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O papel do Irã na geopolítica mundial

O professor Ricardo Marcílio fala sobre o papel do Irã na geopolítica mundial. Confira!

O Irã é um país muito importante em termos geopolíticos. Isso por alguns motivos. Primeiramente, é um país que passou por uma revolução, em 1979, de caráter popular, que transformou a monarquia autocrática vigente, até então comandada pelo Xá Reza Pahlevi, em uma república islâmica teocrática xiita. Isso alterou a relação do país com os EUA, o tornando uma das referências de resistência a influência ocidental americana no oriente, questão bem relevante aos países do Oriente Médio. Ele é um país situado no Golfo Pérsico, onde está 65% do petróleo no mundo. É um dos principais parceiros da Síria, que por sua vez é apoiada por países pró oriente como a Rússia e a China. O país controla o Estreito de Ormuz, uma passagem do Golfo Pérsico onde circula os navios de exportação do petróleo. Além disso, é o único país do mundo que tem a maior parte da população Persa, e a maioria da população é xiita.


Termos e Conceitos

Árabe: quem nasce na península arábica. Se refere há uma etinia.
Muçulmano: quem escolhe o islamismo como religião.
Persa: quem nasce na região relativa a antiga Pérsia. Também se refere há uma etinia.

Xiita, Sunita

Todos esses termos se referem a correntes da religião islâmica.

Xiita: assim como a vertente sunita, essa corrente surge quando Maomé morre, a partir da discussão de quem seria o seu sucessor, o novo Khalifa. Essa vertente acredita que apenas a linhagem da família de Maomé poderia assumir esse posto. Seu genro, Ali Bin Abu Talib era o nome cotado pois era ele quem escrevia os sonhos de Maomé no Alcorão, o livro sagrado.
Sunitas: já os sunitas falam que qualquer pessoa convertida pode se tornar um Khalifa. Por isso falam que os xiitas são mais radicais, por ser mais restritivos sobre a sucessão do profeta. Porém só 10% dos muçulmanos são xiitas e 90% são sunitas. Claro que existe mais interesse da população geral em se tornar o Khalifa. Além disso, a maior parte dos grupos terroristas são sunitas como Al Qaeda, o Estado Islâmico e o Boko Haram

 

A Guerra Irã x Iraque (1980-1988)

No Iraque, vizinho do Irã, cerca de 60% da população é xiita. Saddam Hussein, militar sunita, passou a temer que a revolução islâmica se alastrasse também no seu país. Com o apoio dos Estados Unidos e alegando questões territoriais, o Iraque declarou guerra contra o Irã. O conflito durou oito anos, causou mais de um milhão de mortes e fez o preço do barril disparar.

Primeira Guerra do Golfo

Sob a alegação de que o Kuwait estaria provocando a queda do preço do petróleo no mercado internacional, Saddam Hussein invadiu o país vizinho em agosto de 1990. Os Estados Unidos coordenaram uma formação militar internacional para atacar o Iraque e forçar sua retirada do Kuwait. Saddam Hussein permaneceu no comando do país por conseguir, de alguma forma, controlar as tensões internas entre sunitas, xiitas e curdos.

Segunda Guerra do Golfo

Em 2003, os Estados Unidos atacaram novamente o Iraque, iniciando um novo conflito. Alegando uma suposta produção de armas químicas de destruição em massa, a ação militar ignorou a resolução da ONU, contrária ao ataque. O líder Saddam Hussein foi capturado por tropas norte-americanas e entregue à justiça iraquiana, sendo julgado e condenado à morte em 2006. Somente em 2011, o presidente Barack Obama iniciou a retirada de soldados do Iraque, sem que a situação política estivesse pacificada.

Iêmen, Irã e Arábia Saudita

O Iêmen é um dos mais pobres países do oriente médio, e tem passado por uma explosão demográfica em função da urbanização crescente, com isso ocorre o envelhecimento da população, aumento da população jovem, o que está agravando a capacidade de prover emprego, educação e saúde para sua população. Além disso é um país estratégico por estar na rota comercial dos principais navios petroleiros do mundo árabe. Em 2011 com a primavera árabe a população jovem vai as ruas e derruba Ali Abdullah Saleh que passa o poder para seu vice, Abd-Rabbu Mansour Hadi, um sunita que passou a oprimir os xiitas da região, que começaram a protestar contra Hadi e tomaram a capital de Sanaa. O Irã, de maioria xiita, passa a apoiar os manifestantes e a Arábia Saudita, sunita e aliada aos EUA, Inglaterra e França, passa a apoiar o Hadi. O Reino Unido vendeu armas para os sunitas para tentar tirar os xiitas da região e devolvê-la para Hadi. Com isso começam, além da guerra e bombardeios, embargos econômicos e bloqueios comerciais, piorando a pobreza no Iêmen. O país contou por exemplo com uma epidemia de cólera entre 2016 e 2019, o que está bastante associado a precariedade do saneamento básico. Além disso, Barack Obama tinha fechado um acordo com o Irã em 2015 prometendo acabar com sanções comerciais se o Irã abrisse o país economicamente para investimentos ocidentais, e não produzisse arma nucleares. Trump rasgou esse acordo nuclear unilateralmente, alegando que eles tinham terroristas. Importante lembrar que o Irã é aliado de  Bashar Al Asaad (Síria), aos xiitas no Iêmen, além de frequentemente estar posicionada de maneira alinhada com Rússia e China, principais adversários geopolíticos dos EUA. A Arábia Saudita, apesar de ter um estado centralizado, não laico e islâmico, faz acordos com o mundo ocidental, assim como Israel, sendo os dois maiores pólos de entrada da influência ocidental no oriente, fato que motiva a ação de muitos grupos terroristas que são contrários a essa intervenção. Apesar do Irã ser contrário aos interesses geopolíticos americanos, é ele quem controla o Estreito de Ormuz, ou seja, a passagem de todo petróleo que sai do Golfo Pérsico.