Revisão de estética
O naturalismo grego
A arte na Grécia antiga
A estilização medieval
A estética de Santo Agostinho
A estética de Santo Tomás de Aquino
A estética constitui-se como um dos principais campos de investigação e interpretação ao longo da história do pensamento filosófico. Ela tem suas raízes na Antiguidade grega, principalmente através do pensamento de Platão e de Aristóteles.
A estética é a área da filosofia que investiga, fundamentalmente, sobre a arte e o conceito do belo. A palavra “estética” vem do grego aisthesis, que significa – dentre outras coisas – “faculdade de sentir” ou “compreensão pelos sentidos”. Assim, as questões mais centrais da estética são: O que é a arte? É possível defini-la ou ela escapa a toda e qualquer definição última? Qual é o papel da arte nas sociedades humanas? Quais os seus limites? Já em relação ao conceito do belo, a estética tenta responder: A beleza pode ser definida? Ela se encontra no objeto observado ou no sujeito que a contempla? Como interpretar os padrões de beleza que surgem em dados contextos culturais? Veremos agora algumas das respostas possíveis a tais questões.
Para falarmos da estética grega antiga, devemos nos recordar do tipo de arte que, em geral, era realizado naquele contexto histórico. Trata-se da arte naturalista, em que a imitação da realidade constituía grande parte do trabalho dos artistas gregos. Como exemplo, podemos citar as esculturas gregas que imitavam os heróis olímpicos, como a famosa obra Discóbolo do artista grego Miron. Segundo Platão, a arte é entendida justamente como “mimesis”, ou seja, como “imitação” da realidade.
No entanto, para entender a estética platônica precisamos ter em mente sua famosa teoria das ideias, que afirma que há dois mundos: o mundo da ideias - onde se encontra a Realidade, a Verdade, a Essência de tudo o que existe, e o mundo sensível – onde observamos as cópias ou imitações dos modelos universais inteligíveis. Aplicando a teoria das ideias na compreensão da arte, Platão defende que o artista está a três pontos de distância da verdade, ou seja, que ele está muito longe de ter uma compreensão verdadeira sobre a realidade. Ele é apenas um imitador, um criador de “simulacros” e, portanto, deve ser expulso da cidade Ideal que Platão defende em sua grande obra, “A República”.
Com efeito, o artista imita as coisas do mundo sensível, por exemplo, um pintor pinta uma cama particular que ele observa, buscando a máxima perfeição em sua obra. No entanto, a cama que ele observa para imitar através de uma pintura é, de acordo com a teoria das ideias, uma cópia imperfeita da Ideia de cama. Conclusão: de acordo com Platão, o artista faz a cópia da cópia, ou seja, imita coisas (do mundo sensível) que já são cópias (do mundo inteligível). É neste sentido que o filósofo ateniense defende deve ser vigiada, controlada, pois o artista seria perigoso dentro de uma sociedade voltada para o conhecimento racional, como aquela imaginada por Platão.
Aristóteles, por sua vez, reconhece, juntamente com Platão, que a arte é “mimesis” (imitação). No entanto, ele tenta mostrar que, enquanto imitação, a arte pode ter um papel educativo positivo, diferentemente de Platão, que reforça o lado negativo da imitação, como algo que está aquém ou distante da realidade. Neste sentido, Aristóteles reconhece o valor da arte e nos remete, por exemplo, à forma como somos educados através da imitação, como todo o nosso aprendizado inicial, por exemplo, ocorre pela observação e pela imitação. Enquanto potência produtiva, portanto, a arte nos diz sobre como as coisas poderiam acontecer, nos fazendo refletir e aprender através dessas experiências estéticas.
Inicialmente na idade medieval não ouve interesse algum pela arte. A reprodução e representação da criação divina não foi aceita como possível. Entretanto, gradualmente, a igreja começa a utilizar a arte como recurso didático, sobretudo para fins religiosos, transmitindo os dogmas e doutrinando os fiéis. A Grande maioria da população era analfabeta e as artes plásticas se tornaram o principal meio de propagação e instrução religiosa.
A complexidade artística decai bastante, já que o fim de reproduzir a realidade com o máximo de perfeição possível deixou de ser um valor importante. Daí surge a estilização medieval, que consiste na simplificação dos traços, esquematização das figuras e abandono dos detalhes. Essa estilização conflite diretamente com a riqueza artística do naturalismo. O objetivo era menos a comtemplação e mais a instrução. A sensibilidade deixou de ser um fundamento artístico, que se racionalizou bastante.
Em Santo Agostinho a arte se torna uma instrumento de ordenação. O principal instrumento é a música, já que ele acreditava que ela tornava os ambientes e as pessoas harmoniosas. A beleza em Agostinho está profundamente ligada à ordem, isto é, à proporção, à hamonia e à medida. Daí também sua preferência pela música, já que esse tipo de expressão artística pode ser interpretado pela linguagem matemática. Para Santo Agostinho, a ordem presente no belo nos faz perceber a própria ordem do universo criado por Deus.
Já São Tomás de Aquino a beleza e a bondade de uma coisa são fundamentalmente idênticas. Se você vê algo que você considera belo, automaticamente você se sente bem. A partir dessa proposta São Tomás de Aquino descontrói a ideia de que não é possível, artisticamente, alcançar uma representação do belo a partir da obra divina. Se uma obra de arte é bela, ela é boa na mesma medida.
Para Aquino, havia três funçõesou princípios na arte. A primeira é a integridade ou perfeição, que afirmava que aquilo que não é perfeito não nos leva a um conhecimento positivo ou uma interação estética positiva. Não dá para considerar belo aquilo que não é perfeito. A segunda era a devida proporção ou harmonia. Nela há uma interação entre a arte e quem a contempla e essa interação deve ser harmônica e proporcial. As partes do belo se dispoem sempre de modo simétrico. A ultima função é a claridade ou luminosidade. A beleza tem um efeito para aquele que a contempla, produzindo um novo conhecimento e uma nova forma de entender o mundo.