Dados biográficos
“A teus pés”: quatro livros
Geração marginal / escrita cerebral
Entre a confissão e a ficção
Literatura de mulher?
Ana Cristina Cesar
Professora, crítica literária e poeta, Ana Cristina Cesar nasceu no Rio de Janeiro, no ano de 1952, e corroborou para a literatura contemporânea no Brasil. Fazendo parte da literatura marginal da década de 70, antes mesmo de seu processo completo de alfabetização, já ditava seus poemas para suas mães, fato que a transformou rapidamente em uma grande autora do século XX. Aos trinta e um anos, em Copacabana, cometeu suicídio, deixando textos que viriam a ser publicados posteriormente, somente após a sua morte. Suas obras são de grande notoriedade, como "A teus pés", "Inéditos e dispersos (póstumos)", "Cenas de Abril", entre outros.
"A Teus pés"
Publicado em 1982, "A Teus Pés" é o último livro de Ana publicado em vida, e é o único também publicado por editora, reunindo os três livros anteriores publicados de maneira independente - Luvas de Pelica, Correspondência Completa e Cenas de Abril. De modo a apresentar a realidade urbana do contexto carioca cotidiano, a autora exprime as múltiplas facetas sentimentais do ser poeta, revivendo seu lado íntimo e delicado. Como característica de boa parte das obras que surgem a partir do Modernismo brasileiro, iniciado em 1922, a partir da Semana de Arte Moderna, as construções poéticas da autora tamb´me retratam fragmentação, sobreposição de cenas, bem como também a expressão interpretativa.
Como toda poesia marginal, a autora também utiliza da colagem de cenários e situações para exprimir sua visão, além de utilizar dois gêneros textuais compreendidos como inferiores para a literatura tradicionalista: diário e carta. Resgata, não só o coloquialismo da linguagem,muito influenciada pelos autores da pós-modernidade, como Guimarães Rosa, mas também aprofunda a interação que há presente entre o sujeito lírico e o leitor que há nas entrelinhas dos versos e escritos. De modo a mistrurar poesia com prosa, é possível, de primeiro momento, que o leitor compreenda que não estará diante de obras que se assemelham ao tradicionalismo, mas sim a uma incansável busca do "eu", em meio às adversidades do mundo moderno, que se espalham ao longo de diversos gêneros.