Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

Disputas geopolíticas atuais no Oriente Médio e Ásia Central

O professor Ricardo Marcílio fala sobre as atuais disputas geopolíticas no Oriente Médio e Ásia Central. Confira!

Introdução

O Oriente Médio é uma área geográfica que inclui países como Turquia, Jordânia, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Iêmen e a região da Palestina, onde também se encontra o Estado de Israel. Apesar das diferentes etnias que ocupam essa região, existem alguns elementos em comum, como a língua árabe e a religião islâmica, que conectam alguns dos países nessa região. Todavia, a região também é berço das três maiores religiões monoteístas do mundo (cristianismo, islamismo e judaísmo).

A região possui duas grandes importâncias estratégicas. A primeira é que ela é considerada um nó geográfico, pois conecta Europa, Ásia e África. Outra característica relevante é a gigantesca riqueza no subsolo da região, a disponibilidade de petróleo. A região abriga cinco entre as dez maiores reservas de petróleo do mundo. Na segunda metade do século XX, o petróleo se tornou a principal matriz energética. Portanto, o controle de suas reservas passou a ser de interesse estratégico para as principais potências políticas mundiais e empresas.

Conflitos e Guerras

Guerra dos Seis Dias

Em 1967, contrários à criação do Estado de Israel, Egito, Síria, Jordânia e Iraque preparavam um ataque contra Israel. Porém, antecipando o conflito, a força aérea israelense lançou um ataque preventivo ao Egito, iniciando, assim, a Guerra dos Seis Dias. Em apenas seis dias, os israelenses conquistaram uma grande vitória, com o domínio da Faixa de Gaza, da Península do Sinai (Egito), das Colinas de Golã (Síria), de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia (Jordânia). Mesmo com a resolução posterior da ONU, em que Israel deveria devolver tais territórios, esses continuaram sob domínio israelense por um bom tempo e foram utilizados para barganhar o reconhecimento de seu Estado na região.

Esse conflito é importante para entender uma questão atual entre Síria e Israel. As Colinas de Golã ainda continuam sobre domínio de Israel o que é criticado pela Síria, que desde 2011 se encontra mergulhada em uma Guerra Civil. Assim, Síria e Israel são dois inimigos históricos na região. Por outro lado, Israel tem um histórico conflito com os palestinos que também ocupam a região. Recentemente Donald Trump autorizou a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. Tal fato foi muito criticado, pois os Palestinos têm a esperança de que com a futura criação de seu Estado, Jerusalém Oriental ocupada pelos judeus desde a Guerra dos Seis Dias retorne ao seu controle. Assim, ao transferir a embaixada para Jerusalém a mensagem deixada é que isso não irá acontecer inflamando a questão na região.

Guerra Civil da Síria

A Síria é cenário de um dos conflitos mais brutais do Oriente Médio contemporâneo. O país se encontra devastado e conta com um saldo de milhões de mortos desde o começo da guerra, que já dura mais de oito anos. O ponto de partida para essa questão é o fato de que a família al-Assad governa a Síria há quase 50 anos. Isso sem que os presidentes tenham sido democraticamente eleitos. O poder foi passando de pai (Hafez al-Assad) para filho (Bashar al-Assad), como se fosse uma herança. O governo é liderado pela família al-Assad, que pertence a um grupo étnico-religioso denominado alauita, adepto do xiismo. Isso desagrada a maioria da população, que se considera sunita. Em meados de 2011, por conta dos protestos da Primavera Árabe, civis sírios decidiram fazer manifestações contra o governo de Bashar al-Assad, o então presidente do país. Mesmo que todas as manifestações tenham sido pacíficas, o governo decidiu reprimir violentamente os civis. A partir daí, parte dos cidadãos sírios organizou e formou o Exército Livre da Síria para lutar contra as tropas militares do governo.

A situação se tornou cada vez mais complicada quando outros países, como Estados Unidos e Rússia, começaram a apoiar um dos lados da disputa. A presença do Estado Islâmico na região, que busca expandir seu domínio sobre o território sírio, complica ainda mais o conflito. A Guerra da Síria, além dos inúmeros mortos civis, dividiu o território em diversas áreas sob o domínio desses diferentes grupos, desestabilizou o país e criou uma onda gigantesca de refugiados (mais de 5 milhões de sírios abandonaram o país).

Atualmente, com o apoio militar russo ao governo sírio, a família al-Assad retomou o domínio sobre grande parte do território. O Estado Islâmico, enfraquecido e praticamente derrotado, domina uma ou outra área no território sírio. Em 2019, os Estados Unidos iniciaram a remoção de suas tropas da Síria.