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Primeira Guerra Mundial – Introdução

A Primeira Guerra Mundial teve um grande impacto na História Mundial. A partir dela houve a transformação do conceito de guerra. Além disso, marcou o fim dos grandes impérios e a formação das novas nações europeias.

Primeira Guerra Mundial – Motivações

Atritos Pré Primeira Guerra Mundial

O Atentado na Bósnia.

A Guerra de Trincheiras

Os Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.

Conseqüências da Primeira Guerra Mundial

A primeira guerra mundial

Antecedentes da Grande Guerra. 

No período de 1914 a 1919 o mundo viveu os impactos da Grande Guerra, também conhecida como Primeira Guerra Mundial. Esse conflito trouxe importantes consequências e alterou a ordem geopolítica mundial, a partir da fragmentação dos grandes impérios e o surgimento de novos países. Apesar de ter eclodido no início do século XX, suas raízes residem no século XIX e é importante lembrar que o panorama de tensões se constrói lentamente.

O desenvolvimento de novas tecnologias, assim como a descoberta de novas fontes de energia deu início à Segunda Fase da Revolução Industrial, que foi marcada pela participação de novos atores como Estados Unidos, Alemanha e o Japão. Entretanto, esses novos países encontraram nas outras potências pioneiras um obstáculo para as suas expansões econômicas.

Com a crise do Antigo Regime e do velho modelo de colonialismo, os países industrializados precisaram encontrar uma nova forma de conquistar mercado consumidor e fontes de matéria prima, partindo assim para disputas por novos territórios que ficaram conhecidos como Imperialismo ou Neocolonialismo.

            A Era dos Impérios será marcada por um intenso processo de exploração e dominação dos continentes africano e asiático que tiveram seus territórios divididos por esses países na Conferência de Berlim (1885), onde as potências se reuniram para fatiar os novos territórios conquistados como uma tentativa de amenizar as tensões causadas pelas disputas territoriais. É essencial pontuar que esses países ocuparam esses territórios baseados em um discurso conhecido como o “fardo do homem branco”, que acreditava levar o progresso e a civilização um mundo considerado “selvagem”. Por trás dessa justificativa, a exploração comercial desses lugares vai estar ligada a uma série de teorias de eugenistas e racistas, como o Darwinismo Social.

Com a Unificação Alemã, a antiga hegemonia industrial inglesa começou a ser ameaçada. Os alemães conseguiram em um curto período consolidar um grande desenvolvimento industrial rompendo com a tradicional hegemonia britânica. Movimentos caracterizados pelo nacionalismo exacerbado, como o pan-eslavismo - união dos povos eslavos sob um único Estado - e o pangermanismo – união dos povos germânicos sob um único governo - cresceram exponencialmente e foram utilizados para justificar a necessidade de um exército regular e o fortalecimento de suas fronteiras.

Sentindo-se ameaçados com toda movimentação política e econômica, os britânicos saíram de seu isolamento político para firmarem acordos com a França. Esta, por sua vez, havia sido obrigada a ceder as importantes regiões da Alsácia-Lorena à Alemanha, após a derrota na guerra franco-prussiana, ocorrida no processo de unificação alemã. Tal episódio gerou o que chamamos de revanchismo francês.

Outro campo de disputas concentrava-se na região dos Bálcãs.  Em fins do século XIX, o Império Turco-Otomano perdia o controle sobre a região e dava espaço para que várias nações se declarassem independentes, fruto do crescente nacionalismo verificado na Europa.

Observando o desmembramento dos territórios, algumas potências vizinhas prontamente manifestaram interesse em impor seus interesses políticos naquele lugar. De um lado, a Rússia apoiou os movimentos pan-eslavistas que defendiam a formação de uma única nação entre os povos eslavos.  Havia, por parte dos russos, o desejo de consolidar influência política e econômica na região. Por outro lado, o Império Austro-Húngaro, com o apoio alemão, desejava construir uma estrada de ferro ligando as cidades de Berlim e Bagdá através do território balcânico.

Diante deste quadro de tensão, iniciou-se um período conhecido como Paz Armada, onde as nações, diante das crescentes tensões, investiram em recursos bélicos, em um exército regular, no recrudescimento de suas fronteiras e no sistema de alianças com outros países que possuíam interesse comum. Essas alianças políticas foram um ensaio para as coalizões que foram formadas durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que pode ser lido como uma continuidade do primeiro conflito.

Todo esse clima de tensão, corrida armamentista e de expansão tecnológica durante esse falso período de estabilidade levou ao desenvolvimento cultural no continente europeu causado também pelo êxodo rural proveniente do alargamento da urbanização e do crescimento das cidades. A chamada Belle Époque teve início por volta do fim do conflito Franco-Prussiano e durou até o surgimento da Grande Guerra, sendo essa fase marcada pelo progresso cientifico, médico, educacional e artístico, concentrado principalmente na França e, especialmente, em Paris.

 

A política de alianças.

Essas tensões geradas ao longo do século XIX levaram à formação das alianças político-militares. Visando ampliar suas defesas ou dominar territórios africanos e asiáticos com maior facilidades, as potências europeias realizaram alianças como a Liga dos Três Imperadores (Império Russo, Alemão e Austro-Húngaro – 1873). No entanto, em 1878, rivalizando com o Império Austro-Húngaro no leste Europeu, a Rússia abandonou a liga e, em 1882, o Império Alemão e o Austro-Húngaro se uniram ao Reino da Itália na formação da Tríplice Aliança.

