Os aspectos naturais da Europa
Os aspectos humanos da Europa
Conflitos nas ilhas britânicas
Conflitos na Espanha e na Bélgica
Conflitos nos Balcãs
Aspectos naturais da Europa
A Europa é, muitas vezes, considerada um continente separado da Ásia pelos Montes Urais (Rússia), limitada ao sul pela cadeia montanhosa do Cáucaso, e a leste, pelo Mar Cáspio. Porém, na verdade, ela é uma península da Ásia, isto é, um prolongamento de terras do continente cercado por águas. Nesse sentido, a Europa tal como conhecemos é mais bem definida pela sua identidade cultural, associada ao mundo ocidental, do que pelas suas características geográficas físicas. Mesmo assim, é importante defini-las.
Mapa físico da Europa
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro. 2012.
Seu relevo litorâneo é extremamente recortado, com o restante do território sendo caracterizado por cadeias montanhosas (Alpes) e planícies, com algumas poucas áreas de planaltos. Na região ao norte da Europa, na Península Escandinava, observa-se uma formação relativamente antiga denominada Alpes Escandinavos. Essa região, somada à Planície Russo-Sarmática, apresenta um clima subpolar, com vegetação do tipo Tundra e Floresta de Coníferas.
A região central da Europa é caracterizada pela Planície Germano-Polonesa, pelo Planalto Central Russo, além da cadeia montanhosa Cárpatos. O clima predominante nessa região central é o temperado, diferenciando-se do temperado continental, nas planícies e planaltos centrais, e do temperado oceânico, no Mar do Norte e no Golfo de Biscaia. A vegetação é a clássica Floresta Temperada, cuja folhagem muda a cada estação do ano.
A região sul da Europa é caracterizada pelo litoral mais recortado do continente, famoso em filmes devido à Grécia e Itália. Mas também apresenta grandes formações montanhosas, como os Apeninos, os Alpes Dináricos e os Pireneus. Essas formações são, muitas vezes, resultantes do choque de placas tectônicas, o que faz com que a região apresente grande instabilidade tectônica, com terremotos e atividade vulcânica. O clima predominante nessa região é o mediterrâneo, com igual vegetação, caracterizada por garrigues e maquis.
Aspectos humanos da Europa
A Europa é considerada um continente povoado, o que significa que apresenta uma elevada densidade populacional, isto é, a relação entre população e território é muito alta, com seus 714 milhões de habitantes distribuídos por 10 milhões de quilômetros quadrados. Outro aspecto populacional sobre a Europa que merece destaque é a tendência de redução de sua população e o avançado estágio de envelhecimento.
Conforme já foi estudado em população e é evidenciado no gráfico abaixo, existem fases da transição demográfica pelas quais todos os países irão passar.
Fonte: https://4.bp.blogspot.com/
A Europa e a maioria dos seus países se encontram na quarta fase da transição demográfica, em que se observa baixíssima taxa de natalidade e elevada expectativa de vida. Tal condição explica o maior quantitativo de idosos do que jovens na população desse continente. Isso faz com que alguns países europeus comecem a apresentar um crescimento vegetativo negativo, isto é, países como Rússia, Ucrânia e Alemanha observam a diminuição de sua população. Mesmo assim, o continente apresenta crescimento populacional, possível devido à forte atração de migrantes, o que equilibra essa balança em alguns desses países.
Todavia, recentemente, uma preocupação sobre os imigrantes (um tipo específico de imigrante, o refugiado) se instalou no continente. Devido à Guerra da Síria, milhares de pessoas foram forçadas a procurar refúgio em outros países, geralmente países vizinhos, como a Turquia. Um pequeno fluxo desses refugiados buscou países europeus. Mas, devido às dificuldades econômicas enfrentadas por alguns países europeus desde a crise econômica de 2008, essa imigração é erroneamente mal vista, sendo alvo de ações xenófobas e preconceituosas, o que gerou uma crise migratória no bloco europeu, questionando, inclusive, o Acordo de Schengen, que possibilita a livre circulação de pessoas dentro de alguns países da União Europeia.
Xenofobia: mulher húngara que, durante trabalho de reportagem, agrediu refugiados
Fonte: https://www.publico.pt/2018/11/01/mundo/noticia/mulher-hungara-agrediu-refugiados-pontape-absolvida-1849571
Conflitos nas ilhas britânicas
As ilhas britânicas são formadas por um conjunto de ilhas cujo arquipélago principal é composto pela Ilha da Irlanda e pela Ilha da Grã-Bretanha.
Ilha da Irlanda (branco) e Ilha da Grã-Bretanha (verde)
Fonte: http://fernandodias.blog.br/
O Reino Unido é formado por Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte. Sendo assim, a Ilha da Irlanda foi dividida em duas, a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido. É sobre essa divisão e a ocupação da parte norte da Irlanda pelos britânicos que reside o principal conflito nesse arquipélago.
A partir do século XVI, os britânicos começaram a exercer forte influência sobre a Ilha da Irlanda, quando o governo britânico confiscou terras nessa região e as entregou aos colonos protestantes oriundos da Ilha da Grã-Bretanha. Esse fato nunca foi aceito pela população irlandesa, de maioria cristã.
Ao longo do século XX, a população católica da Irlanda do Norte intensificou as manifestações contrárias ao controle político e econômico exercido pela população protestante. Isso levou à divisão da ilha em República da Irlanda (Eire) e Irlanda do Norte (Ulster), em 1937. Na década de 1960, os conflitos na região se acentuaram, quando o Exército Republicano Irlandês (IRA – lrish Republican Army) começou a agir. Seu objetivo era acabar com o domínio dos britânicos sobre a Irlanda do Norte a partir da luta armada.
