O texto narrativo: introdução
Os elementos da narrativa
Elementos da narrativa (continuação)
O texto narrativo: análise de exemplos
Elementos da narrativa: o tempo e o espaço
Os elementos da narrativa: o tempo e o espaço (continuação)
Elementos da narrativa: o enredo
O texto narrativo
A narração é um tipo textual, também conhecido como modo de organização do discurso. Essa classificação tem como objetivo indicar as características presentes nesses textos, por exemplo, a estrutura, as construções frasais, a linguagem, o vocabulário, os tempos verbais, as relações lógicas de ideias e o modo de interação com o leitor. Um texto narrativo, portanto, tem como objetivo contar uma história a partir de uma sequência de ações.
Os textos que seguem uma tipologia narrativa possuem características em comum, são elas: o foco narrativo, o tempo, o espaço e o tipo de discurso utilizado.
O foco narrativo
- Narrador em 1ª pessoa (narrador-personagem): A narrativa é vista de dentro para fora, de acordo com as perspectivas do personagem, que é caracterizado, também, por meio das relações que faz, da linguagem que usa e de suas experiências.
- Narrador em 3ª pessoa (narrador-observador): Ele conhece todos os elementos da narrativa, dominando e controlando o modo de pensar dos personagens. Não há reconhecimento nem revelação de todo o ambiente por parte de quem narra e isso mantém o mistério e dá um certo limite ao leitor, além de não se intrometer muito na história.
Os tipos de discurso
- Discurso direto: Dá voz à personagem, confere mais rapidez e dinamismo à narrativa e possui enunciado em 1ª ou 2ª pessoa.
Exemplo:
“– Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
– Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura.”
(trecho do livro “Quincas Borba” de Machado de Assis)
- Discurso indireto: A fala do personagem passa a ter a voz do narrador. É ele quem reproduz a fala do personagem e possui enunciado em 3ª pessoa.
Exemplo:
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-la à fraca luz da masmorra, imaginava podiam ser onze horas.”
(trecho do livro “Triste Fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto)
- Discurso indireto livre: Há a mescla das vozes do personagem e do narrador, o que pode ocasionar certa confusão ao leitor.
Exemplo:
“O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de inválido, outro com um copo de St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» como diziam – não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo para chefe de Estado…”
(Trecho de “Os Maias” de Eça de Queirós)
O enredo
É o conjunto de fatos que se desenrola na história, os acontecimentos, intrigas, encontros. O enredo é a própria narrativa. Em sua estrutura lógica podemos identificar:
- Situação inicial: Começo da história e apresentação dos personagens e suas características, espaço e tempo.
- Complicação: Ruptura do equilíbrio inicial, surgimento do conflito e encadeamento dos fatos da narrativa.
- Clímax: Ponto alto do conflito, resultante dos encontro de vários conflitos entre as personagens.
- Desfecho: Solução final dos conflitos. Assim como na situação inicial, há novamente um equilíbrio no texto.
O tempo
Responsável pelo ritmo rápido ou lento da narrativa. Podemos ter dois tipos de tempo: o cronológico (passagem normal do tempo) e o psicológico (narrativa reflexiva, por dentro da subjetividade do narrador.
O espaço
O espaço pode ser real ou virtual. O espaço é classificado como real quando está no mundo que nós conhecemos. Podemos pensar também que, por exemplo, o mundo dos elfos é real dentro do contexto em que está inserido, pois os eventos da sua história acontecem nele. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele que modifica a realidade do que é narrado, ou seja, são espaços fora da realidade mais palpável: fantasias, sonhos, imaginação.