O realismo de Eça de Queirós
Aspectos gerais da obra
Desilusão e romaria
A viagem a Jerusalém
Desmascaramento e desfecho
Eça de Queiroz
José Maria de Eça de Queiroz, nascido em 1845, foi um dos mais importantes representantes da literatura portuguesa. Sendo filho de brasileiro e portuguesa, construiu, a partir do jornalismo que exercia em Lisboa, uma grande fama em suas obras, bem como também no movimento realista do cenário europeu. Em suas composições, é possível perceber grandes inovações na escrita, bem como também a presença de neologismos (utilização de novas palavras), que modificavam a sintaxe e atribuíam ao movimento uma nova perspectiva literária. Escreveu romances famosos, como "O Crime do Padre Amaro" e "A Relíquia".
A Relíquia
Em "A Relíquia", pode ser vista uma narrativa irônica e contemporânea, caracterizada pelo enredo da religião e de sua utilização para as pessoas no final do século XIX. Logo, já é possível ser apresentado ao personagem principal, Teodorico Raposo, uma vez que é narrado em primeira pessoa. O jovem moço, que vive com sua tia, Dona Patrocínio das Neves, vive em Lisboa e está no auge de sua juventude. No entanto, D. Patrocínio, uma senhora muito religiosa - e também muito rica - exige certos cumprimentos sobre a fé, que servirão de desculpa para uma viagem que o moço deseja fazer, mas lhe é permitido somente ir à Jerusalém, estudar mais sobre o cristianismo.
Ao longo da viagem, pode-se contextualizar a compreensão que Eça traz ao vivenciar a perigrinação à Jerusalém, bem como uma procissão, que transporta o leitor para um cenário similar ao julgamento de Cristo. Nele, é possível internalizar a análise do autor sobre as ironias que a religião prega, frente à bondade simplista que se tem da fé. Nessa viagem, que lhe foi pedido pela tia trazer objetos santificados da cidade, também conhece uma moça com quem se engraça e, quando está prestes a partir, ela deixa uma camisola enrolada em papel presente, como forma de agrado e saudosismo. Ao chegar em casa, Teodorico troca os presentes e dá para sua tia a camisola, fato que a faz ficar furiosa e expulsá-lo de sua residência.
"A Relíquia", então, retrata com muito humor as ironias presentes na construção da fé, bem como na hipocrisia social frente à utilização errônia dos preceitos religiosos. Muito vanguarda, o autor fora criticado por suas ácidas analises, mas até hoje possui tal obra como referência para o Realismo Português.