Membros do Exército Republicano Irlandês
Fonte: https://weeklyworker.co.uk/
Em 1998, foi assinado um acordo de paz que diminuiu as tensões entre as duas partes. Finalmente, em 2005, houve a confirmação de que o IRA, de fato, destruiu ser armamento, pondo fim a 35 anos de atividades terroristas do grupo.
Conflitos na Espanha e na Bélgica
As principais questões separatistas no território espanhol envolvem duas regiões autônomas da Espanha: Catalunha e País Basco. Ambos possuem tradições culturais distintas, com base linguística própria. Ambos os movimentos buscam maior autonomia dessas regiões, porém, seguiram por caminhos diferentes. Existem também outras questões separatistas, como da Galícia e de Valença, mas que não apresentam a mesma força.
Questões separatistas no território espanhol
Fonte: https://super.abril.com.br
A Questão Basca envolve também a França, por onde se estende o território ocupado pelos bascos. Todavia, na Espanha, essa questão não é pacífica, pois, durante a ditadura de Francisco Franco, os bascos foram impedidos de se expressarem em seu próprio idioma. A repressão franquista gerou um forte movimento nacionalista e a formação de grupos armados, como o Euskadi Ta Askatasuna (ETA – Pátria Basca e Liberdade). Seu objetivo era a independência do País Basco da Espanha e da ditadura de Franco e, para isso, realizava atentados terroristas. Porém, mesmo com o fim da ditadura e uma nova Constituição espanhola, dando maior autonomia à Catalunha e ao País Basco, essa luta armada continuou até 2010, sendo o ETA considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela Espanha. Em 2010, o ETA renunciou a luta armada e criou o partido Sortu, que pretende lutar pelo separatismo da região por vias políticas, seguindo o exemplo da Catalunha.
Membros do Euskadi Ta Askatasuna
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/
A Questão Catalã já envolve apenas os limites espanhóis e segue um caminho mais político. A partir de 1975, a Catalunha conquistou certo grau de autonomia política, podendo determinar algumas leis que só vigoram na região, além de ter um presidente próprio. O movimento separatista não realiza atentados terroristas, mas pressiona o governo a realizar uma consulta popular a fim de verificar o desejo de independência regional. A justificativa é que o dinamismo econômico catalão é benéfico para a Espanha, que arrecada muitos impostos, mas não repassa ou reinveste na Catalunha. Assim, em 2017, liderado pelo presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, foi realizado um referendo sobre a independência da região. O “sim” ganhou e o presidente buscou levar o resultado para o Parlamento. Porém, a Espanha logo se manifestou, informando que a autonomia dada com a Constituição de 1975 não possibilitava qualquer iniciativa unilateral de independência e, portanto, a votação era inconstitucional, gerando uma crise entre Madrid (capital da Espanha) e Barcelona (capital da Catalunha).
Manifestação de apoio sobre referendo para a independência da Catalunha
Fonte: https://www.rfi.fr/br/europa
A Questão Belga envolve uma tensão étnica e socioeconômica histórica entre duas comunidades da Bélgica. A região pode ser dividida entre o norte, que corresponde à região de Flandres e Bruxelas, de língua neerlandesa, e o sul, que corresponde à região de Valônia, de língua francesa. Acontece que a economia da região de Flandres é mais forte, enquanto a economia do território de Valônia é mais frágil. Tal condição, em momentos de crises econômicas, aliada às diferenças linguísticas, fomenta o movimento separatista na Bélgica.
Conflitos nos Balcãs
A Península Balcânica está localizada ao sul da Europa e, ao longo da década de 1990, foi palco de diversos conflitos, que resultaram em uma nova divisão territorial.
Iugoslávia, em 1949
Fonte: DURAND, M. F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva.
A formação territorial da Iugoslávia remonta ao período da Primeira Guerra Mundial, sob o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. É um país marcado por grande complexidade cultural e política e que, a partir de 1929, passou a ser denominado Iugoslávia (povos eslavos do sul). Incialmente, era composto por seis Repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro), além de outros grupos minoritários na região. A população era composta basicamente por três povos: os eslovenos (maioria católica), os sérvios (religião cristã ortodoxa ou muçulmana) e os croatas (católicos ou muçulmanos). Ocupada durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazistas, só recuperou o domínio do território em 1943, a partir da liderança do marechal Josip Broz Tito. Em 1945, foi estabelecida uma república socialista.
Marechal Josip Broz Tito e a bandeira da Iugoslávia, ao fundo
O país enfrentou, ao longo das décadas de 1980 e 1990, dificuldades econômicas, com o falecimento do general e, posteriormente, o fim da União Soviética, um dos principais aliados do país. Assim, em 1991, Eslovênia e Croácia declararam independência, seguidas da Bósnia-Herzegovina e Macedônia, ambas em 1992. O governo central, localizado na Sérvia, não aprovou a independência, alocando soldados para combater os rebeldes. Logo, diversos países europeus reconheceram os movimentos de independência na região, entretanto, o caso da Bósnia foi o mais complicado, levando a uma guerra civil até 1995.
Sérvia e Montenegro permaneceram unidos politicamente, constituindo o que restava da Iugoslávia. Em 2006, Montenegro se separou da Sérvia, ambos se tornando países distintos e pondo fim ao Reino da Iugoslávia. Em 2008, fruto de movimentos separatistas iniciados em 1998, Kosovo se autodeclarou independente. Tal fato não é reconhecido pela Sérvia, que reivindica tal território. A República do Kosovo tem reconhecimento limitado, sendo considerado um país independente pela metade dos membros da ONU.
Fragmentação da Iugoslávia – Atuais territórios, 2008
Fonte: DURAND, M. F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva.