

A luta dos italianos

A questão romana

A Itália esta pronta

Unificações políticas

Nacionalismo no século XIX.

O contexto revolucionário da Europa do século XIX levou ao aumento exponencial do sentimento nacionalista e da necessidade cada vez maior do liberalismo político e econômico como forças motrizes da constituição de novos territórios. Segundo o “Dicionário de Política”,

 

“Em seu sentido mais abrangente o termo Nacionalismo designa a ideologia nacional, a ideologia de determinado grupo político, o Estado nacional (v. NAÇÃO), que se sobrepõe às ideologias dos partidos, absorvendo-as em perspectiva. O Estado nacional geral o Nacionalismo, na medida em que suas estruturas de poder, burocráticas e centralizadoras, possibilitam a evolução do projeto político que visa a fusão de Estado e nação, isto é a unificação, em seu território, de língua, cultura e tradições.”  (BOBBIO, MATTEUCCI, PASQUINO. 1998, p. 1000)
 

Em boa parte das unificações europeias o que surge em um primeiro momento é o ideal de Nação, depois de unificado o território, seus governantes construíram meios para criar uma coesão nacional e o amor pela pátria, nesse processo os fatos históricos são muitas vezes ressignificados e utilizados a bel-prazer para a composição daquilo que é chamado de país. É necessário que haja uma origem em comum seja ela forjada ou não, visto que o que estabelece o sentimento de nação é o pertencimento a um povo, com um hino, uma bandeira, um passado, uma fronteira definida, uma língua oficial, entre outras coisas.

A fusão desses novos ideais nacionalistas vai casar com o processo tardio de unificação de vários países europeus na segunda metade do século XIX que buscavam se distanciar do retrocesso do Antigo Regime e se firmar enquanto uma nação moderna e desenvolvida baseada no advento da nova era da revolução industrial.

 

A unificação italiana

Ainda no século XIX, a Península Itálica se encontrava dividida em diversos reinos que em sua maioria estavam sob o domínio austríaco. Com a onda de revoluções no continente europeu, a região não vai ficar imune às influencias liberais e ao ideal nacionalista, principalmente durante e posteriormente a Primavera dos Povos, e vai gradualmente procurando formas de se libertar do domínio de outras potências europeias. Como as revoluções possuíam diversas ideologias, no caso italiano despontou três grupos principais que pretendiam que a unificação fosse feita por sistemas políticos diferentes:

  

  • Republicanos: defendiam a formação de uma república e possuíam influencia do líder Giuseppe Mazzini.
  • Monarquistas: defendiam a formação de uma monarquia (Casa de Saboia) e eram liderados por Conde de Cavour e o rei Vitor Emannuel II.
  • Neoguelfos: defendiam uma monarquia constitucional com a liderança do papado e eram liderados pelo Vincenzo Gioberti.

 

Conhecida também como Risorgimento, o processo de unificação vai contar com uma série de tentativas falidas, que emparelharam com as revoluções liberais dentro do continente. Esses movimentos liberais vão contar com a participação de sociedades secretas compostas basicamente pela burguesia que aspirava combater os ideais absolutistas como, por exemplo, a Carbonária. Depois de diversos conflitos que visavam à expulsão dos austríacos do território italiano e a consequente supressão deles pelo exército da Santa Aliança (lembra que falamos lá em cima sobre eles? Estavam atuando firme e forte na luta contra os liberais!), o ideal liberal e nacionalista continuou vivo.

A unificação vai começar a tomar uma forma concreta apenas em 1859, alguns anos após a subida do rei Vitor Emannuel II ao reino de Piemonte e Sardenha e a nomeação de Conde Cavour para primeiro ministro, que juntos promoveram uma modernização com investimentos no campo ferroviário, industrial e comercial, além de apostar em um fortalecimento militar. Somando todos esses fatores com a aliança feita com a França, a vitória na luta contra a presença austríaca na região ficou conhecida como a Segunda Guerra de Independência da Itália.

Se pelo norte, o exército comandado por Cavour garantia vitórias militares e a anexação de reinos, ducados e principados da península Italiana, pelo sul a conquista do projeto nacionalista era garantida por Giuseppe Garibaldi (é, ele mesmo, aquele da minissérie da Globo que lutou na Guerra dos Farrapos) e seu exército de camisas vermelhas, que defendiam a formação de uma república uma vez que participavam do movimento Jovem Itália que tinha em Giuseppe Mazzini um dos seus fundadores.

Depois de conquistar os reinos do sul, Garibaldi decide entregar o domínio da região para Vitor Emannuel II a fim de evitar uma possível guerra civil com a disputa de dois projetos políticos diferentes. Entretanto, a unificação total do território ainda possuía dois obstáculos: a conquista de Veneza e a ocupação dos territórios do papado que não aceitavam a invasão de suas terras.

No caso de Veneza, a solução veio com a Guerra Austro-Prussiana e a vitória da Prússia que havia sido apoiada pela Itália durante o conflito, facilitando a invasão e o controle da região. Já a questão com a Igreja Católica, só foi resolvida de fato com a assinatura do Tratado de Latrão em 1929. Em 1870, o Reino da Itália já estava unificado com a maior parte dos territórios que pertencem a sua configuração atual sob uma monarquia constitucional implantada e comandada por Vitor Emannuel II, restando somente o impasse com os Estados Pontífices e a anexação de algumas terras em 1919.