Como resposta a essa formação, em 1894, Rússia e França costuraram a Aliança Franco-Russa. A mesma França, por sua vez, em 1904, criou com a Inglaterra a Entente Cordiale, que foi ampliada com a entrada da Rússia, em 1907, e a formação da Tríplice Entente.

O Império Russo, após a derrota para os japoneses na Guerra Russo-Nipônica (1904-1905), estreitou suas relações com a Inglaterra e a França, buscando apoio militar e econômico para precaver-se de eventuais conflitos em outras regiões de interesse, sobretudo nos Bálcãs. A Inglaterra, por sua vez, aliou-se à França porque temia o desenvolvimento bélico do Império Alemão e lutava para impor limites às pretensões de Guilherme II.

 Já na Tríplice Aliança, como visto, Alemanha e Império Austro-Húngaro, aliaram-se motivados pelos interesses nas regiões dos Bálcãs. A essas duas nações juntou-se a Itália, que queria lançar represálias à França em virtude da invasão da Tunísia, no noroeste da África, em 1881. Essa região era cobiçada pelos italianos, o que aumentava ainda mais a tensão entre as duas alianças. Quando a guerra estourou, em 1914, os exércitos que se mobilizaram estavam associados principalmente a essas seis nações.

 

O gatilho e as fases da guerra. 

O estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato de Francisco Ferdinando, arquiduque e herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, aliado da Alemanha. O arquiduque foi morto por um terrorista sérvio (Gravilo Princip) ligado ao grupo ultranacionalista “Mão Negra”. Para compreendermos o porquê do assassinado de Francisco Ferdinand, é necessário saber que ele era a principal figura que negociava os interesses germânicos na região dos Bálcãs.

Com o seu assassinato, as tensões entre os dois principais projetos nacionalistas para a região dos Bálcãs ampliaram-se.

 

  • 1ª fase: Guerra de Movimentos (Agosto a novembro de 1914).

A iniciativa da guerra partiu da Alemanha, que executou o Plano von Schilieffen, cuja estratégia consistia em atacar pelo Leste e defender-se pelo Oeste. A princípio, a guerra assumiu o caráter de “movimento”, isto é, o deslocamento de tropas e os ataques rápidos e fulminantes (isso abrangeu os dois primeiros anos da guerra).

 

  • 2ª fase: Guerra de Trincheiras ou de Posição (1915 – 1917).

Com a dificuldade de movimentação das grandes tropas e com a morte de muitas pessoas nos campos de batalha, graças aos novos armamentos, a guerra mudou. Se antes, os conflitos diretos poderiam acontecer em campos abertos, com armas lentas ou espadas, no século XX, isso não seria mais possível.

Com armas capazes de matar centenas de homens de uma vez, os conflitos da fase de movimentos se tornaram cada vez mais imóveis. Assim, a guerra assumiu o caráter de “posição”, ou seja, buscava-se preservar as regiões ocupadas por meio do estabelecimento de posições estratégicas. Para tanto, a forma de combate adequada era a das trincheiras.

Os soldados entrincheirados sofriam, impotentes, bombardeios e lançamento de gases venenosos, como a iperita (gás mostarda). Além disso, a umidade, o frio e as péssimas condições de higiene acabavam trazendo várias doenças. Dentre as principais causas de morte, além das armas de fogo, estavam a febre tifoide, o pé de trincheira e a malária. 

Em um curto espaço de tempo, as nações europeias necessitavam de enormes quantidades de alimentos e armas para o conflito. Nesse novo contexto, a necessidade de importação de produtos básicos se tornava cada vez maior. Assim, os Estados Unidos se tornaram um dos principais exportadores para a Europa, e passaram a conceder empréstimos às nações da Entente. Assim, mesmo que permanecendo neutro, o governo norte-americano exportava seus produtos apenas às nações integrantes da Tríplice Entente.

Entretanto, tais projeções mudariam de rumo no ano de 1917. Naquele ano, os russos abandonaram a Tríplice Entente com o desenvolvimento da Revolução Russa. Para as potências centrais, essa seria a oportunidade ideal para vencer o conflito. Não por acaso, os alemães puseram em ação um ousado plano de atacar as embarcações que fornecessem mantimentos e armas para a Inglaterra. Nesse contexto, navios norte-americanos foram alvejados pelos submarinos da Alemanha.

Nesse momento, a neutralidade norte-americana se tornou insustentável por duas razões fundamentais. Primeiramente, porque a perda das embarcações representava uma clara provocação que exigia uma resposta mais incisiva do governo americano. Além disso, a saída dos russos aumentava o risco da Tríplice Entente ser derrotada e, consequentemente, dos banqueiros estadunidenses não receberem as enormes quantidades de dinheiro emprestado aos países em guerra.

No dia 6 de abril de 1917, os Estados Unidos declararam guerra contra os alemães e seus aliados. Um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra foram utilizados para que a vitória da Entente fosse assegurada. Em pouco tempo, as tropas alemãs e austríacas foram derrotadas.

Em novembro de 1918, o armistício de Compiègne acertou a retirada dos alemães e a rápida vitória da Tríplice Entente. Ao final da guerra, o Tratado de Versalhes impôs à Alemanha vultosas medidas de reparação pelos danos causados pela guerra. Tais medidas contribuíram posteriormente para ascensão do Nazismo na Alemanha.